27.1.05

A FORMAÇÃO DO KENDO: A JUVENTUDE DE SAZABURO TAKANO (II)

Já nem é preciso dizer porquê: http://www.tokitsu.com.

Sazaburo Takano e Takaharu Naîto.
Ainda muito jovem, S. Takano foi vencido de maneira humilhante por J. Okada que o atingiu com terríveis golpes de shinai na garganta. Esse combate marcou uma reviravolta na sua vida. Foi em 1879, aquando de um torneio regional no templo de Yôunji (aldeia de Kamamura, Kodama-gun, no município de Saitama). S. Takano tinha 17 anos e apelidavam-no de “Chichibu no kotengu” (pequeno deus marcial de Chichibu). Chichibu é o lugar de nascimento de Sazaburo Takano e onde o dojo do seu avõ se situava.
S. Takano contava como tinha partido feliz para esse torneio, quando o seu avô tal lhe propôs. O seu adversário era Jogoro Okada. Nascido a 9 de Junho de 1849 em Anaka, Jogoro tinha estudado na escola de sabre Araki-ryu (ou Mujinsaî-ryu) sob a direcção de Négishi Matsurei, mestre do senhor de Anaka, que fundaria mais tarde a escola Négishi-ryu da arte de shuri-ken. Depois disso, tinha estudado em Edo na escola Hokushin-itto-ryu, dirigida nessa altura por Chiba Michisaburo, o terceiro filho de Shusaku Chiba. De volta para Anaka, com a idade de 19 anos, tornou-se no principal assistente de Négishi Matsurei. Quando combateu com Takano tinha 30 anos.
A técnica favorita de S. Takano era assumir jodan kamae, mas segurar o shinai apenas com uma mão (katate-jodan). Contra Okada, ele assumiu essa mesma guarda segurando um shinai longo, com 4,5 shaku de comprimento (1,35 m). Nem pediu desculpa por assumir essa guarda contra Okada, que se sentiu picado no seu orgulho. Eis o relato de S. Takano dos acontecimentos:
“Assumi a guarda de kataté-jodan segurando o shinai apenas com uma mão, acima da minha cabeça, e acertei três ou quatro golpes. O meu adversário, sem dúvida vexado por eu ter assumido a guarda jodan, não se declarou vencido, mesmo quando os meus golpes o atingiam. Quando eu atacava, ele afastava o meu shinai e lançava um tsuki à parte de cima do meu do (parte da protecção que defende o tronco do kendoka) e fazia deslizar por debaixo da minha protecção da garganta (tsuki-dare) a ponta do seu shinai, a qual era particularmente fina. Veja, esta é a cicatriz da ferida (ele mostra a cicatriz) que resultou desse combate. O seu ataque era muito violento. Okada era denominado “Oni-Okada” (Okada, o demónio). O sangue corre agora da minha garganta e suja o meu hakama branco. Quero vingar-me mas não o consigo fazer, faltam-me forças. Cada vez que bato nas suas protecções ele nem sente os meus golpes e insiste em trespassar-me a garganta. Os espectadores estavam cheios de pena de mim, pois eu não era mais que um garoto. Um grande número de pessoas na assistência levanta-se e pede que se separem os combatentes.
Quanto a mim, tentava trespassar os olhos do meu adversário com o shinai, cuja ponta estava já partida e as ripas de bambú, por um acaso, desligadas umas das outras. Mas as ripas atingiam a grade de ferro da máscara de protecção facial com um ruído seco e era impossível de enfiá-las para o interior da mesma. Acabaram por nos separar.
Saí da região e deixei uma carta aos alunos do dojo para entregarem à minha família informando-os da minha decisão. Diante do meu avô e da minha mãe, sentia vergonha por ter perdido dessa maneira desonrosa. Escrevi que voltaria quando fosse capaz de me vingar, depois de ter aprofundado a minha arte. A minha mãe e os outros quiseram ir buscar-me de volta, mas o meu avô opôs-se dizendo: “Deixem-no ir, é normal que um rapaz que deseja tornar-se num homem de espada tenha uma tal determinação.””
Esta descrição é reveladora da atitude e do espírito com que se praticava o kenjutsu no fim do século XIX. Recém-chegado a Tóquio, sem dúvida pela reputação do avô, Sakichiro-Mitsumasa Takano, adepto famoso da escola Nakanishi-ha Itto-ryu, S. Takano é recebido no dojo Shuseî-kan que Tomonori Shibata acabara de abrir em Yotsuya. No mesmo ano, em 1879, a prática de Gekiken torna-se obrigatória para todos os polícias e T. Shibata é nomeado professor de Gekiken na Prefeitura de Polícia. Shibata era o 16º sucessor da escola Kurama-ryu e tinha também frequentado a escola Onoha-Itto-ryu.
Ao longo da conversa com Tomonori Shibata, S. Takano explica-lhe a razão da sua vinda. Diz-lhe: “Quero recomeçar o treino para me poder vingar. Qual é o dojo com o treino é mais severo, em Tóquio?” (Shibata responde-lhe): “É o dojo do mestre Yamaoka.”
Ao olhar para a armadura que S. Takano trazia consigo, da qual o men e os kote eram bem mais pequenos que os da sua armadura, T. Shibata diz-lhe: “As suas protecções são muito pequenas para serem úteis no dojo Yamaoka. Leve umas do meu dojo.”
É assim que S. Takano se apresenta no dojo de Yamaoka Tesshu em Abril de 1879.


THE ESTABLISHMENT OF KENDO: SAZABURO TAKANO’S YOUTH (II)

It goes without saying: http://www.tokitsu.com.

Sazaburo Takano e Takaharu Naîto.
S. Takano was very young when he was beaten in combat, in an humiliating way, by J. Okada, who “tsukied” him with terrible shinai thrusts to the throat. That combat changed his life forever. It took place in 1879, during a regional tournament in Yôunji’s temple (village of Kamamura, Kodama-gun, in Saitama). S. Takano was 17 years old and was called “Chichibu no kotengu” (Chichibu’s small martial god) Chichibu is Sazaburo Takano’s birthplace and also where his grandfather’s dojo was built.
S. Takano used to tell how happy he was when he left to the tournament, after his grandfather ask him to do so. His adversary was Jogoro Okada. Born June 9th 1849, in Anaka, Jogoro studied in the Araki-Ryu (or Mujinsaî-ryu) sword school under the supervision of Négishi Matsurei, Lord Anaka’s sword master; Matsurei was later to create the Négishi-ryu school of shuri-ken. After that, Okada studied in Edo, in the Hokushin-itto-ryu school, when it was run by Chiba Michisaburo, the third son of Shusaku Chiba. He went back to Anaka, at the age of 19 and became Négishi Matsurei’s main assistant. He was 30 by the time he fought Takano.
S. Takano’s favotite technique was to assume jodan kamae, but holding the shinai with one hand only (katate-jodan). Against Okada he assumed that same stance holding a 4.5 shaku (1,35 m) long shinai. He didn’t even appologised for assuming jodan against Okada who felt hurt in his pride. Here’s Takano’s tale of the events:
“I assumed the kataté-jodan stance holding the shinai with only one hand, above my head, and I hit him three or four times. My adversary, without a doubt mad that I had assumed the jodan stance, didn’t gave up, even when my strikes kept hit him. As I kept attacking, he would diverge my shinai and launch tsuki thrusts against the top of my do (torso protector) and made his sharp shinai’s tip slip under my troat protector (tsuki-dare). Look, this is the scar (shows the scar) from that fight. His attack was really violent. Okada was known as “Oni-Okada” (Okada, the demon). The blood now pours from my throat and onto my white hakama. I want revenge but I can’t do it, I feel weak. Each time I hit his protections, it’s like he doesn’t feel my strikes, and insists on stabbing my throat. The spectators felt sorry for me, because I was just a small boy. A great number of them rose and ask the fight to be stopped and the challengers to be set apart.
Meanwhile, I was trying to peirce my adversary’s eyes with my shinai that, the tip of it being already broken, had its bambu slats disconnected from one another. But the wood strips hit the framewrok of his protecting mask with a short sound and it was impossible to get them to pass through. Then they just separated us.
I left the region and left a letter to the dojo students to be delivered to my family, informing them of my decision. I felt shame before my grand father and my mother, for having lost in such a dishonored way. I wrote that I would be back once I’d be prepared to take revenge, after having improved my sword skills. My mother and the others wanted to get me back home, but my grandfather opposed by saying: “Let him go, it’s just natural that a boy who wants to become a swordman shows such determination.””
This description reveals a lot about the attitude and the spirit with which kenjutsu was practised by the end of the XIX century. Newly arrived in Tokyo, and surely thanks to his grandfather’s reputation (after all, Sakichiro-Mitsumasa Takano was a famous Nakanishi-ha Itto-ryu school adept), S. Takano is cordially received at the Shuseî-kan dojo, which Tomonori Shibata just opened in Yotsuya. That same year, 1879, the practise of Gekiken becomes compulsory to all police officers and T. Shibata is selected to teach Gekiken at the police headquarters. Shibata was the 16th successor of the Kurama-ryu school and had also attended at Onoha-Itto-ryu school. Throughout his conversation with Tomonori Shibata, S. Takano explains the reasons of his coming to Tokyo. He says: “I want to start training so that I can have my revenge. Which is the toughest dojo in Tokyo?” (Shibata answers): “It’s master Yamaoka’s.”
Then he looks at the protection gear Takano brought with him, compares the sizes of the men and the kote with his owns, and says: “Your protections are too small to be usefull in Yamaoka’s dojo. Take some bigger ones from my dojo.”
That’s how S. Takano presented himself in Yamaoka Tesshu’s dojo in April 1879.

21.1.05

A FORMAÇÃO DO KENDO: A JUVENTUDE DE SAZABURO TAKANO

Nos artigos que se seguem apresentaremos os inícios da história do budo moderno. (...) O kendo foi o modelo de referência onde se inspiraram as outras formas de budo, nomeadamente o karaté. Assim, começaremos pela vida de dois mestres que desempenharam um papel muito importante na formação do budo moderno. Já antes falámos nos artigos precedentes de um famoso combate que os opôs, são eles Takano Sazaburo et Naîto Takaharu.

Cronologia dos anos 1860-1880
Quando começa esta história, em 1879, o kenjutsu – que tinha conhecido um período de grave crise durante a modernização do Japão nos anos da década de 1870 - ressurge. Os torneios de kenjutsu, dedicados em muitas regiões aos deuses dos templos locais, voltam a ser populares em todo o Japão.
Muitos mestres de artes marciais, que irão ser a cara do budo moderno, nascem no decurso dos anos 1860-1880:
1860 : Nascimento de Jigoro Kano.
1862 : Nascimento de Sazaburo Takano e de Takaharu Naîto.
1866 : Nascimento de Kentsu Yabu.
1868 : Nascimento de Gichin Funakoshi.
1870 : Nascimento de Choki Motobu.
1871 : O reino de Ryukyu já unido ao Japão, recebe um título Senhorial de Ryukyu.
1875 : O Japão obriga a entidade Senhorial de Ryukyu a romper com a China.
1877 : Jigoro Kano inicia-se no jujutsu.
1879 : Nascimento de Ueshiba Morihei.
1879 : Okinawa torna-se província, depois da abolição da entidade Senhorial de Ryukyu, a última do Japão.
1882 : Fundação do Kodokan-judo por Jigoro Kano.
1883 : Fundação do dojo Shumpukan por Tesshu Yamaoka.
1885 : Nascimento de Chôshin Chibana.



THE ESTABLISHMENT OF KENDO: SAZABURO TAKANO’S YOUTH
In the articles that follow we’ll present the beginnings of modern budo’s history. (…) Kendo was the reference model where the other forms of budo got the inspiration from, like karaté, for example. So, we’ll start by talking about the lives of two masters who played an important role in the establishment of modern budo. We already spoke, in previous articles, about their famous fight, they are Takano Sazaburo et Naîto Takaharu.

Chronology of events between 1860-1880
When our story begins, in 1879, kenjutsu - that had gone through a period of serious crisis during Japan’s modernization, in the years of the 1870’s decade – reappears. Kenjutsu tournaments, wich were, in lots of regions, dedicated to the gods of local temples, become popular all over Japan.
Many martial arts masters, who later will be the faces of modern budo, were born between the years 1860-1880:
1860 : Jigoro Kano is born.
1862 : Sazaburo Takano and Takaharu Naîto are born.
1866 : Kentsu Yabu is born.
1868 : Gichin Funakoshi is born.
1870 : Choki Motobu is born.
1871 : The kingdom of Ryukyu already part of Japan, receives a seigneury title.
1875 : Japan forces the Ryukyu seigneury to break with China.
1877 : Jigoro Kano starts jujutsu.
1879 : Ueshiba Morihei is born.
1879 : Okinawa becomes a province, after the termination of the Ryukyu seigneury, the last one in Japan.
1882 : Establishment of the Kodokan-judo by Jigoro Kano.
1883 : Establishment of the Shumpukan dojo by Tesshu Yamaoka.
1885 : Chôshin Chibana is born.

20.1.05

REFLEXÃO SOBRE O BUDO: ESTUDO A PARTIR DO KENDO (FIM)

Este é o último artigo sobre o relacionamento do budo com o kendo. No próximo artigo falaremos, entre outras coisas, da juventude Sazaburo Takano. Até lá visitem http://www.tokitsu.com, vão ver que vale a pena.

Pouco sucesso no tachigiri
Entre os discípulos de Yamaoka Tesshu (1836-1888), apenas alguns conseguiram superar as três provas do tachigiri e obter o menkyo-kaîden. Um deles, chamado Hasegawa, conseguiu mesmo realizar o tachigiri de sete dias mas não foi bem sucedido e foi apenas já no seu leito de morte que recebeu de Tesshu o tão desejado título.
Já aqui foi antes referido o nome de Sazaburo Takano (1862-1950), um dos raros discípulos que superou os tachigiri. “Forjado” pelo sabre de Tesshu, é um dos mestres que marcou o kendo do início do século XX. A famosa frase: “Não ganhes depois de atacar, ataca depois de ter ganho.” é sua. É mais elucidativa ainda se a relacionarmos com a “fórmula” de Tesshu: “A espada não existe fora do espírito.” (shin gaï muto), que me parece simbolizar a sua arte.
A partir do próximo artigo, veremos como os adeptos do kendo da primeira geração praticavam a sua arte.

CONSIDERATIONS ABOUT BUDO: A STUDY FROM KENDO (END)
This is the last article about the relationship between budo and kendo. In the next article we’ll talk, among other things, of Sazaburo Takano’s youth. Until then, go to
http://www.tokitsu.com.

Few succeeded at tachigiri
Among Yamaoka Tesshu’s (1836-1888) disciples, only a few manage to accomplish the three tachigiri tests and received the menkyo-kaîden. One of them, called Hasegawa, manage to go through the seven days tachigiri, but wasn’t completely successful and was only when he was about to die that he received, from the hands of Tesshu, the menkyo-kaîden title.
The name of Sazaburo Takano (1862-1950) has already been mentioned here before, and he was one of the few who successfully overcame the three tachigiri. “Forged” by the sword of Tesshu, he is one of the masters who left is mark on the beginning of the XX century’s kendo. The famous phrase: “Don’t win after hitting, hit after winning” it’s his. It’s even more elucidative if we relate it with Tesshu’s “formula”: “The sword doesn’t exist outside the spirit.” (shin gaï muto) that, it seems to me, symbolizes his art.
Starting next article, we’ll see how the kendo adepts of the first generation used to practice their art.


VISITANTES EGOÍSTAS???

Então, tanta gente que por aqui passa e ninguém deixa um comentáriozinho? Nada? Ninguém tem nada a comentar? Criticar? Sugerir? Vá lá malta, um bocadinho de feed-back sabe sempre bem. Ao menos, digam que é uma grande merda. Ou não...

SELFISH VISITORS???
So, so many visitor passing by and nobody leaves a little comment? Nothing? None of you has nothing to say? To criticise? Sugest? Come on people, a little feedback is always nice. At least, say you find this a big shit. Or not...

19.1.05

REFLEXÃO SOBRE O BUDO: ESTUDO A PARTIR DO KENDO (III)

Para melhor ilustrar o que era o seïgan-tachigirigéïko, apresentamos agora um relato, feito na primeira pessoa, por um aspirante ao título de menkyo-kaîden. Mil e quatrocentos combates ao longo de sete dias. Este texto foi obtido e traduzido, com autorização do autor, sensei Kenji Tokitsu, em http://www.tokitsu.com.

Um exemplo de “tachigiri”
“No primeiro dia de Abril, às seis horas da manhã, a minha prova começou... os meus adversários, cerca de dez, seguiam-se um após outro, cada um combatendo até se sentir exausto. Quando um se cansava, um outro tomava o seu lugar e eles rodavam nas suas posições como uma roda que gira sem cessar. Eu estava em muito boa forma no primeiro dia e executei mesmo alguns “kumiuchi” (corpo a corpo) com violência. Tendo colocado o men de manhãzinha, não o retirei senão quando atingi o final. Quando os cordões se afrouxavam, os outros vinham imediatamente apertá-los, para que eu não pudesse ter um único momento de descanso. Descansei apenas por alguns momentos depois da refeição do meio-dia. Quando terminei os duzentos combates, por volta das cinco e meia da tarde, disse a mim próprio que seria capaz de repetir essa experiência durante sete dias. Mas combater durante onze horas, durante todo um longo dia de Primavera, é muito duro.
Entre os discípulos, um mais antigo chamado Murakami Masatada, observava todos os combates. Veio dizer-me, quando eu me repousava em casa, que a qualidade dos combates não tinha sido suficiente. “O mestre não está satisfeito. É preciso que combata com muito melhor, amanhã.” Prometi-lhe que combateria muito mais bravamente no dia seguinte. Soube depois que tinha dito a mesma coisa a todos os meus adversários. No segundo dia comecei igualmente às seis horas da manhã. Tal como tinha prometido a Murakami Masatada na véspera, tentei arrasar todos os meus adversários o mais bravamente possível, quer através de golpes, quer através de projecções. Mas cada um dos dez discípulos voltava bem descansado, um após outro. Não podia depender senão do meu shinai. O suor corria sem que o pudesse limpar e comecei a sentir uma grande sede. A hora da refeição chegou e pude então descansar um pouco. Mas não consegui almoçar, limitei-me a engolir dois ou três ovos.
Depois do descanso recomecei os combates, mas senti uma enorme fatiga e não me conseguia mexer como de manhã. Não me deixei sucumbir e consegui terminar os meus combates ao fim do dia. Sentia já dores por todo o corpo. No vestiário não consegui dobrar as pernas. Voltei para casa tentando suportar as dores. Deitei-me sem me preocupar com a minha saúde, uma vez que investia toda a minha vida. Só pensei na maneira como iria enfrentar a prova no dia seguinte. No terceiro dia apresentei-me no dojo dando-me coragem. Os meus adversários tinham o ar de quem já estava à minha espera há muito tempo.
Enquanto mudava de roupa sem demora, apercebi-me que murmuravam acerca do meu estado de sofrimento. Mas (depois) seguiram-se uns atrás dos outros violentamente, sem se incomodar com a minha condição, encorajando-se mutuamente com gritos. Tentavam desencorajar-me tanto através de “taîatari” (empurrões, na falta de melhor tradução) como através de kumiuchi.


As dores e o sofrimento eram indescritíveis mas disse-me que, uma vez que tinha investido ali a minha vida, não desistiria, mesmo que morresse. Nesse dia, para além dos dez discípulos, os praticantes mais antigos do dojo faziam também parte dos meus adversários. E cada um deles fez cinco combates contra mim. Ao meio-dia come-se a refeição. Eu contentei-me a descansar, sem conseguir comer nada. Depois, os combates recomeçaram como de manhã. O meu cansaço era tal que a minha consciência flutuava. Tendo perdido o ânimo, fiz o resto dos combates à defesa.
A minha visão estava obscurecida e quase que perdia a consciência. Pensei: “É aqui o lugar da minha morte”. Foi então a vez de um praticante que era sempre muito agressivo. Uma grande cólera apoderou-se de mim e bati-me com toda a força, dizendo para comigo: “Vem, não acabarei sem antes te partir a cabeça.” Nesse estado, esqueci as dores, pois estava cheio de vontade de destruir o meu adversário. No momento em que lhe ia rachar a cabeça, quando elevava o meu shinai, esquecendo-me completamente do meu corpo, o mestre gritou, com uma voz forte, que parasse. Fiquei muito perturbado com esse combate, sem compreender porque razão o mestre me tinha feito parar.

Obedeci, mas já passava das cinco horas e eu ainda não tinha terminado os meus duzentos combates do dia. Queria continuar a combater. O mestre ordenou-me que parasse, eu segui a sua ordem. Ao parar, o meu espírito relaxou-se, senti grandes dores por todo o corpo e não podia fazer nada. Depois de um curto repouso, consegui, com grande esforço, voltar para casa. Não foi como na véspera. Só com a ajuda da minha esposa é que consegui deitar-me. Não consegui dormir um segundo durante toda a noite.
Na manhã do quarto dia, não conseguia efectuar um só gesto e só me levantei da cama com a ajuda da minha mulher. Foi-me impossível tomar o pequeno-almoço. Pensava apenas na maneira como poderia conseguir efectuar os combates desse dia. Nessa manhã chovia. Mas como não conseguia segurar num guarda-chuva, coloquei uma capa por cima da cabeça e cheguei ao dojo com um andar tremido. O mestre já estava à minha espera e perguntou-me: “Como estás?”. Respondi-lhe calmamente, tentando dissimular as dores que atravessavam todo o meu corpo: “Quero continuar.” Então, o mestre disse: “Tu paras.” Não podia fazer outra coisa senão obedecer-lhe...”
Tesshu estava convencido que Kagawa morreria se ele o deixasse continuar.


CONSIDERATIONS ABOUT BUDO: A STUDY FROM KENDO (III)
In order to illustrate what seïgan-tachigirigéïko really was, we present here the testimony written by a kendoka aspiring to achieve the menkyo-kaîden title. One thousand, four hundred combats during seven days. This artcle was obtained and translated, with the authorization by the author, Kenji Tokitsu sensei, at
http://www.tokitsu.com.

An example of “tachigiri”
“On the first day of April, at six o’clock in the morning, my test began… my adversaries, about ten, followed one after the other, each one fighting until he was exhausted. When one was tired, another one would take his place and they’d change their positions like a wheel spinning constantly. I was in very good shape that day and so I even did some “kumiuchi” (close conbat) with violence. I put on my men first thing in the morning and I only took it off in the end. Everytime the cords got loose, the others imediately tied it firmly, so that I could not rest. I only rested a few moments after the twelve o’clock meal. Once I finished the two hundred combats, round about half past five in the afternoon, I said to myself I could repeat that experience for seven days. But fighting for eleven hours, during a whole long spring day is a hard thing to do.
Among the disciples, an older one called Murakami Masatada, observed every fight. He came to my place, while I rested, and told me that the quality of of the combats hadn’t been good enough. “The master is not satisfied. You must do much better, tomorrow.” I promised him I would fight much bravely on the next day. I later knew that he said the same thing to all my adversaries. The second day also started at six in the morning. Like I promised Murakami Masatada the day before, I tried to smash all my opponents the most bravely I could, using strikes but also throwing them. But each one of the ten will return well rested, one after the other. I could only depend upon my shinai. The sweat kept flowing without me being able to clean it and I started to feel thirsty. Lunch time came and I was glad to rest a little. But I couldn’t eat, so I just swallowed two or three eggs.
After the break I restarted the combats, but I felt a deep fatigue and wasn’t capable of moving like I did in the morning. I didn’t succumb and managed to to finish all my fights by the end of the day. While in the dressing room I couldn’t bend my knees. I went home trying to deal with the pain. I went to bed without concerns about my health, since it was my life I was investing in this process. I just tried to figured out how I was going to face things in next day. On the third day I entered the dojo encouraging myself. My adversaries looked like they were waiting for me for a long time. While changing, I realized they were mumbling about my pain and suffering. But (after that) they followed, one after the other, violently against me, without bothering about how I was, encouraging each others by shouting loudly. They tried to descourage me not only by using
“taîatari” (pushing), but also kumiuchi techniques.
The pain and the suffering were hard to describe, but I told myself, once I had invested all my life in this, I would not give up, even if it killed me. That day, other than the ten disciples, the ancient students were also my adversaries. And each one of them made five combats against me. By mid-day one eats our meal. I was happy to rest only, because I didn’t manage to eat anything. After that, the fights restarted. I was so tired that, at times, my conscience floated. Having lost my valiancy, I did the rest of the fights just defending myself.
My vision was blured and I almost lost conscience. I though: “This is the place of my death.” By then, it was time to face a student known to be aggressive and mean. A great fury took over me and I fought harder, while telling myself: “Come on, I won’t finish here without smashing your head.” In such state of mind, I even forgot the pain, I just wanted to destroy my adversary. When I was about to crack is head wide open, while my shinai was already lifted and my body completely forgotten, the master shouted, with a strong voice, ordering me to stop. I was deeply distressed by that fight, and didn´t understand why he made me to stop.
I obeyed his order, but it was now after five o’clock and I hadn’t finished the two hundred fights of the day. I wanted to keep on fighting. The master ordered my to stop, so I followed his order. As soon as I stopped, my spirit relaxed itself, I felt an enourmous pain all over my body and there was nothing I could do about it. After a short rest, I managed to get home with great effort. But it wasn’t like the day before. Only with my wife’s help was I able to lie down in my bed. I didn’t sleep one second during the night. The morning of the fourth day I wasn’t capable of one single gesture and only got up thanks to my wife’s help. It was impossible to eat my breakfast. My only thoughs were about the combats that day. It was raining, that morning. As I couldn’t hold an umbrella I just put a cloth over my head and I arrived at the dojo with my legs shaking. The master was already waiting for me and he asked: “How are you?” I answered calmly, while trying to hide the pain that was going through my entire body: “I want to go on.” Than, the master said: “You’ll stop.” I couldn’t do anything else than obeying him.
Tesshu was convinced that Kagawa would die if he’d let him continue.






18.1.05

REFLEXÃO SOBRE O BUDO: ESTUDO A PARTIR DO KENDO (II)

Continuando as traduções do mestre Tokitsu vamos hoje falar acerca do “Seïgan-tachigirigéïko”. E pensar que ainda há quem se queixe dos exames de kendo dos dias de hoje. Como sempre já sabem que estes e muitos outros textos estão disponíveis em http://www.tokitsu.com.

O Seïgan-tachigiri-géiko de Shunpukan
O conjunto dos adeptos de todo o Japão constituia uma consciência global do nível (da arte) do sabre que, ao mesmo tempo, fazia parte da consciência geral do budo, apesar de o termo ainda não se aplicar na época. Entre os discípulos de Yamaoka Tesshu (1836-1888), aqueles que foram mais longe na Via foram os que efectuaram o “Seïgan-tachigirigéïko”. A palavra “seigan” significa que um discípulo presta juramento de levar o treino ao ponto de, se for o caso, morrer. No dojo de Tesshu, o Shumpukan, existiam três estágios na aplicação do seigan. No primeiro, quando o aluno prestava juramento, Tesshu instruia-o acerca do estado de espírito necessário para levar a cabo a tarefa. Depois, o seus nome era afixado numa placa de madeira branca no dojo e o aluno deveria perseverar durante três anos, sem faltar a um único dia de treino. Por fim, deveria participar no chamado “tachigiri-géïko”. Tratava-se de efectuar, sozinho e sem descanso, duzentos combates de seguida. Depois disso, tornar-se-ia num discípulo de primeiro grau.

Depois de ter passado esse primeiro grau do seigan, se o discípulo continuasse a treinar com determinação durante alguns anos seguidos, poderia tentar atingir o segundo grau. Para isso, deveria executar duzentos combates seguidos por dia, durante três dias consecutivos, num total de seiscentos combates. Ao ultrapassar essa prova, tornava-se discípulo de segundo grau. Depois de vários anos mais de treino intensivo e de experiências várias, o discípulo podia então pedir para executar o terceiro grau de seigan. Nesse caso, deveria efectuar duzentos combates por dia, durante sete dias consecutivos (!). Aqueles que conseguiam superar essas três provas recebiam o título de “menkyo-kaîden” que significa que eram depositários do saber da escola e mestres autorizados a transmiti-lo.


CONSIDERATIONS ABOUT BUDO: A STUDY FROM KENDO (II)
So, we keep on translating Tokitsu sensei’s articles, and today we’ll talk about “Seïgan-tachigirigéïko”. And to think that are people who complains about today’s kendo graduation exams. As you also know, all these articles, and many more, are available at
http://www.tokitsu.com.

The Seïgan-tachigiri-géiko of the Shunpukan
The whole of the adepts, from all over Japan, constituted a global conscience of the levels of the (art of the) sword that, at the same time, was a part of the general conscience of budo, altough the word was not used at the time yet. Between the disciples of Yamaoka Tesshu (1836-1888), those who went far in the Way, were the ones who did “Seïgan-tachigirigéïko”. The word “seigan” meant the disciple had to swear that he would conduct his training to the point of, if necessary, dying for it. In Tesshu’s dojo, the Shumpukan, there were three different stages of seigan. In the first one, after the disciple made his solemn promise, Tesshu would instruct him about the state of mind needed to accomplish the task. Then his name was affixed on a white wood plate at the dojo and he should persevere in his training for three years, without failling one single training day. To conclude, he should undergo “tachigiri-géïko”. Alone and without a rest, he would do two hundred combats in a row. After that, he would then became first degree disciple.
After that first degree of seigan, if the disciple kept on training with determination for a few more years, he could then try to achieve the second degree. To do it, he needed to do two hundred combats a day, in three consecutive days, a total of six hundred combats. By accomplishing it, he would be rewarded with the disciple of second degree title.
Then, after a few more years of intensive training and various experiences, the disciple could apply for his third degree of seigan. In that case he should be able to fight two hundred fights a day, during seven days in a row (!). Those who succeeded received the “menkyo-kaîden” title, meaning they were the depositaries of the school’s wisdom and also masters authorized to transmite it.


14.1.05

REFLEXÃO SOBRE O BUDO: ESTUDO A PARTIR DO KENDO (I)

Este foi, sem dúvida, o texto mais difícil de traduzir até agora. Confesso que, em certos momentos, me perguntei se não estaria a ter mais olhos que barriga.
O texto original já foi difícil de traduzir para português e traduzi-lo a seguir para inglês foi ainda pior. Espero ter conseguido fazer sentido. Se não, sempre podem ler os originais em francês em http://www.tokitsu.com.

A forma de budo que herdamos hoje é fruto de uma muito longa evolução, que vai desde os samurais até ao mestre Kano. Jigoro Kano constituiu o judo a partir do seu estudo sobre o jujutsu, que é o prolongamento e o complemento da arte do sabre dos samurais. E foi apoiando-se no modelo do judo que a arte do sabre foi renovada com o uso do termo “kendo”.
A partir de agora vamos concentrar a nossa atenção sobre o primeiro período de formação do budo moderno no Japão. Fala-se frequentemente do budo, mas o que é o budo exactamente? Essa questão pode ser esclarecida com o estudo da formação do kendo moderno.

A arte do sabre, o kendo e depois o budo.
Comecemos por dizer que não se deve confundir o kendo com a arte do sabre dos samurais. O nome atribuído à arte do sabre dos samurais varia segundo as épocas e as escolas: kenjutsu, gékiken, heiho, hyôho, bugeï, tôjutsu, etc. O uso da palavra kendo só se generaliza no início do século XX com a ideia moderna de budo. Budo é a palavra moderna que designa a prática das artes marciais japonesas no seu conjunto. É confundido por vezes, erradamente, com a palavra “bushido” usada para designar o conjunto de princípios morais dos samurais (bushi) na sua globalidade, incluindo, bem entendido, a prática das artes marciais. O fundamento material do bushido desaparece com a abolição da sociedade feudal no começo da era Meiji (1868-1912). Mas a maneira de pensar e de agir própria da classe dos samurais não se apaga imediatamente, mesmo quando o estatuto de samurai deixa de ser admissível na nova sociedade. Ela vai impregnar, pouco a pouco e em profundidade, a consciência dos japoneses, se bem que pareça, por vezes, que desapareceu. É no decurso desta transformação cultural do Japão que se constitui o budo moderno. Assim, o budo não é uma retoma (chamemos-lhe assim) directa da prática dos samurais. O termo budo foi utilizado pela primeira vez a propósito do judo e todos sabemos que o judo foi formado por Jigoro Kano no decurso da década de 1880.
O que confere de imediato a qualidade intrínseca do budo é, antes de mais, o espírito com que o mesmo se pratica, procurando a sua profundidade e depois, a forma técnica de disciplina que ele assume. O karaté torna-se budo a partir do momento em que adquire essas duas qualidades determinantes. Podemos dizer que o estado de espírito do budo é, em parte, uma continuidade do bushido.
J. Kano constituiu o judo a partir do seu estudo do jujutsu, que é o prolongamento e o complemento da arte do sabre dos samurais. No jujutsu dos samurais, o sabre estava presente, tanto em espírito como em técnica, como um centro nodal. É nesse sentido que convém ver a relação entre o judo de J. Kano e a tradição da arte do sabre. Nos anos de 1880, enquanto os adeptos do sabre continuam com a sua arte mas sem lhe conseguir atribuir uma definição moderna, principalmente por causa da riqueza da sua tradição, Kano, com o seu judo, avança com a uma concepção moderna. E é apoiando-se nesse modelo do judo, que o sabre se redefine no termo kendo. Mas é preciso notar que o fundamento do judo provém da tradição do sabre. Porque é que essa tradição foi assim tão importante? Os exemplos que se seguem ajudarão a compreender melhor, pois convém que se entenda bem com que intensidade os adeptos do sabre investiam na sua arte, em busca de um nível mais elevado.


CONSIDERATIONS ABOUT BUDO: A STUDY FROM KENDO (I)
This one was, without a doubt, the most difficult article to translate so far. I must confess that, at times, I asked myself if I wasn't trying to take a bigger step than my legs allowed me to.
The original was already hard to translate to portuguese and to translate it, afterwords, to english was even worse. I just hope I was able to make any sense. If not, well, the originals, in french, are available at http://www.tokitsu.com.

The form of budo we inherit today is the result of a long evolution, from the samurai to master Kano. Jigoro Kano built judo from his study on jujutsu, wich is an extension and a complement to the art of sword of the samurai. And it was by following the judo model that the art of the sword was renewed with the use of the word “kendo”.
From now on we’ll concentrate our attention over the first period of the establishment of modern japanese budo. One often hears about budo, but what is budo, exactly? That question can be answered by studying the development of modern kendo.


The art of the sword, kendo and budo.
Let’s start by saying that one must not confuse kendo with the art of the sword of the samurai. The name given to sword art varies according to the eras and the schools: kenjutsu, gékiken, heiho, hyôho, bugeï, tôjutsu, etc. The use of the word kendo starts only in the beginning of the XX century with the modern idea of budo. Budo is modern word to define the practice of the japanese martial arts as a whole. Budo is sometimes confused with Bushido, word used to designate the set of morals that ruled the samurai’s (bushi) lifes, including, of course, the practice of martial arts. The material foundation of Bushido vanishes with the abolition of the japanese feudal society in the beginning of the Meiji period (1868-1912). But the specific way of thinking and acting of the samurai class didn’t just disappeared immediately, even when the samurai status is no longer permitted amidst the new society. And that same way of thinking is going to impregnate, little by little and in depth, the conscience of the japanese people, although sometimes it looks like it disappeares. In the middle of this cultural transformation of Japan, that’s where modern budo is built. So, you see, budo is not a remake of the samurai way of practice. Nthe word budo was used for the first time regarding judo and we all know that judo was created by Jigoro Kano during the 1880 decade.
The thing that imediately gives it a intrisical quality is, first of all, the spirit that one practices budo with, searching for it’s depth and, second, the (kind of) discipline format that it assumes. Karaté becomes budo from the moment it acquires those two crucial qualities. One can say that budo’s state of mind is, part of it, bushido’s continuity.
J. Kano built judo from his study of jujutsu, wich is the prolongation and the complement of the sword art of the samurai. In the samurai jujutsu, the sword was present, in spirit as much as in the technique, as a nodal center. That’s the way one should look at the relation between Kano’s judo and the tradition of the art of the sword. During the decade of the 1880, while sword adepts continue to practice their art, and kept on failling to achieve a modern definition for it, mostly due to it’s incredibly rich traditions, Kano, with his judo, presented a modern concept. It is using judo’s modern model that the sword redefines itself in kendo. But, at the same time, one must not forget that the foundation of judo comes from the sword tradition. And why is that tradition so important? The examples that follow will help to understand it better, because it’s necessary to understand the intensity the sword followers invested in their art, when in search for a higher level.

11.1.05

ACHO QUE NÃO MERECEM, MAS ENFIM...

Esta entrada serve apenas para fazer (mais) uma chamada acerca do site da Associação Portuguesa de Kendo. E o título justifica-se porque acho que se portaram muito mal comigo. Atão não é que tiraram dos downloads o meu "menino"??? Sim, aquela opera prima em formato de mini-documentário que eu fiz sobre kendo?
Estou devastado. Acabado. Só não estou de joelhos porque acho que não é, assim, digamos, uma posição muito digna, adiante... o site da APK está em http://www.kendo.pt e lá poderão encontrar tudo o que necessitam (menos um filme extremamente educativo que lá havia) para compreender o que é (porque é, de onde é e onde é que se pratica) o kendo.

I THINK THEY DON'T DESERVE IT, BUT...
This post is just a(nother) reminder about the Portuguese Kendo Association's website. The title relates to the fact that they removed my "little baby" from the downloads page. Yes, my opera prima, the mini-documentary I did about kendo.
I'm devasted. Finished. I'm not on my knees only because it's not a, well, very dignifying position to be to begin with, but... hey, moving on, so the APK site is at http://www.kendo.pt and, there you can find everything you need (except for an extremely educational video that used to be there) to understand what is (why it is, from where and where to practise) kendo.