28.11.05

ATINGIR O KI PELO MÉTODO DO KATA (2ª PARTE)


Ora cá estamos com a conclusão acerca do método do kata. Esta tradução foi difícil. Agradeço eventuais sugestões caso alguém, diante do original, que se encontra página de Tokitsu sensei (ver links), encontrar uma tradução mais adequada para alguma passagem.

Nessa situação sente-se uma plenitude. Neste caso, porque mesmo sem ter consciência de tal, fomos guiados por uma sensação especial e agimos entregando-nos a essa sensação. No momento do impacto, sentimos uma sensação de fusão com algo. É o sentimento do ki. O qual está presente na sensação de perfeita execução técnica no decurso do combate. E não só está presente, como é modulado pela técnica.
Ao exercitar kata, banhamo-nos nessa sensação moldada em formato de técnica.
Quando se estuda os kata clássicos, eles comportam os elementos necessários para atingir um estádio de combate superior. Muitos kata foram deformados no decurso da sua transmissão. Mas um kata no momento em que é formado, mostra um estado idealizado de técnicas efectivas de formação para combate. O estado idealizado da técnica corresponde ao mais alto grau de uma técnica, o de fusão da técnica corporal e do espírito. O ki deve circular naturalmente. Podemos dizer que exercê-lo dessa maneira, com e na técnica, equivale a um princípio energético. Se um gesto técnico é perfeito, é porque está em harmonia com o princípio de eficácia que gere o ki dessa técnica. A forma perfeita de uma técnica que não tenha eficácia não faz sentido, tal como não existe um sabre soberbo que não corte. De certa maneira, toda a perfeição técnica é um invólucro para um princípio de eficácia.
Vimos que o termo ki cobre sensações vagas e muito vastas. Nós utilizamo-lo no budo modelando-o de uma forma técnica.
Dizia-se a propósito de um mestre:
“Quaisquer que sejam os seus gestos, constituem uma técnica perfeita.”
Porque, justamente, ele era capaz de seguir o ki de uma maneira não-formal, mas profundamente técnica. Tinha de tal maneira bem integrado as técnicas, que os seus gestos estavam em conformidade com o princípio subjacente das mesmas, no sentido mais lato do termo kata. É o que chamamos ultrapassar a forma apreendendo-a: ultrapassar o kata penetrando profundamente no kata.
O kata mostra um modelo técnico do combate, elaborado de tal forma que nos convida, e nos guia, na escalada até ao cume. O kata apoia-se assim sobre um sistema onde o saber se situa mais acima e os praticantes tentam elevar-se para o atingir. A forma técnica é um meio de ascenção e não um objectivo por si só. O objectivo do kata é de se ultrapassar a si mesmo.
Ao observarmos o que se passa no nosso espírito durante um treino mais duro, em que procuramos adquirir uma melhor técnica, encontramos a imagem do nosso mestre, aquele que no-la mostrou ou ensinou. Os nossos gestos não estão ligados à imagem de perfeição representada pelo mestre quando, por exemplo, nos treinamos a sós?
No processo de treino, esforçamo-nos para fazer (as técnicas) tão bem como os nossos sempai, como o sensei, depois desejamos ultrapassá-los; vencê-lo. Quanto mais pesada é essa imagem mais ela nos persegue. Lutar contra essa imagem, é o processo do treino: a repetição.
Esse encadeamento psicológico é característico da aplicação do método do kata.
Uma melhor compreensão da lógica inerente ao método do kata e da sua ligação ao ki permite-nos avançar na prática do budo. Para isso é indispensável saber observar e tratar os kata sob um ângulo diferente. O kata não é uma simples codificação técnica, não é nem molde, nem cerimónia, nem combate imaginário.
O kata é um método de treino que exige algumas chaves para se poder usufruir plenamente. Desenvolveremos esta ideia mais adiante.

Próximo artigo sobre utilização do ki. O método energético

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