31.5.06

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA) 13

Quarta-feira, 31 de Maio

O mês de Maio terminou da melhor maneira possível. Hoje Osaka sensei estava deveras inspirado. Foi um treino diferente de todos os anteriores, todos, desde sempre.
Foi um keiko digno de figurar como um dos segmentos de qualquer Kitamoto Summer Seminar. E sem recorrer a ji-geiko. Só waza. Waza puro e duro.

Infelizmente para esta crónica, no final, apenas fez um pequeno "acerto técnico" relativamente a um dos exercícios que executámos e que é muito difícil de explicar por palavras, sem ver... ok... ok... harai-men, mas executado no lado direito do shinai adversário (ura, a nossa esquerda), mas como se fosse omote, ou seja, de cima para baixo... da (nossa) esquerda para a direita e de cima para baixo.

Eu avisei...

Até sexta.

29.5.06

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA) 12

Segunda-feira, 29 de Maio

Parece mais do mesmo, tem a ver com o mesmo, mas é outra coisa.

O centro. É verdade, sempre o centro. Alguém está admirado? Claro que não.
As palavras do senhor Osaka hoje incidiram sobre o centro, sobre o domínio do centro mas referiam-se a um hábito que, normalmente as pessoas "menos experientes", chamemos-lhe assim, têm. Trata-se do hábito de executar, muitas vezes até bem, uma técnica e confundir o "passar", depois de fazer a dita técnica, com o "contornar o adversário" como se fosse uma chicane de F1 e continuar a direito depois.

Perder o contacto visual com o nosso adversário é dar-lhe vantagem. Em ji-geiko, quando se diz "men a passar" deveria dizer-se "men a chocar". Vai-se contra o adversário. Tchi... isto traz tanta coisa atrás... vamos lá ver se não me esqueço de nada:

Uma coisa é fazer kihon: o meu colega de treino vem contra mim, eu devo desviar-me e deixo-o passar. Se não, ele deve esticar os braços com mais força ainda e "atropelar-me". Como o sensei diz: "Sempre a apontar com o polegar da mão direita contra o meu nariz". Mas como é kihon, eu deixo passar.

Outra coisa é ji-geiko (e shiai) e era o que o nosso sensei referia hoje: contornar o adversário não é bom. Senão vejamos, lembram-se da "Santissima Trindade" do kendo: ki-ken-tai?

Então, eu faço uma técnica boa. Podia ser ippon, mas não foi. Porquê? Acertei bem no alvo e com a parte boa do shinai (ken); o timing e a deslocação do meu corpo foi perfeita (tai)... porque raio não marcaram se eu até passei depois da técnica?
Poderá ter a ver com o facto de ter contornado o meu adversário e não ter apresentado zanshin após a técnica? Cadê o ki? O ki não é só o kiai (que eu até posso ter feito, admitamos que sim). Mas, ao mesmo tempo, que raio de ki foi esse? Como é que se demonstra ki se se está de costas para o opositor? Não era ki era gargalo.

Nunca me esqueci de uma coisa que Osaka san disse uma vez em Évora. Dizia ele que apesar de atacar com ki-ken-tai no ichi, está sempre à espera que o adversário defenda e contra-ataque. E mais, tanto que está sempre à espera desse contra-ataque, que elegeu o seu lado direito como o lado para onde se desloca para contra-atacar o contra-ataque do adversário.
Chama-se a isso kôbô-ichi.

Moral da história: se o sensei Osaka tem a modéstia suficiente para achar que eu, por exemplo, vou ter capacidade de contra-atacar um ataque dele, no qual ele investiu o seu ki-ken-tai, não vos parece um bocado... hum... como dizê-lo... presunçoso, dar-se ao luxo de passar pelo adversário como se tivéssemos a certeza que fizémos um acto genial e que os árbitros a essa hora já estão com a nossa bandeira no ar?

Vocês wakarimassen o que eu quero dizer?

ATITUDES PARA COM O SHIAI (ADENDA)


Espectadores bem-comportados e compenetrados na competição durante o mundial de Glasgow em 2003.

28.5.06

TENHO UMA LÁGRIMA NO CANTO DO OLHO

Imagem Google-earth

O Nuno Ricardo mandou-me esta foto aérea da área de Kitamoto. Confesso que nunca me tinha lembrado de ir ao Google-Earth ver Kitamoto. Vi Kamakura e o seu grande Buda, vi Kyoto e o antigo palácio imperial, vi até o hotel em Tokyo onde fiquei... mas Kitamoto visto do céu... nem me tinha passado. Obrigado Nuno, mil vezes obrigado. É lindo, liiindo.

27.5.06

SE CALHAR FIZEMOS BEM

Éramos quatro: John, Paul, Ringo... não, éramos quatro: eu, o Luis, o Manel e o Paulo.
Éramos os únicos quatro representantes do kendo presentes na 10ª Demonstração de Artes Marciais da Ass. de Amizade Portugal-Japão. E, se calhar, até fizemos alguma coisa bem.

Eu passo a explicar:
Tinhamos sete minutos para fazer a nossa coisa. Já repararam como o tempo de demosntração tem vindo a diminuir ao longo dos anos?... Adiante, como é que se demonstra em sete minutos a paixão de uma vida? Simplifica-se... ao máximo.

Assim fizemos. Demonstrámos as técnicas base: men, kote, do, tsuki. Depois mostrámos que se pode fazer também a recuar em hiki-waza: Hiki-men/kote/do. Depois, depois... desatámos à paulada. Primeiro o Manel contra o Paulo e, depois, eu contra o Luis. Dois minutitos cada um e foi um "ver se te avias". Muito kiai e "muchas ganas".

Como é que sei que o nosso (modesto) contributo até nem foi mau? Acabámos, arrumámos a tralha e ficámos ali "a flutuar" à espera que aquilo acabasse para ir ao desfile final e depois, finalmente, para casa. A dada altura, um dos participantes de outra modalidade, vira-se para mim e diz-me:

"Ó mestre gostei muito, nunca tinha visto kendo assim."

E assim termina a história da nossa representação na 10ª Demonstração de Artes Marciais da Ass. de Amizade Portugal-Japão.

Para o ano devemos ter, sei lá, uns enormes três minutos para cada modalidade.

26.5.06

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA) 11

Sexta-feira, 26 de Maio

Hoje as palavras do senhor Osaka voltaram a incidir sobre o tema que lhe é mais caro. Infelizmente, parece que toda a gente continua a dar demasiada importância e, consequentemente, a pôr mais força na mão direita do que na esquerda.

O resultado? Segundo ele, dois:
1º - A mão direita não entra directamente pelo centro, mas sim, executa um "quase-arco" pelo lado de fora, pela direita.
2º - Óbvio: se não entra pelo centro, perde o controle do centro e fica vulnerável a suri-age (omote) e ao contra-ataque fácil que daí resulta.

Foi só.

Bom fim-de-semana, segunda há mais.

10º FESTIVAL DE ARTES MARCIAIS

É já amanhã, sábado, que se realiza o 10º Festival de Artes Marciais organizado pela Associação de Amizade Portugal-Japão e como sempre a APK estará presente.

O acontecimento terá lugar no Pavilhão do Casal Vistoso; por acaso, no mesmo lugar onde decorrerá, no próximo ano (de 27 a 29 de Abril) o 21º Campeonato da Europa de Kendo.

Para além, obviamente, de Kendo e Iaido, os espectadores poderão assistir, entre outras, a demonstrações de Aikido, Kyudo, Karaté, Judo e, pela primeira vez no festival (?), Kobudo.
É às 15 horas e à borla.

Não é o rock-in-rio mas... eu vou.

25.5.06

ATITUDES PARA COM O SHIAI 3

Espectadores e colegas de equipa.

Num torneio não é suposto dar-se apoio vocal ou conselhos, ou então assobiar ou gritar para incentivar os combatentes. Pelo contrário, devemos demonstrar o nosso apoio apenas através de aplausos. Espectadores e colegas devem ter consideração pelos competidores e pelos árbitros para que estes se possam concentrar apenas no shiai e no shiai-jo, permitindo, assim, que a gestão do torneio se faça sem sobressaltos. É compreensível que toda a gente queira dar aos competidores apoio e encorajamento, gritando e dando conselhos. No entanto, tal como dito anteriormente, todas as decisões devem ser tomadas exclusivamente pelos competidores uma vez que o shiai começa. Cada vez mais, deles é esperado que demonstrem força mental e gestão individual das situações de stress que experimentam durante o shiai.

A coisa mais enervante para um árbitro numa competição é um flash de uma câmara fotográfica. Percebe-se que se queira ter fotografias dos membros do nosso clube combatendo ou que queiramos alguém conhecido a tirar fotografias nossas enquanto combatemos, mas um shinpam pode perder um momento crucial do combate se for momentaneamente cego por um flash disparado no momento em que um dos competidores ataca. Competidores, shinpam, espectadores e os oficiais do torneio, todos devem ter a sensação que o torneio é uma experiência maravilhosa, que toda a gente pode e deve desfrutar. Bater palmas (apenas) e mostrar consideração pelo trabalho dos árbitros, são as atitudes que os espectadores devem adoptar (N.Tr.: um pouco como nos torneios de ténis).


Atitude correcta: colegas aplaudem o membro da equipa que está a combater;
Atitude incorrecta: treinador lança impropérios aos árbitros e combatentes adversários;


Nas competições por equipas, a atitude mais correcta é que os membros das equipas, o team-manager e o treinador assistam, ou esperem pelo seu combate, em seiza. No entanto, para evitar que os pés fiquem dormentes no instante de entrar no shiai-jo, é hoje costume que os acima mencionados permaneçam em seiza apenas durante os combates de Senpo e Taisho (ou quando há um combate de desempate); o elemento da equipa que combate em seguida espera em pé (claro que nada disto se aplica para as pessoas que têm problema em permanecer em seiza)
Nos combates por equipas é importante sentir-se totalmente envolvido quando se assiste ao(s) combate(s) de um membro da nossa equipa. Apesar de ter dito que os competidores devem ser capazes de gerir as situações do shiai individualmente, quando todos os membros da equipa se juntam “em um” e apoiam os seus colegas, é como se tambérm eles estivessem a lutar e o competidor sente a força deste apoio e isso fornece-lhe coragem e confiança.(...)
A vitória de cada um é a vitória de todos na competição de equipas.

Este texto é parte de “Atitudes para com o Shiai”. Um artigo da autoria de Sotaro Honda, 6º dan Renshi e Treinador da Equipa Britãnica, gentilmente cedido pela BKA - British Kendo Association
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24.5.06

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA)

Quarta-feira, 24 de Maio


Não houve treino em Lisboa, por isso, aqui fica mais uma imagem de jodan-kamae, desta vez pelo sensei Kanaki Satoru, 8º dan Kyoshi.

22.5.06

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA) 10

Segunda-feira, 22 de Maio

Receita de Frango Frito à Algarvia.

É muito fácil de preparar e muito saboroso.

O segredo é, antes de fritar o frango, dar-lhe uma boa cozedura só em água e (pouquinho) sal.

Como o frango de aviário não aguenta uma boa cozedura, de 45 minutos a 1 hora, pois desfaz-se todo, aconselha-se a que se use frango do campo.

Depois de cozido, desfaz-se o frango em bocados e frita-se em margarina.

Para dar um gostinho, pode-se também juntar à margarina um pouco de vinha de alho ou molho picante.

O caldo que sobra da cozedura pode-se usar para preparar um arroz seco (ou se preferir, um arroz de risotto) para servir com o frango.

Acompanha lindamente com cerveja bem geladinha.

Ah, sim... antes que me esqueça, o senhor Osaka hoje não foi treinar.

Bom proveito.

21.5.06

ATITUDES PARA COM O SHIAI 2


Competidores (antes, durante e depois do shiai)
Não é minha intenção discutir como combater num shiai. Isso depende de vós e de contra quem se combate. Além disso, todas as decisões devem ser tomadas pelo(s) competidor(es) assim que o shiai começa. Costumava acontecer que os professores (N.Tr.:dos liceus) estivessem constantemente a dar ordens aos seus alunos antes e durante o shiai. Isso era um acto que ignorava a autonomia e “ensombrava” o progresso e a continuidade natural do shiai e do torneio em curso. Pela minha experiência, hoje, tais actos parecem já não acontecer em torneios oficiais, mas ainda podem ser vistos em torneios de prática. Gostaria de discutir agora as atitudes que são esperadas dos competidores antes, durnate e depois de um shiai.

Independentemente do momento do shiai, a coisa mais importante é o auto-controle.

Como se pode controlar o adversário se não nos controlamos nós mesmos?

É necessário controlar a excitação para um nível mais baixo antes do shiai. É preciso que nos concentremos apenas na pessoa que está à nossa frente durante o combate.
Depois do shiai é necessário acalmar-se de novo e reflectir na maneira como combatemos. Deve-se também mostrar agradecimento e apreciação pela pessoa com quem se acabou de combater. É necessário aprender todas estas coisas se se deseja ser um bom combatente e aprender alguma coisa com a experiência.
Vou agora descrever estes conceitos mais em profundidade. O mais importante antes do shiai é, primeiramente, imaginar o vosso melhor kendo, incrementar a auto-confiança e focar toda a atenção nesse desafio particular (no caso de ser um combate de um torneio de equipas, o resultado global da equipa também deve ter sido em conta). Nesse momento, se se pensa demais em ganhar, perde-se a paciência e o mais certo é ser-se atraído para uma “cilada” do adversário ou começar a atacar sem tomar as devidas cautelas.

Mais vale perder um minuto num shiai do que o shiai num minuto.

Convençam-se que o resultado será satisfatório se derem o vosso melhor e se acreditarem nisso, mais do que em ganhar. É também importante saber contra quem se vai combater e como é o kendo do adversário. Sem dúvida que há pessoas que acreditam que não interessa quem vão enfrentar e que fazer o seu melhor kendo é a melhor aposta. Pensar desta maneira também é importante, especialmente para principiantes que apenas conseguem usar algumas (N.T.: poucas) técnicas e ainda não possuem grande visão táctica. Para os outros, recomendo que aumentem a sua concentração, que imaginem o vosso melhor kendo de acordo com o tipo de kendo do adversário e que criem tácticas antes do shiai (cuidado para não pensar em demasia e acabar confundido). Ao fazer estas coisas uma vez e outra, antes, durante e depois dos combates, começarão a aperceber-se do que pensar antes do shiai e quais a tácticas que precisam adoptar.

Em segundo lugar, durante um shiai, é-se muitas vezes obrigado a modificar as tácticas e a controlar o nível de stress. Claro que isso deve ser feito num instante. A habilidade para enfrentar essas situações não é algo que se adquira suficientemente ao fazer ji-geiko, mas que só pode ser adquirida ao participar em shiai e na experiência que se ganha ao ser colocado sob pressão.

O que os competidores se devem concentrar durante o shiai é: a) tentar tomar as melhores decisões e b) desempenhar ao seu melhor nível contra os seus opositores, em cada situação particular.

Um acto, como olhar para os shinpam para confirmar se alguém marcou algum ponto, não deve ser feito durante o shiai. Mesmo que pensem que marcaram um ponto perfeito, devem concentrar-se apenas no oponente até que ele desvie os olhos e o shinai para outro lado. Num shiai de alto nível, ambos os adversários tentarão controlar-se mutuamente e é muito difícil encontrar uma ocasião apropriada para marcar. Nessa situação, a vitória ou a derrota podem ser decididas por um pequeno erro táctico, (...) tal como uma desatenção desse género (N.Tr.: olhar para o árbitro) durante o combate.
É importante desenvolver a habilidade de manter a concentração durante todo o combate e de tomar as decisões apropriadas sob pressão, à medida que se ganha experência de shiai.

Em terceiro lugar, é também vital ganhar o hábito de reflectir acerca de como se combateu em cada shiai. No caso de ter o próximo encontro brevemente, recomenda-se que se reflicta de um modo breve e simplificado sobre o shiai anterior e se prepare para o próximo. Dá-se muitas vezes o caso de não nos lembrarmos como combatemos, se estávamos nervosos ou se se venceu um combate muito longo ou muito cerrado. (...) Nesse caso, seria ideal de pudessemos ver um video do combate. Se isso não for possível, peçam às pessoas que assistiram o seu comentário e pensem naquilo que eles vos disserem.

Num shiai há sempre vencedores e vencidos.

O que procuramos é ser bons vencedores e bons vencidos. (...) um bom vencedor significa alguém que combate com o espírito de Sei-sei-doh-doh (+ ou - : justo e honrado), é modesto e tem um conhecimento do significado de shiai. Mesmo que ganhe um shiai, conhece os sentimentos do vencido e nunca se gaba da sua vitória. Um bom vencido é alguém que não ganhou o shiai, mas que, mesmo assim, apresenta a mesma atitude e o mesmo conhecimento do bom vencedor.
Por outro lado, um mau vencedor é alguém que se gaba da sua vitória e um mau vencido, alguém que mostra a sua frustração por não ter vencido e que não consegue elogiar a vitória do seu adversário. Estas são pessoas que esqueceram a essência do shiai no kendo.

Só podemos fazer shiai e aprender alguma coisa com isso porque há outros competidores para combater, shinpam para arbitrar, pessoas que nos apoiam durante a competição; como as que apontam os resultados, medem o tempo dos combates, colocam as fitas de cores diferentes e muitos outros.
Nunca devemos esquecer o objectivo do shiai e devemos mostrar sempre o nosso agradecimento para com todos eles.

Este texto é parte de “Atitudes para com o Shiai”. Um artigo da autoria de Sotaro Honda, 6º dan Renshi e Treinador da Equipa Britãnica, gentilmente cedido pela BKA - British Kendo Association.

20.5.06

ATITUDES PARA COM O SHIAI 1

Sei lá onde é que roubei esta imagem... foi na net.

Introdução
Na série de artigos que se seguem, o shiai de kendo é examinado nos seus diversos ângulos. O kendo pode ser um desporto de competição ou um Budo, conforme a compreensão do kendoka acerca do shiai e da sua atitude acerca de combater, observar ou ser um apoiante durante o mesmo. Uma melhor compreensão e atitude para com o shiai deve permitir um melhor entendimento acerca da essência do kendo enquanto Budo e da relação entre os kendokas. O objectivo deste artigo (1ª parte) é examinar 1) o objectivo do shiai de kendo; 2) atitudes dos competidores; 3) atitudes dos espectadores e colegas e 4) atitudes dos professores para com o shiai.

1. O objectivo do shiai no Kendo
Shiai significa, literalmente, “testar mutuamente”. No kendo, shiai significa basicamente “testar qualidades, métodos, atitudes e espírito aprendidos e adquiridos durante o keiko, com(ntra) outrém numa situação de competição.” Inoue (1994, pág. 162) explica: “O objectivo do kendo moderno é refinar/aperfeiçoar o nosso coração que é invisível através do treino de waza que são visíveis. O shiai no kendo deverá ter lugar em paralelo com esse objectivo.” Nós, como kendokas, devemos assim reconhecer o Shiai como uma oportunidade importante para desenvolver as nossas capacidades e adqurir as atitudes correctas perante o mesmo.

A atitude dos praticantes mais jovens, cujo objectivo é vencer a todo o custo, é frequentemente criticada no Japão. (...) É claro que não há nada de errado em querer vencer durante o shiai e, por outro lado, não é de bom tom para com o oponente, combater sem dar o seu melhor. Tal como mencionado anteriormente, no entanto, procurar desenvolver a habilidade para vencer e desenvolver a compreensão da essência do kendo e da nossa própria personalidade, tudo isso está estreitamente relacionado com o conceito de shiai, de como praticá-lo e de como encarar os resultados do mesmo. Assim, pode-se dizer que há normas de comportamento (que são esperadas da nossa parte) quando damos o nosso melhor para vencer no kendo enquanto budo.

Este texto é parte de “Atitudes para com o Shiai”. Um artigo da autoria de Sotaro Honda, 6º dan Renshi e Treinador da Equipa Britãnica, gentilmente cedido pela BKA - British Kendo Association.

19.5.06

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA) 9

Sexta-feira, 19 de Maio

"Tsuba-zeriai não é para descansar."

Foram estas as primeiras palavras que Osaka san nos disse no fim da aula de hoje.

Muitos de nós, segundo ele, fazemos um ataque men, por exemplo, e em seguida "abancamos" em tsuba-zeriai e ficamos a engonhar.

Ao contrário do que muita gente pensa, tsuba-zeriai também não serve para empurrar o adversário para ver quem tem mais força. Pelo contrário e como o sensei referiu depois, se se faz combate com um francês ou espanhol ou assim, a coisa que se nota é que eles fazem tsuba-zeriai o menos tempo possível e partem o mais depressa possível para hiki-waza.

A sensação que sempre tive é que o nosso sensei não gosta nada de tsuba-zeriai. Não é assim, não é que não gosta... é como se fosse... um mal necessário. Aliás, qualquer pessoa que já tenha feito ji-geiko com ele com certeza reparou que qualquer situação de tsuba-zeriai com o senhor Osaka, nunca chega aos 15 segundos. Não? Nunca repararam? Mal toca com as luvas nas luvas do outro, finta e... bang.

Tanto que, como demonstrou depois, muitas vezes é preferível fazer crer ao adversário que vamos "para" tsuba-zeriai com ele e quando ele baixa a guarda à espera de um choque luvas, nesse momento, a meio do caminho, paramos o nosso movimento e arrancamos em "marcha-a-ré" fazendo hiki-kote/men.

E assim foi. Conciso como sempre mas, como sempre, muito útil.

Abayoooo.

JODAN


Foto encontrada no mesmo sítio que outras.

É uma kamae tão... tão... uaaa que decidi que, a partir de agora, sempre que encontrar uma foto de jodan-kamae que eu goste, vou publicá-la. Mais nada.

17.5.06

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA) 8

Quarta-feira, 17 de Maio

A edição de hoje de "A palavra do senhor (Osaka)" é muito especial e isso acontece por dois motivos:

Primeiro porque abordou um tema que me é muito querido, na falta de melhor expressão, e segundo porque durante uma grande parte da aula estive numa posição privilegiada: durante todo o mawari-geiko dedicado (quase) exclusivamente a kiri-kaeshi, fiquei naquela posição "do que não roda"; para que todos possam fazer com todos tem de haver um que "não roda". Fui eu, mas já lá vamos.

Primeiro, o primeiro motivo: depois de voltar (de novo) a insistir connosco acerca da posição da mão esquerda, o senhor Osaka disse-nos para abordarmos cada ataque durante o kirikaeshi, mas sobretudo o último men, como se de IPPON se tratasse. O último men então, deve ser perfeito. Em força, em colocação, ki-ken-tai, sae, datotsu... tudo.
TUDO deve ser perfeito, ou seja, IPPON.
Em seguida, falou do movimento dos pés durante kiri-kaeshi. E esse é o tal motivo que me é muito prezado. Referiu que o movimento deve ser linear e que, mesmo que se use aquele sistema dos "saltinhos" quando se faz depressa, cada passo dado para a frente deve ser do mesmo tamanho de cada passo dado para trás. O porquê este tema ser muito interessante para mim tem a ver com kata, mas isso agora não interessa nada, adiante para o segundo motivo.

O segundo motivo que faz deste "A palavra do senhor (Osaka)" muito especial é que, como disse, na posição em que fiquei, colocado um dos extremos da fila, tive a sorte de ficar no extremo onde o sensei também permaneceu e onde corrigiu toda a gente que por lá passou a fazer kiri-kaeshi. E todos lá passaram. E todos fizeram kiri-kaeshi... comigo... para, logo a seguir, serem corrigidos pelo que tinham feito. Foi uma lição de kiri-kaeshi aplicado fenomenal. E eu, na primeira fila, a ver.
Claro que seria impossível dizer-vos tudo o que ele referiu, mas, mas houve duas coisas que Osaka san insistiu particularmente:

1 ) - O kiri-cóptero, como eu lhe chamo, que acontece quando NÃO SE CORTA MOVENDO AMBOS OS BRAÇOS DE CIMA PARA BAIXO .

2 ) - A machadada, que acontece quando não se coloca a mão direita (como, aliás, deve ser) mais próximo da tsuba mas, erradamente, a meio da tsuka.

Enfim... pois... foi isto.

Para o próximo dia tenho um feeling que ele vai falar de hiki-waza.

Domo arigato gozaimastéééé.

WALLPAPER "ARTÍSTICO"


Já que estamos numa de flexibilidade aqui deixo uma sugestão, um pouco mais artística é verdade, para um wallpaper diferente, quiçá, bué de... yah.
Enfim, é só clicar e copiar e voilá: um wallpaper lindo.

AAAAU (OU: COMO É FLEXÍVEL O MEU SHINAI)


Imagem subrepticiamente gamada de um site qualquer
de um clube de kendo qualquer
de uma universidade qualquer em Tóquio.

Não é tão espectacular como o outro que toda a gente já viu, mas este tsuki, não é por nada, também deve ter doído bastante.

15.5.06

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA) 7

Segunda-feira, 15 de Maio

O treino hoje foi bastante técnico. O sensei Osaka chegou cedo e começámos, logo após o aquecimento, a fazer kihon, muito kihon (muito mesmo); "enfiámos" o equipamento e continuámos com o kihon: kiri-kaeshi (bué), men, kote-men, taiaitari(s) e por aí fora, e apenas um bocadinho de ji-geiko (dois combates) no fim.

Depois do treino, o sensei Osaka, que estava um bocado parco de palavras, disse-nos apenas que os kiri-kaeshi (de toda gente) ainda precisam de ser mais apurados. Com a inevitável mão esquerda a terminar... hum... bom, sempre ao centro!

Referiu que o mesmo se passava com (os) shomen-uchi e saudou-nos.

Domo arigato gozaimasté.

KEN

Eis um excerto (quase 8 minutos) do filme Ken, realizado em 1964 por Kenji Misumi e baseado numa novela homónima de Yukio Mishima.

Nunca tinha sequer ouvido falar da dita novela, mas sendo Mishima e metendo rapazinhos à mistura, das duas uma: ou algum deles se apaixona por outro ou algum deles se suicida no fim... ou ambas.
Má língua à parte, valem as imagens, num preto e branco muito bonito, de uma elegância muito sixties.

Um estágio de kendo para jovens do liceu, no Japão dos anos sessenta era assim:

http://video.google.com/videoplay?docid=-2664084110146848999

13.5.06

MENINOS CONTRA MENINAS 2

Até tremo quando penso no que vou escrever.
Será que vão pensar que me estou a armar aos cucos? Parecerá muito pretencioso o que vou dizer? Vão entendê-lo como um ataque pessoal?
Dois dedos de reflexão (não muito profunda) e decido que me estou nas tintas para o que possam pensar. Afinal, sempre me estive nas tintas para o que os outros possam pensar.
Entre preocupar-me com o que pensam acerca de mim e desabafar acerca de qualquer coisa que me rói o espírito, o desabafo acaba sempre por levar vantagem... com as inevitáveis chatices e mal-entendidos que isso muitas vezes acarreta, mas... que se lixe, cá vai.

Vou contar-vos um episódio, testemunhado por alguns colegas, que me aconteceu durante o último estágio do senhor Ariga, aqui em Lisboa.

Durante um kihon-waza, aquele em que motodachi fazia sayü-men e kakarite partia mais tarde, fazia sho-men e interceptava o bokuto do primeiro, calhou-me um rapaz que não conheço e que estava a fazer aquilo tudo torto e atrapalhado. Até aí nada de mal, ninguém nasce ensinado. Durante várias repetições tentei ensinar-lhe como deveria fazer o exercício. Em vão. Mas qual não foi o meu espanto, quando perante a minha insistência em ajudá-lo recebo uma resposta cujos termos nunca esquecerei. Disse-me ele:
- Oh pá, tá lá calado que já não te posso ouvir.

Onde é que eu quero chegar com esta conversa toda? Aqui: a transmissão de conhecimentos no kendo não se rege pelas mesmas regras a que estamos habituados. O ensino numa aula de kendo não é como o ensino de uma aula de liceu ou de faculdade. Se alguém me está a facultar ensinamentos acerca de algo que eu estou a fazer, no kendo, só duas hipóteses:

a) - Sim. Concordo com o que esse alguém me diz. Saúdo e agradeço a sua atenção;
ou
b) - Não concordo com o que esse alguém me diz. Saúdo e agradeço a sua atenção;

A gestão do que me foi dito fica para depois e é um acto individual.

De qualquer maneira, exceptuando a fase inicial do ensinamento, a aprendizagem do kendo, e das artes marciais japonesas em geral, não segue um percurso pré-determinado. Pelo contrário, e porque é baseado na prática e não na teoria (a teoria é "apenas" um resultado da prática), é um ensino pontual, chamemos-lhe assim, feito de pequenos "remendos técnicos", aparentemente incoerentes, destinados a progressivamente tapar as lacunas, à medida que estas vão surgindo.

Tudo isto para dizer que as escolhas de um mestre de uma arte marcial, sejam elas decidir que não vai haver equipa feminina ou que as meninas, se quiserem fazer shiai, têm de fazer contra os meninos, são, na minha modesta opinião, tomadas tendo em conta uma série de factores os quais muitas vezes, a nossa mentalidade ocidental e descartiana tende a não apreender pela falta de linearidade que as mesmas muitas vezes contêm.

O problema não é se tem de haver uma equipa feminina. O problema é: faz sentido haver uma equipa feminina? Neste momento, parece-me que não.

Machista. Grita-se um pouco por todo lado.

Não. E eu digo-vos porque acho que não. A primeira vez que o sensei me perguntou se eu não estaria interessado em ir a uns campeonatos da Europa, já eu tinha completado seis anos de treino. Seis. Serei burro. Ok. Mas pela lógica corrente na cabeça de certas pessoas, posso alegar que a situação era perfeitamente igual à das raparigas, hoje.
Nessa altura éramos tantos a treinar regularmente que cheguei a fazer (vários) treinos em que éramos eu, o Alex e o sensei.

Pergunta: porque éramos poucos eu tinha automaticamente direito a ir aos campeonatos? (E eu era um dos mais assíduos...)

Doa a quem doer, deve-se ir a campeonatos quando se está preparado.
Isso significa, em termos muito mais simples, quando o sensei, acha que estamos preparados. E, perante a sua decisão, só nos restam as tais duas hipóteses:

a) - Sim. Concordo com o que ele decidiu. Saúdo e agradeço a sua atenção;
ou
b) - Não concordo com o que ele decidiu. Saúdo e agradeço a sua atenção;

Ah, e pode bem acontecer que ele hoje ache que sim e daqui a um ano/mês/dia ache que não. A lógica japonesa é assim. Não há lugares cativos, meus amigos... isso é nos estádios de futebol, não é no kendo.
Dói? Acreditem, eu sei que dói. Doeu-me durante quatro ou cinco anos, mas é assim mesmo. Faz parte do kendo.

Como diz o senhor Osaka: "Paciência".


12.5.06

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA) 6

Sexta-feira, 12 de Maio

Pois é, antes de mais nada deixem-me que lhes diga que estou cada vez mais convencido que tudo-tudo-tudo no kendo gira em torno do controle do centro do combate. Não é por acaso que o sensei nos diz para fazer o kirikaeshi com a mão esquerda bem ao meio, para exercer seme sobre o shinai (e sobre o centro) do adversário enquanto se avança ou para apontar o polegar direito na direcção do nariz do opositor quando (e depois de) se executa(r) men.

Tal como não é por acaso que, com hoje ele nos disse, um bom (chudan) kamae depende muito da convicção com que a mão esquerda de mantém, adivinhem onde, ao centro. Segundo ele um bom kamae deve manter a mão esquerda firme ao meio. Se a mão esquerda estiver firme as acções sobre o shinai (harai-waza) têm muito menos hipóteses de ser bem sucedidas.
Um bom kamae intimida o adversário. Como ele dizia hoje, a maior parte das vezes que faz ji-geiko com alguém percebe logo se o combate vai ser difícil ou fácil mediante a firmeza do kamae do opositor.

Para terminar, querem a receita para um kamae bem firme?

Segundo Osaka sensei basta fazer a primeira coisa que se aprende no kendo: segurar o shinai e fazer força só com os três últimos dedos da mão esquerda.

Bom fim-de-semana.

MENINOS CONTRA MENINAS

O escândalo rebentou.
As meninas vão combater contra os meninos no próximo torneio de Coimbra. Oh consternação, oh machismo. Nunca tal coisa se viu em lado nenhum no mundo. Não? Talvez fosse melhor fazer-se uma busca mais aprofundada antes de se começar a dizer disparates. Só assim de memória lembramos que, por exemplo:

Na Kurasawa Cup as equipas são mistas, os meninos combatem contra as meninas.
Na Nakakura Cup as equipas são mistas, os meninos combatem contra as meninas.
No Paris Taikai as equipas são mistas, os meninos combatem contra as meninas...

Os exemplos podiam continuar, mas a ideia não é essa e para que não se pense que essas terríveis barbaridades só acontecem na Europa aqui ficam as palavras de Karukome Mitsuyo, uma senhora japonesa, 7º dan kyoshi, acerca dos seus tempos de jovem-menina kendoka, numa entrevista concedida à revista Kendo World:

"Havia poucas raparigas a fazer kendo na altura. Acho que nem devia chegar aos 10%. Os meus adversários nos exames de graduação de kyu eram sempre rapazes e, devido ao pequeno número de raparigas, o shiai (...) também era misto."

A situação da senhora Mitsuyo faz-me lembrar alguma coisa, mas o que será?

10.5.06

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA) 5

Quarta-feira, 10 de Maio

O domínio do centro durante o combate.

Podia ser esse o título do post de hoje. E foi precisamente sobre isso que o sensei Osaka nos falou no fim do treino. Nomeadamente sobre a necessidade de "não abrir" a guarda antes de um ataque. Pelo contrário, deve-se sempre manter o nosso shinai junto ao do adversário "ao percorrer o caminho" para executar um bom men.

Quer se escolha fazer omote ou ura, ao manter o shinai junto ao do oponente exerce-se pressão quando se avança, o que por sua vez, digamos assim, aumenta o nosso domínio durante o referido percurso.

Esse conceito pode ser também aplicado de uma maneira mais "shiaieira", competitiva, ao fazer como Osaka sensei demonstrou a seguir, executando por exemplo, kote do lado de dentro do pulso direito do adversário. Exacto, do lado esquerdo do pulso direito, ou seja, por dentro do kamae do opositor. Claro que o objectivo nunca será marcar kote, mas simplesmente incrementar o domínio do centro, para a seguir fazer men (uma espécie de harai-men, só que executando o harai, não no shinai, mas no pulso do opositor).

Wakari massén?

E sexta há mais.

UM ESTÁGIO DE KENDO "COMO DEVE SER" 2

Toda a informação necessária (estágio, preços, alojamento,etc) está, agora sim, disponível em:
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9.5.06

O "OUTRO" TE-NO-UCHI

Tenho andado a fazer umas experiências durante as aulas com o te-no-uchi alternativo (TA) que o sensei nos sugeriu no outro dia (ver post A palavra do senhor (Osaka) 2). Dessas experiências duas coisas saltaram-me imediatamente à vista.

Uma positiva (creio) e outra negativa (tenho a certeza).

A positiva é que ao executar nidan-waza como, por exemplo, kote-men o tempo de intervalo entre as técnicas me pareceu consideravelmente reduzido.
Quer isto dizer que, talvez pelo esforço colocado (de cima para baixo) sobre o pulso da mão direita, o espaço até ao men parece ser percorrido mais rapidamente, uma vez que o referido esforço evita que a ponta do shinai suba demasiado, ou pelo menos, suba tanto como subia antes, entre os gestos.

A parte negativa deste TA, para já, centra-se no problema de, devido à falta de hábito (?), haver uma tendência natural para contrair os braços/ombros, o que provoca naturalmente uma perda de qualidade na postura. Além de poder contribuir para que o braço esquerdo não fique devidamente esticado.
O ideal seria conseguir mudar para este TA, no caso de kote-men por exemplo, apenas a meio do caminho, a partir do kote em diante.

8.5.06

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA) 4

Segunda-feira, 8 de Maio

Basicamente o que Osaka sensei referiu foi a necessidade de, mesmo cansado, e depois de um treino bastante vigoroso (vigoroso o tanas, foi agreste, mesmo) como foi o de hoje, tentar fazer sempre os últimos exercícios bem feitos.
Quer se trate de kirikaeshi ou de kakarigeiko é preciso fazer bem (o não quer dizer depressa; quer dizer: bem)
Mesmo que seja difícil é preciso um esforço extra; a princípio é sempre difícil mas depois os progressos tornam-se mais visíveis.

Como Miyamoto Musashi escreveu:

A princípio será difícil,
mas as coisas são sempre difíceis
a princípio.

Aí está. Até quarta.

7.5.06

4º TORNEIO (INVITATIONAL) AJKF PARA 8ºs DAN

Futagoishi vence Toyomura na Final.

O 4º Torneio da All Japan Kendo Federation para 8ºs Dan teve lugar em Nagoya, no Nakamura Sports Center, no dia 16 de Abril de 2006.

Sueno sensei, Hachidan (foto Usagi san)

Sueno sensei (na foto acima) que tinha ficado em 1º lugar há dois anos atrás, este ano perdeu na meia-final com o vencedor e “não conseguiu melhor” do que um terceiro lugar.

Os resultados finais foram os seguintes:

1º Lugar - T. Futagoishi ( Hyogo )
2º Lugar - A. Toyomura ( Tokyo )
3ºs Lugares - E. Sueno ( Kagoshima ) e M. Mataki ( Kagoshima )

O combate final está nestes links, dividido em 3 partes. A 1ª parte posso dizer-vos que só tem a entrada no shiai-jo dos combatentes. A 2ª tem 109 megas e é onde está o kote da vitória. Na 3ª parte, basicamente, encontramos Toyomura a debater-se, em vão, na tentativa de empatar e pesa 63 megas. Divirtam-se.


Parte 1

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Parte 2
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Parte 3
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Este combate foi gravado e colocado à disposição do mundo por um membro do forum kendo-world cujo nome artístico é Junaid.

5.5.06

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA) 3

Sexta-feira, 5 de Maio

Hoje a prelecção de Osaka sensei centrou-se (é a palavra) sobre a mão esquerda durante kiri-kaeshi. Mais uma vez chamou-nos a atenção para as duas coisas mais importantes do referido exercício. A saber:

- No momento do corte/impacto a mão esquerda deve estar (sempre) ao centro.

- A mão deve terminar o movimento ao centro mas não pode ficar fixa enquanto o shinai se move de um lado para o outro (ou seja, não fazer o famoso "kiri-cóptero"); deve sim, subir e cortar de cima para baixo na diagonal (exemplificou de um lado) e terminar ao centro e depois subir de novo e cortar de cima para baixo na diagonal (do outro lado) e "terminar sempre bem ao centro" (sic).

Depois disse apenas:

- Domo arigato gozaimasté.

E cada um foi à sua vida.

IMAGENS DE BOKUTO NI YORU KENDO KIHON-WAZA KEIKO-HO

Imagens de bokuto ni yoru kendo kihon-waza keiko-ho
retiradas do site referido.

Quem estiver interessado nos (extremamente úteis) exercícios com bokuto criados recentemente pela ZNKR pode encontrar uma boa descrição, e umas más fotografias, aqui:
http://www.mushinkankendo.com/kendo_kihon_waza.html

4.5.06

MEMÓRIAS DE UM FIM-DE-SEMANA GRANDE NO ALGARVE

Nada de especial, pois
(infelizmente) o Algarve tem
um grande problema:

NÃO HÁ KENDO NO ALGARVE.

Ao fim-de-semana, o kendo mais próximo tá a 200 e tal quilómetros... em Sevilha.

3.5.06

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA) 2

Quarta-feira, 3 de Maio

Hoje o senhor Osaka disse-nos, no fim da aula, que tinha lido no livro do Miyazaki Masahiro que, por acaso, até fui eu e Nuno Serrano que lho oferecemos este Verão em Tóquio, tinha lido, dizia, que havia uma outra maneira de fazer te-no-uchi para se fazer um bom men.

E, como sempre faz nestas ocasiões, agarrou no shinai e disse-nos para fazermos força só com os dedos médios de cada mão. A maneira normal é boa, referiu, mas esta também é boa (disse-o com um ar de quem teve uma boa surpresa).

Questionado se já tinha o usado respondeu que sim e que era um bom método, mas muito difícil de executar devido ao hábito de agarrar segundo o te-no-uchi tradicional.

E foi tudo o que disse na aula, no entanto, (quem é amiguinho, quem é?) quando seguíamos no carro a caminho de Campo de Ourique voltei ao assunto e disse-lhe:
- Com que então com o dedo grande de cada mão? Mas e isso é mesmo bom?
Respondeu que sim porque (parecia-lhe que) fazia com que um men-uchi cortasse mais de cima para baixo e bem no alto da cabeça. Ao mesmo tempo executou um pequeno men no vazio com os dedos grandes recolhidos e chamou-me a atenção para a posição do pulso direito.

Entretanto, eram 21 horas e 13 minutos e chegámos, como sempre a essa hora, à porta da casa dele. Saiu do carro e dissemos em uníssono aquilo que vos digo agora:

- Até sexta.