31.10.06

PEQUENO DICIONÁRIO JAPONÊS-PORTUGUÊS (LIGEIRAMENTE) ILUSTRADO DE KENDO - A


Eis a letra A. “A” como:

Agari (subs.) Apreensão ou nervosismo, p.e. antes da primeira experiência de competição ou antes de um torneio particularmente importante, que provoca perda de balanço mental e físico.

Age-gote (subs.) Golpe num dos pulsos do adversário (kote) quando as suas mãos se encontram elevadas acima da guarda Chūdan (mais exactamente, numa posição igual ou acima do mune-do).

Ai-chūdan (subs.) 1. Quando dois praticantes assumem a guarda Chūdan antes de um combate, prática ou kata. 2. A posição que se assume sempre que se começa ou recomeça um combate durante o shiai.

Ai-gedan (subs.) Quando dois praticantes assumem a guarda Gedan antes de um combate, prática ou kata.

Ai-jōdan (subs.) Quando dois praticantes assumem a guarda Jōdan antes de um combate, prática ou kata.

Ai-ki (subs.) Estado de sintonia com as sensações do adversário. Uma atitude complementar à do opositor. Durante um confronto é preciso manter uma atitude oposta à do adversário até ao último instante do combate; p.e. quando um adversário é forte devemos mostrar-nos fracos, quando ele é fraco devemos atacar vigorosamente. Este princípio denomina-se, em japonês, Ai-ki-wo-hazusu (evitar ai-ki). Visto que os combates de artes marciais são decididos quando o ki de um dos oponentes iguala o do outro, não estar em sintonia com o (ki do) adversário, será a base do sucesso num desafio. Ver Ai-ki-wo-hazusu.

Ai-ki-wo-hazusu (v.) Evitar situações de ai-ki. Atitude correcta durante um combate. Ver Ai-ki.

Aisatsu (subs.) Saudações e conversação de etiqueta, incluindo expressões de parabéns, agradecimentos e camaradagem. Etiqueta e respeito para com os colegas kendokas são aspectos importantes do kendo. Ver Rei.

Ai-tai-suru (v.) Enfrentar o adversário.. Ai-te (subs.) Designação do opositor em competição, prática ou Kata. Também Shiaiaite (adversário de competição) ou Keikoaite (adversário de prática).

Ai-uchi (n.) 1. Situação em que ambos os opositores conseguem yūkō datotsu (golpes válidos) simultaneamente. (Durante uma competição nenhum dos golpes é considerado válido, visto que anulam-se mutuamente). 2. Situação em que ambos os opositores falham simultaneamente yūkō datotsu.

Amasu (v.) Prever as intenções do adversário quando ele inicia uma técnica e recuar com calma e compostura (deixando algum espaço que o “convida” a prosseguir) e colocar-se assim numa posição de vantagem face ao mesmo.

Ashi-gamae (subs.) Posição dos pés; posição e relação entre os pés que permita responder instantaneamente aos movimentos do opositor.

Ashi-haba (subs.) Distãncia entre os pés quando em ashi-gamae Ashi-hakobi (subs.) Ver Ashi-sabaki.

Ashi-sabaki (subs.) Os quatro tipos de deslocação usados para atacar ou evitar um ataque: Ayumi-ashi, Okuri-ashi, Hiraki-ashi e Tsugi-ashi.




















Ataru (v.) Acertar, atingir o alvo.

Aun-no-kokyu (subs.) Respirar em sintonia com o adversário. Ao executar kata, estar em sintonia com o ritmo e as particularidades do colega. A letra “A”, de “aun”, significa expirar e “un” significa inspirar. Além disso, em Sânscrito, “a” é o primeiro letra/som e é dito com a boca aberta e “un” é a ultima letra/som do alfabeto e é dita com a boca fechada, juntas, simbolizam o princípio e o fim de todas as coisas.

Ayumi-ashi (n.) Tipo de deslocação no kendo, que permite percorrer maiores distâncias mais rapidamente. Ver Ashi-sabaki.

29.10.06

VOLUNTÁRIOS EURO 2007

Aí está.

Para os (muitos?) que se andavam a queixar nos últimos tempos que não sabiam como, e quando, se poderiam voluntariar para a organização do Europeu 2007, notícias frescas: o processo de voluntariado COMEÇOU.

Vão até ao site da Associação, www.kendo.pt, e lá podem preencher online a respectiva ficha de inscrição.
Tanta tanga, tanto blábláblá, agora vamos lá a ver quantos é que estão dispostos a dar o corpinho ao manifesto.

28.10.06

CORREIO KENDIMENTAL 1


Caro Correio Kendimental:

Quero comprar um shinai novo mas não percebo nada disto. Estou muito confusa com todos estes nomes que aparecem nos sites e nos catálogos dos vendedores.
Madake, chokuto, koban... as designações não faltam.
Afinal que tipo de shinais existem e como é que se pode saber o que é o quê?

Peço desculpa pela ignorância e por perguntar uma coisa que toda a gente sabe.

Ass.: Sonhadora do Dojo


Cara Sonhadora:
A sua pergunta é muito mais frequente do que pensa e há muito boa gente que não sabe nem sonha, como diria o outro.


Então, como diria um esquartejador, vamos por partes:
Os shinais, antes mais nada, dividem-se de duas maneiras distintas, consoante: o tamanho e o formato.

Assim, no que diz respeito ao tamanho, temos dois géneros: o daito e o shoto.
O daito é um shinai com um tamanho maior ou igual a 114 cm de comprimento.
O shoto é um daqueles shinais mais pequenos usados apenas pelos praticantes de nito-ryu e deve ter um comprimento menor ou igual a 62 cm.

E, no que ao tamanho respeita, estamos aviados.

Passemos então aos formatos do shinai.
Também aqui, existem apenas dois géneros de shinais: dobari e chokuto.
O dobari é mais largo junto da zona da tsuba e mais fino na zona mais extrema, próxima do sakigawa. O peso também é mais concentrado “atrás”, junto do punho.
O chokuto, esse, é mais uniforme no formato e o peso também é dividido mais uniformemente por todo o corpo do shinai.

Como viu não é nada difícil. Há uma outra designação que aparece por vezes nos catálogos de material e que é koban.
Koban significa apenas que o shinai em causa, que pode ser dobari ou chokuto, tem uma tsuka de formato oval, mais nada.

Tudo o resto que ler ou ouvir acerca de um shinai não são características intrínsecas do mesmo, mas possivelmente de materiais e técnicas de fabrico; por exemplo, um shinai madake, é um shinai fabricado com um tipo de bambú japonês de alta qualidade chamado, curiosamente, madake; se ouvir alguém dizer que tem um hasegawa, isso quer dizer que é um shinai feito em fibra de carbono, etc, etc.

No que diz respeito à sua utilização, um dobari é (normalmente) mais aconselhado para competidores, enquanto o chokuto é o preferido de muitos senseis mais avançados para os quais a componente competitiva já não tem grande valor.

A maior parte dos shinais que se pode comprar no mercado não especializado, chamemos-lhe assim, sport-zones e decathlons e quejandos, são misturas (maiores ou menores) dos dois tipos referidos; embora frequentemente estejam mais próximos do chokuto que do dobari.

E agora, cara sonhadora, compre lá o shinai, menos sonhos e mais keiko.


Caros leitores, se desejarem saber alguma coisa sobre os fait-divers do kendo façam como a "Sonhadora do Dojo" mandem um e-mail para IMDRabbit@hotmail.com, escrevam CORREIO KENDIMENTAL no subject da mensagem e exponham o vosso problema ou dúvida. Desde que tenha a ver com kendo, a redacção do blog fará tudo o que for possível para responder às vossas questões (nem que para isso se recorra ;-) ao Sensei Osaka, claro).

26.10.06

UM "NOVO" FORUM DE ARTES MARCIAIS

Já não é assim tão novo quanto isso, mas ainda está a arrancar.

Trata-se do forum criado pela e-bogu Portugal e pretende ser o local de encontro dos praticantes de artes marciais nacionais.
É um bom local para mandar uns "posts de pescada" sobre temas tão variados como kendo, karate, iaido, aikido, jogo do pau e muito mais.

É assim como ir ao café num centro comercial.
Fala-se, discute-se e depois, se assim se desejar, pode-se ir fazer umas compras.

A e-bogu foi criada pelo sensei Taro Ariga (kendo rokudan) e é um dos maiores fabricantes/vendedores do mundo de material para artes marciais e não, não me pagaram nada para colocar este post aqui.


http://forum.e-bogu.com.pt/

Ah, e parece-me que ainda estão à procura de moderadores para certas artes marciais.

KENDO DO OUTRO MUNDO


Umas asinhas e era um anjinho perfeito.

Eis a prova, se dúvidas houvesse, que até as entidades divinas praticam kendo.
Esta foto faz parte do portfolio do Fred e pode ser encontrada, e mais uma data delas, aqui:


http://flickr.com/photos/frederico/270405508/in/set-72157594329583311/

25.10.06

14º WKC NO BRASIL

" Blade Runner tropical"

Ainda o 13º Campeonato do Mundo de Kendo não arrancou e já se fala acerca do 14º, que deverá ter lugar, segundo as normas da Federação Internacional de Kendo, num país do continente americano.

Até ao ano passado o grande pretendente a hospedar o campeonato de 2009 era o Hawaii, no entanto, a federação local "roeu a corda" algures durante o segundo semestre de 2005 e desistiu do evento.

Como se diz, "chegaram-se à frente" os brasileiros. Segundo as fontes deste blog, geralmente bem informadas e colocadas ao mais alto nível na European Kendo Federation, consta que a Confederação Brasileira de Kendo aceitou acolher o campeonato depois de um acordo ter sido atingido com, nomeadamente, a Federação Americana que deverá ajudar a custear a coisa.

Ora aí está uma bela ideia! Devíamos fazer o mesmo com a federação europeia a respeito do próximo europeu de Lisboa. Ou então, pelo menos, "chulávamos" os espanhóis, que estão aqui mesmo ao lado. Ah, queres campeonato? Então, nós fazemos mas TU tens de NOS pagar.

Enfim, brincadeiras à parte parece que é definitivo, os 14ºs WKC terão lugar em S. Paulo em 2009.

Pelo menos, e mais que não seja, come-se bem. Para além disso, não estou assim a ver grandes atractivos mais...

24.10.06

A “ESPADA SAMURAI”

Ontem começou a semana das artes marciais do National Geographic Channel.
O trabalho de abertura dedicado à katana foi, acho que lhe podemos chamar assim, sofrível.

Quando é que alguém se irá decidir a fazer um documentário DECENTE sobre a espada japonesa? Que raio, nem a National Geographic?
É que, por um lado, a reportagem até se debruça de uma maneira competente e extremamente interessante sobre a concepção e criação da espada por parte de um dos actuais ferreiros ainda em actividade.

Mas por outro, tudo o resto, o envolvimento e suposta explicação das origens e da mística da katana, descambou irremediavelmente (?) numa imitação pobrezinha (e em “câmara-lenta”) das séries de TV japonesas de chambara*.


Se tirarmos as encenações historico-irrealistico-foleiras, alguns tame-shigiri bastante merdosos e o número de circo em que a filha atira setas contra o pai, o qual se defende usando apenas a espada, pouco tivemos que valha a pena.

Mas felizmente ainda tivemos.
Um dos segmentos do documentário apresentava um excerto minúsculo de um keiko de iai bastante interessante.

Foi pena, porque a parte da feitura da espada até foi gira e merecia um bocadinho mais de “trabalho” à sua volta.

De resto, mal posso esperar pelo monge do kung fu em Nova Iorque e pelo especial sobre Armas Chinesas do kung fu que dão continuidade a esta “semana” das artes marciais.

Estou aqui que não me aguento.

P.S.: Não existe nenhuma, como os comentadores portugueses no programa frequentemente referem, “espada samurai”. Provavelmente, é só mais uma das excelentes traduções com que somos diariamente brindados nos canais-cabo. “The samurai sword”, em inglês, significa “a espada DO samurai”.
Porque como o possessivo “apóstrofo+s” não se aplica se a palavra seguinte começar, também ela, por “s”, quando os comentadores americanos convidados dizem “the samurai sword” (e não, claro, “the samurai’s sword”), o que querem dizer é “a espada DO samurai”.

Samurai, que eu saiba, não é nenhuma marca ou tipo de espada. Cretinos.

*Aventuras de samurais.


22.10.06

MEN (BY PLAYMOBIL?)

Andava eu a "dar umas voltinhas pela net" quando me deparei com um filminho muito interessante. Nele, e durante uma demonstração na Coreia, um grupo de jovens apresentam-se equipados com um “men” completamente diferente do habitual.
A demonstração, perfeitamente normal, não teria nada que valesse a pena comentar, não fosse a presença daqueles “novos” equipamentos de protecção.
Fiquei curioso e como sabia que alguns dos membros do forum kendo-world são praticantes coreanos e “coreano-descendentes”, na esperança de obter mais informações sobre o material em causa, coloquei um post no dito forum.
O resultado resumiu-se a 12 páginas de polémica, ofensas e “gritos”.
Não querendo repetir aqui o “feito”, aqui deixo, no entanto, o link para o filme em causa:
http://www.youtube.com/watch?v=pfoNFXnN7zQ
Para além de parecer um "capacete" criado para os bonecos da Playmobil, digam vocês de vossa justiça.

Eu, por acaso, até gosto...
... mas gosto mais dos actuais... acho eu.

19.10.06

O “KEN“ É FÁCIL DE SE VER; ONDE É QUE ESTÁ O “DO”?

ou

Os devaneios de um kendoka quando impossibilitado de praticar.

O “ken” do kendo, creio que todos concordarão, está à vista. Com maior ou menor dificuldade todos conseguimos aperceber, pelo menos, o que é necessário para que o “ken” seja praticado.
E todos os que praticam, do mesmo modo, com maior ou menor dificuldade, serão unânimes em concordar que, bem vistas as coisas, o “ken” é até bastante limitado e não é, digamos, nada do outro mundo.
Se tivermos em consideração que, independentemente das “variações” migi, hidari, morote e katate, temos à nossa disposição, basicamente, apenas quatro ataques diferentes, o “ken” não surgirá aos nossos olhos como uma actividade muito complexa ou elaborada.


Para não falsear a informação, podemos até ser um bocadinho mais exigentes e juntar à “lista técnica” os diferentes grupos de técnicas de bloqueio e antecipação.
Assim, temos: oji-waza e debana-waza... ah e, já agora, também hiki-waza, claro; e assim... de utilização frequente... pouco mais temos.


Para comparar com o judo por exemplo, digamos que, no capítulo das projecções, sem contar com imobilizações no solo e estrangulamentos, a arte de Jigoro Kano deve ter o dobro ou o triplo dos ataques do kendo, se calhar mais.

Mas porque é que uma coisa, aparentemente, assim tão simples é, na realidade, tão difícil? (parece-me que já perguntei isto antes) Acho que a resposta se encontra na parte que falta da palavra kendo.
Na sílaba “do”. Senão, vejamos, é tudo um problema de perspectiva:

“Ken” é o shinai, é o waza que o shinai executa. “Ken” é jutsu, é o melhor ou pior domínio de cada waza. “Ken” é o corpo, o espaço e as deslocações do corpo no espaço. Certo?
“Ken” é shiai (absolutamente!!!).

“Do” é tudo o resto. “Do” é o que não se vê. É rei-ho, zanshin e kigurai; “Do” é ki, seme, kizeme, tame e, em último caso, sutemi-no-itto (será? parece-me que sim). Correcto?
“Do” é kata (será???).

“Ken” é o que se vê. “Do” é o que se sente (esta gosto, saiu bem...).

Sem “do”, o “ken” não passa de uma série, mais ou menos bonita conforme o executante, de habilidades e malabarismos.
Mas por seu lado, sem “ken”, o “do” não passa de um amontoado de conceitos vagamente filosóficos mas completamente inúteis.

Os dois não podem passar um sem o outro, estão condenados a complementar-se.
Afinal, de que serve existir um caminho se não existir um corpo para podermos caminhar? Por outro lado, de serve saber caminhar se não existir um caminho? (muito filosófico, hein? Faz-me lembrar aquela da árvore que cai na floresta e se ninguém... hum... enfim... adiante)

A falta de um dos dois elementos leva inevitavelmente ao desequilíbrio do praticante, tal como, aliás, este post faz prova ;-).

17.10.06

SELECÇÃO NACIONAL 2006

Esq. p/ dir.:
Paulo Martins, Nuno Ricardo, Luis Sousa, Henrique Martins, Sérgio Andrade.

Eis finalmente uma fotografia de conjunto da selecção que vai representar o nosso país em Dezembro deste ano em Taiwan. O torneio não vai ser fácil para nenhum deles, mas o essencial é termos a certeza que, quaisquer que sejam os resultados, não nos envergonharão.

Gambatte.

16.10.06

TERMINATOR


Com o seu ar sempre despachado, eis o Joni (The Terminator) em acção, a terminar um daqueles seus combates que duram à volta de 18 segundos e meio. Sete segundos para preparar e marcar cada ippon e mais seis segundos e meio de conversa para o árbitro começar, validar os pontos e acabar o combate.
Adversário, sejas lá quem fores, agora não digas que não levaste.
Esta é apenas uma das trinta e tal fotos do Frederico que pode encontrar em: http://flickr.com/photos/frederico/270405508/in/set-72157594329583311/

15.10.06

OS ELEITOS 2005/2006

Os Eleitos

Eis então os vencedores da Eleição 2005/2006 exibindo os seus diplomas de mérito:

Esq. para dir.:
Joni Duarte (Menção Honrosa: O mais votado mas que não ganhou coisa nenhuma) ;
Nuno Ricardo (Kendoka do Ano);
Rui Araújo (Kendoka Revelação).

Esta foto foi subrepticiamente roubada da página que o Pedro criou de propósito para afixar todas as que tirou durante o Torneio de Lisboa 2006 e podem/devem ser vistas aqui: http://torneiolx06.blogspot.com

ERRATA

Claro que isto, já se sabe, vai acontecer cada vez mais, afinal, a idade não perdoa e ninguém está a ficar mais novo.

Muitas horas a arbitrar+senilidade= asneira.

Relativamente ao último post, e acerca dos campeonatos que faltam nesta temporada, é lógico que o próximo evento NÃO É o campeonato de "repescagem" para as últimas posições na selecção nacional.


É sim, obviamente, e conforme o estipulado no Regulamento Interno para Competições e Selecção Nacional da Associação Portuguesa de Kendo, o torneio dos 24 melhor classificados que proporciona um lugar directo na selecção aos dois colocados no topo da tabela.

Depois sim, teremos o então referido apuramento final com os dez melhores do ranking nacional para definir os quatro lugares restantes da selecção.
Apuramento que, como se lembrarão, se realiza num torneio "à japonesa", em que cada participante têm de fazer nove combates, ou seja, todos contra todos.

Pronto, está feita a emenda.

Sumi masen, sumi masen.

14.10.06

TORNEIO DE LISBOA 2006 (INCLUI USAGI SAN AWARDS)

Pois, mais um que já lá vai. Decorreu hoje e os resultados oficiais foram os seguintes:

Classif.: Nuno Ricardo
Classif.: Paulo Martins
3ºs Classifs: Sérgio Andrade e Henrique Martins

Fighting Spirit: Pedro Marques e Valdemar Domingos

E agora, os resultados oficiosos, os "famosos" Usagi San Awards:

Fighting Spirit Award:
Tiago Veiga (o espírito estava lá todo, só faltou descernimento técnico)
Frederico Martins (idem idem, aspas aspas)

Technical Award:
Joana Almeida (o melhor de-gote executado esta tarde na área da Junta de Freguesia do Alto do Moinho)

Quatro Prémios Variados:
Começamos com um prémio que poderia chamar-se Prémio Teimosia E Presunção, ou então, Prémio Queria Tanto Marcar Debana Kote Mas Ninguém Me Compreende e vai para 85% a 90% dos participantes deste torneio.
Passamos para o Prémio Porra, Porra, Porra, Que Os Meus Hiki-Do São Tão Bonitos Porque É Que Não Marcam??? e esse vai para o nosso campeão do dia, Nuno Ricardo.
Mais um prémio, este para o segundo classificado da geral, o Paulo Martins, e é o Prémio Lá Te Safaste Finalmente E Marcaste Um Hiki-Men Mas Ainda Nem Sabes Muito Bem Como É Que Foi.
Para acabar em beleza, surge por fim o Prémio Árbitro-Ladrão, Estás A Dormir Durante A Competição De Equipas, Ou Quê? vai para mim e para o Nuno Serrano pela fantástica gaffe que cometemos ao atribuir o Ippon ao Joni, quando Sérgio tinha o shinai encostado ao tsuki-dare do dito.

E com este torneio terminou mais um "calendário regular" da APK. Resta agora apenas o Torneio de "repescagem" para saber quem serão os últimos escolhidos para a selecção que representará o país nos Campeonatos Europeus de Abril, que decorrem como se sabe, cá em Lisboa.

Neste torneio foram, por fim, entregues os Prémios Kendoka do Ano e Kendoka Revelação referentes à época 2005/2006.
Uma iniciativa deste vosso escravo que contou com o apoio enérgico da direcção da APK (e o apoio involuntário da Joana Faria, directora de arte e amiga que trabalha Y&R - Red Cell).

E os vencedores foram (eleitos pelos seus pares):

KENDOKA DO ANO:
NUNO RICARDO

REVELAÇÃO:
RUI ARAÚJO

Menção Honrosa:
(o mais votado no conjunto das duas categorias mas infelizmente não ganhou nenhuma)
Joni Duarte

Assim que possível serão publicadas aqui as fotos com os vencedores.

Até lá... keiko, mais keiko.... e depois keiko.

Abayo.

12.10.06

A AVE RARA 3

Ora aqui está um "rapaz" que teria dado um excelente kendoka.
Kamakura 2005. Foto Usagi San.

Ave ainda mais rara que o Kendum Principiantis, o Kendokam Intermedius (Vulgo: Kendoka Regular) é aquele que não desistiu e, de entre os cinco ou seis que ao mesmo tempo consigo começaram, o único que continuou a treinar.

E o Kendokam Intermedius pode ser a chave para entendermos todo este processo. Apesar de ter percebido que o kendo não lhe vai trazer quaisquer benefícios materiais ou reconhecimento social, não lhe vai (provavelmente) servir como meio de auto-defesa e também não faz dele, com certeza, nenhum Tom Cruise (ou uma Uma Thurman), apesar de tudo isso, há (ou houve num determinado momento do keiko) algo que diz ao Kendokam Intermedius que deve continuar a praticar.

Abro aqui um pequeno parêntese para vos contar uma história: um dos kendokas que eu mais admiro no dojo de Lisboa é o Jaime. O Jaime já não é nenhum jovem e nos primeiros dias em que o vi no dojo, reparei que ele tinha algumas dificuldades no capítulo de condição física. Olhei para ele e “dei-lhe” um mês. Há tantos meses que isso foi. O Jaime percebeu o que queria do kendo, recebeu o seu kendo-gu e todos os dias treina para atingir os seus objectivos.
Não tem a mania dos samurais e, que eu saiba, não vai ser protagonista de nenhum “Kill Bill 3”.
Eu não sei o que ele retira do treino de kendo, mas ele sabe.
E, dito isto, fecho o parêntese.

O semiólogo Roland Barthes, no seu livro A Cãmara Clara, refere-se à fotografia como algo que não pode existir por si só. Para ele, a fotografia em abstracto não existe. Só existe fotografia quando se fotografa algo, quando há um sujeito (mesmo que esse sujeito possa aparentemente ser abstracto).
Acredito que algo de semelhante se passa com o kendo.

Kendo keiko desu.

Não há kendo abstracto. Tal como para Barthes a fotografia não existe sem o objecto fotografado, o kendo não existe sem a sua prática. A compreensão do kendo não se transmite teoricamente, mas sim única e exclusivamente através sua prática.
É por isso que, para mim, fazer mitori-geiko, por exemplo (como tenho feito nos últimos tempos devido à minha tendinite), só faz sentido se existir uma perspectiva de keiko no futuro.
É claro que se pode falar, ler, reflectir, discutir sobre kendo, etc, mas, em última análise, se não houver uma aplicação prática posterior acerca do que se falou, leu, reflectiu ou discutiu, então, na minha opinião, tudo isso não serviu rigorosamente para nada.

Pois a verdade é que kendo É keiko.
E o objectivo é fazer com que o keiko de hoje seja melhor do que o de ontem. Nesse sentido, o kendo não tem outro motivo senão ele próprio. E é isso que é difícil de compreender e, mais ainda, de explicar, por exemplo, a um principiante.
Como é que se explica que o objectivo do treino de hoje é permitir treinar melhor amanhã?

Fazer kendo, e continuando no espírito de R. Barthes, é como fazer todos os dias um auto-retrato. Uma foto que deve evoluir e modificar-se a cada treino.

Eu parece-me que a competição, sobretudo para os mais jovens, pode ser uma boa maneira de os levar a entrar nas vizinhanças do kendo, digamos assim. É muito interessante, pode ser importante mas, no entanto, não creio que seja essencial para a formação de bons kendokas.

A meu ver, mais tarde ou mais cedo, e uma vez terminada a carreira como desportista, esse hipotético praticante, tal como todos os outros, vai ter de fazer a mesma escolha que consiste em continuar a treinar ou não. Já não pelas medalhas, mas tão só pelo prazer que o treino em si próprio proporciona e, claro, por outro lado, pelo esforço, agora já não “recompensado”, que tal decisão acarreta.

Estamos inevitavelmente diante da diferença entre desporto e budo. Esse praticante (dedicado, até aí, ao “desporto-do-kendo”), de certa maneira, ainda não começou a fazer budo. Ganhar ou perder pode ser muito importante, mas os tempos em que o uso da espada culminavam de forma dramática com “um gesto, uma vida” já lá vão, logo, ninguém deve ficar dermasiado satisfeito consigo próprio só porque ganhou um combate.
Até porque a competição hoje é mais uma demonstração de “jutsu” (técnica), chamemos-lhe assim, do que propriamente de “do” (via).

Mas qual é então a utilidade do kendo?
A resposta é muito simples: Melhorar. Para, ao aprofundar a dimensão simbólica do conflito, melhor o entender e daí retirar eventuais lições para a vida do dia-a-dia. Para melhor nos dar a conhecer a nós próprios. É isso afinal, a que O Objectivo de Praticar Kendo da ZNKR se resume.

O kendo é um auto-retrato que pode contribuir para revelar de uma maneira simples mas cruel, muitas das nossas insuficiências, por isso, um bom kendoka é um falhado magnífico.
É alguém que reconhece (e aceita) as suas falhas e compreende que o mais importante é tentar corrigir pacientemente essas insuficiências e apostar constantemente na formação de um "eu" que seja, ao mesmo tempo, física, intelectual e socialmente melhor.
Um keiko de cada vez.

8.10.06

A AVE RARA 2

Em 1975, a Federação Japonesa de Kendo criou o Conceito Oficial de Kendo e o Objectivo da Prática e “pôs no papel” aquilo que o kendo é, idealmente, suposto ser*:

O CONCEITO DO KENDO
Disciplinar o carácter humano através da aplicação dos princípos da katana.

Acerca deste aparentemente simples parágrafo, por exemplo, muitos são os que ultimamente têm manifestado as suas dúvidas e reticências sobre o que significa exactamente, em pleno século XXI, a expressão “aplicação dos princípos da katana”. Até porque, como dizem os seus críticos, o kendo não é uma arte marcial assim tão antiga como isso e nos últimos cem anos sofreu bastantes modificações, tendo em vista torná-lo mais acessível e socialmente aceite.

E se o Conceito Oficial de Kendo, demasiado vago (quais são:”os princípios da katana”’?), não é de grande ajuda para que os principiantes, eventualmente os mais curiosos, possam saber o que esperar quando se iniciam na prática da modalidade, o Objectivo da Prática, por seu lado peca, na minha modesta opinião, por aparentemente não se tratar de mais do que uma interessante declaração de boas-intenções:

O OBJECTIVO DE PRATICAR KENDO
Moldar a mente e o espírito,
cultivar um espírito vigoroso
e, através de um treino correcto e exigente,
esforçar-se para melhorar na arte do kendo.
Estimar a cortesia humana e a honra,
associar-se com os outros com sinceridade
e buscar sempre o auto-melhoramento.
Isso permitirá que se possa:
Amar o seu país e a sociedade,
contribuir para o desenvolvimento da cultura
e promover a paz e a prosperidade entre os povos.

E é tudo o que há para se dizer quando a pergunta surge de novo, cada vez mais incómoda:
Afinal para que serve ou o que se ganha em treinar kendo?

Quando se começa a treinar kendo tudo é anti-natural.
Cada gesto, por mais pequeno que seja, é um desafio físico e intelectual gigantesco. E a cada tentativa executada, os erros, em vez de serem gradualmente eliminados, parecem antes acumular-se. Situação que, aliás, e diga-se a bem da verdade, se mantém durante toda a vida do praticante.
Ao fim da primeira semana de treinos, 90% dos principiantes já tem bem estampada no rosto uma questão que, por mais que tente, não lhe sai da cabeça e que pode ser elaborada mais ou menos assim: “Mas o que diabo estou eu a fazer aqui?

Por esta altura, qualquer pessoa menos familiarizada com o treino típico do kendo, deve estar a perguntar-se que raio se passa de errado com a metodologia do mesmo.
Bom, não sei responder a essa pergunta. Mas quanto à outra, a primeira, tenho uma ideia ou duas que gostava de partilhar convosco.

E, a meu ver, até é bastante simples.

(Conclui no próximo post: A AVE RARA 3 ou O Kendokam Intermedius)

*Retirado do site da Zen Nippon Kendo Renmei

5.10.06

A AVE RARA 1

Como as imagens do Kendum Principiantis são raras (e muitos caras)
optou-se pelo uso de uma imagem de um Pássaro-Dodo.

O Kendum Principiantis (nome vulgar: principiante de kendo) é uma ave muito peculiar e tão poucas vezes avistada que é frequentemente tida como extinta.

Em certas épocas porém, como aquela que atravessamos, e que corresponde ao fim do verão e início do ano lectivo, ou por vezes por voltas de Janeiro (resoluções de ano novo?), o principiante de kendo faz a sua aparição nos dojos.

Um especimen de cada vez, timidamente, pequenos grupos de Kendum Principiantis atravessam a porta de entrada com aquele ar reveledor de um misto de curiosidade, receio e desejo.
Nos seus olhinhos inocentes não consigo ainda, na maior parte das vezes, e ao fim de tantos anos, vislumbrar o motivo que os levou até ali.

Já (mais do que?) uma vez “filosofei” neste blog acerca dos motivos que levam o português “comum” a embarcar numa aventura exótica como é começar a praticar kendo e não o vou fazer mais uma vez agora. Mas como estamos a atravessar uma fase de concentração de Kendum Principiantis gostaria, no entanto, de reflectir um bocadinho acerca destas fascinantes criaturas. Perguntas como “o que os faz entrar nos dojos de kendo?” ou “porque permanecem tão poucos?” são aquelas que mais imediata e forçosamente surgem.

No entanto, depois de apenas alguns momentos de reflexão, as respostas, como sempre, aparecem simples, óbvias e plenas de uma verdade dura e incontornável. E a grande verdade é que o Kendum Principiantis, na maior parte dos casos, não sabe ao que vai.

Desde os últimos samurais, kill bills e zatoichis do cinema até à manga como os rurouni kenshins e vagabonds, passando por documentários do discovery channel, mais ou menos mal paridos, e personagens de role-play, os motivos que levam o principiante de kendo até ao dojo são os mais variados. O brilhozinho nos olhos da paixão pelo exótico e pelo desconhecido, tão bem camuflado no princípio, demora pouco, no entanto, a transformar-se, na maior parte dos casos, numa expressão de desapontamento bem visível agora em toda a face.

O kendo, que parecia um ser acessível e fácil e simples, é afinal um/uma amante exigente e rigoroso/a. Uma entidade que, afinal, exige muito quer fisíca quer intectualmente e que APARENTEMENTE retribuiu muito pouco ou nada.

Ao contrário de muitas outras artes marciais no kendo, por exemplo, não há “cintos”. A típica “cenoura” que incentivaria o Kendum Principiantis a “puxar o carro” não está lá. Tradicionalmente, as graduações de kyu são teoricamente existentes mas, na prática, irrelevantes. O primeiro momento de verdadeiro teste é, para a grande maioria, o exame de shodan*, depois de, no mínimo e com sorte, um ou dois anos a treinar “sem recompensas”.

E a treinar o quê? À primeira vista, uma arte marcial sem quaisquer objectivos práticos.

Um anacronismo total e absoluto. Ou não?

(CONTINUA)
* Nalguns locais, no entanto, os exames de kyu são feitos e parece terem cada vez mais adeptos. Mas mesmo nesses lugares, não há a prática do uso de cintos de cores.

3.10.06

SORTEIO INDIVIDUAIS 13º WORLD KENDO CHAMPIONSHIPS

Cá está, cá esão eles. Agora é muita oração a Nossa Senhora do Caravaggio

Na competição individual a coisa TAMBÉM está linda: o Paulo e o Sérgio, sobretudo, foram "brindados" logo com um japonês cada um, na 1ª volta.

Malta, divirtam-se. Que inveja.

SORTEIO EQUIPAS 13º WORLD KENDO CHAMPIONSHIPS

Quem será o infeliz que vai este ano levar com o Cris Yang?


Eis finalmente o sorteio das pools para os 13ºs Campeonatos do Mundo.
Portugal apanha com os cámones e os americanos logo na primeira ronda.
A grande vantagem é que da "nossa" pool saem dois classificados. Com os americanos não há nada a fazer, portanto, "só" têm de ganhar aos bifes e passam logo à segunda ronda.