O que me parece
Então vamos por partes.
Quando comecei a usar jodan-kamae perguntei muita coisa ao sensei Osaka. Outras vezes, quando não perguntava, era ele que, depois de um ji-geiko entre ambos, normalmente a seguir ao treino e já a caminho de Campo de Ourique, me “adiantava” algumas dicas, normalmente bastantes interessantes, diga-se de passagem.
O que é que jodan-kamae tem que chudan-kamae, por exemplo, não tem? Para além da “ameça eminente de golpear”, chamemos-lhe assim? Nada. Na verdade, tudo o que se diz acerca de jodan, em termos de atitude, deveria dizer-se acerca de chudan, também.
Chudan-kamae, segundo me dizia Osaka sensei, “para ser bem feito, deve ser tão agressivo como jodan”.
O mal é que, e ainda nas palavras do mesmo, as pessoas muitas vezes “estão a dormir/descansar quando fazem chudan”. Ou seja, chudan-kamae transforma-se numa posição de espera, muito mais do que numa posição de quem está prestes a ter um confronto.
Aliás, basta fazer ji-geiko com alguém um bocadinho mais graduado, 5º ou 6º dan para cima, para se perceber a diferença entre essas duas atitudes.
Mas voltemos a jodan. Um dos motivos usados mais frequentemente para justificar a suposta maior agressividade de jodan, relaciona-se com uma maior exposição face ao adversário. Ou seja, o do está completamente aberto e para além do kote direito, também o esquerdo (ao contrário de chudan-kamae) é datotsu. E está igualmente exposto às investidas do oponente.
Ora a grande diferença (vantagem) de jodan-kamae, referi-me eu lá atrás, era a “ameça eminente de golpear”.
Isto é, se é verdade que há mais oportunidades de ser atingido (e em mais locais, inclusivamente) por outro, não é preciso ser um cientista atómico para ver, e perceber, que jodan-kamae está, em relação aos outros kamae, literalmente numa fase mais avançada. E não me refiro aqui a nenhuma filosofia ou estado de espírito especiais. Estou a ser prático; as mãos já estão levantadas. “Tudo” o que é necessário fazer para golpear... é baixá-las.
Sempre que releio a definição de Chiba sensei (ver post anterior) não posso deixar de pensar como este aspecto, meramente prático, faz, ipso facto, parte integrante da essência de jodan.
Quem está em chudan para executar shikake-waza “tem de subir e descer”; quem está em jodan já subiu e só tem de descer.
Donde o “superar o oponente (atacando) por cima”. A vantagem em termos de tempo de execução é clara... ou porque é que acham que tsuki é o gesto favorito para se combater contra jodan? Mero sadismo? Porque é que é raro ver dois combatentes, chudan vs chudan executarem tsuki, e é ainda mais raro ver um combate chudan vs jodan SEM tsuki?
Ah, espera lá, pois é... tsuki é o ÚNICO gesto técnico que, por não necessitar desse “sobe e desce”, permite ter um acesso mais rápido (e directo) ao adversário em jodan.
Enfim, para terminar este pequeno devaneio vou deixar-vos com um pensamento de um senhor japonês chamado Kanaki Satoru, (8º dan kyoshi) que nos seus tempos de jovem ganhou uns campeonatos combatendo em jodan, e que me parece bastante apropriado.
“Quando o teu oponente se mantém firme e mesmo aumentando a pressão (seme) isso não o faz mover-se, espera e quando ele te atacar, golpeia sem pensar (naturalmente). Não te precipites a atacar (...) antes procura um corte perfeito (...) atacando apenas quando vês as (verdadeiras) intenções do adversário.”
Tanto pior para o atacar, atacar, atacar, certo?
9.4.09
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5 comentários:
Joaquim,contamos contigo este domingo no campeonato de kendo do porto?Assim dou-te os dvds em mão,Abraço
heeem... não creio.
Deixa lá isso, homem. fica para um dia destes.
abraço e bom torneio.
Estimado Mestre Coelho:
Houve 2º shiai, sim... mas a bateria da câmara-video tinha acabado naquele momento! Má sorte a minha, só isso. Mas também confesso que não foi grande préstimo, o meu, na "2ª volta".
Muito obrigado pela visita ao meu blogue.
Sou um grande apreciador deste seu blogue, que me tem dado um excelente contributo na minha aprendizagem aqui no Japão, designadamente no esclarecer de muitas dúvidas que vão surgindo, e tanto mais por o meu Japonês ser ainda relativamente rudimentar, o que, naturalmente torna as coisas um pouco mais dificeis.
Espero poder, num futuro próximo, dar, no meu blogue, mais do meu testemunho sobre a minha experiência aqui no Japão.
Volte sempre!
NBJ
Olá Joaquim,então sempre chegaram os dvds? Espero que sim!
Abraço,
Mário Lehmann
Man, chegaram hoje mesmo. Ainda estava tentar imaginar como te iria contactar
MUITO OBRIGADÃO!!!! Já dei uma(s) olhadela(s). É DO MELHOR.
Domo arigato gozaimaste. :-D
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