28.5.07

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA) 50

Segunda feira, 29 de Maio 2007

Hoje tivemos direito a um discurso melhorado no fim do treino.

Uma vez que praticamente não treinou (esqueceu-se do keiko-gi em casa) o senhor Osaka apenas orientou o treino e pôde observar melhor o que se passou com o povo.

Assim, quando o treino chegou ao fim, debruçou a sua atenção sobre a nossa atitude durante o ji-geiko a que assistiu e do qual fomos, obviamente, os protagonistas.
Segundo ele, todos nós estamos (ainda) muito preocupados em não ser atingidos. Levamos ji-geiko como se fosse competição só que sem o fighting spirit... ou seja, em vez de usarmos o combate livre como um meio de aperfeiçoar, e corrigir, o nosso kendo, ficamos numa zona onde devido ao "medo de perder" apenas amontoamos mais e mais defeitos.

Ji-geiko não é shiai.

Pode-se e deve-se arriscar e fazer coisas melhores e mais bem feitas. Não é preciso que se esteja constantemente "à defesa".

Não é vergonha sofrer, sei lá, de-gote se isso acontecer porque tentámos fazer uma técnica que não usamos habitualmente e que obviamente não saiu bem.
E nunca sairá e o "nível do kendo assim não evolui", concluiu o sensei Osaka, se não deixarmos de ter medo, ou vergonha, de ser atingidos pelos colegas de keiko.

E, em seguida... em seguida acabou.

Quarta há mais. Sayonara.

ELE HÁ COISAS...

É por estas (e por outras) que eu acho, cada vez mais, que o kendo é lindo, carago.

Reparem bem no jodan kamae do senhor da direita. Notam algo estranho???

http://www.youtube.com/watch?v=rqjbFYcpxD4

Isto só visto, de facto.

O sensei Osaka já me tinha falado nisto, mas como uma coisa que se usava no tempo da Maria Cachucha... mas eu NUNCA tinha visto ou imaginado ver sequer.

26.5.07

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA) 49

Sexta-feira, 26 de Maio 2007

Mais uma aula dedicada em grande parte a Bokuto Waza.

No final, depois de algum kakari-geiko à mistura com uns minutos de ji-geiko, as palavras do senhor Osaka foram dedicadas exclusivamente a incitar-nos a usar o que aprendemos com Bokuto ni Yoru Kendo Kihon Waza Keiko Ho para melhorar a qualidade do nosso kendo.
E reparem que ele não disse "para ser mais rápido" ou "para marcar mais ippons" ou coisa que o valha.

Não. Trata-se de aprender e compreender melhor ma-ai, a utilizar bem as partes certas do shinai, a deslocar-se correctamente*, etc, etc, tudo para poder ter um kendo mais bonito, mais bem feito.
Claro que se se aprender a fazer kendo mais elegante e de melhor qualidade, inevitavelmente também se aprenderá a marcar mais ippons e a ser mais rápido, mas o caminho deve ser percorrido da maneira correcta. Essa é que é essa.

E pronto, lá se foi a primeira semana de sempre (que eu me lembre) em que todos os dias houve uma parte dedicada ao estudo de Bokuto Waza.

Abayo.

* Faz lembrar qualquer coisa... hum... kata???

24.5.07

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA) 48

Quarta-feira, 23 de Maio 2007

Pela segunda vez, grande parte do treino foi dedicada a Bokuto Ni Yoru Waza.

Limámos umas arestas que permaneciam do primeiro treino e, quando re-agarrámos nos shinais, aproximámos a nossa técnica um pouquinho mais das técnicas com katana que estão na base do kendo moderno.
E essa é a ideia, por isso... só vantagens.

No fim, Osaka sensei realçou mais uma vez o papel fundamental de Motodachi (desta vez) na prática de Bokuto Waza.

- Se Motodachi é mau, Kakarité também é mau... tudo é mau.

E eu que fui o Motodachi dele durante todas as demonstrações... ups.

23.5.07

IPPON-ME: SUTEMI-NO-ITTO E PECADO CAPITAL.

Diz um velho ditado do kendo que: “Deve-se praticar kata com o mesmo espírito de combate e praticar combate com o mesmo espírito de kata.”

Na “descrição oficial” de Ippon-me o ataque que uchi-dachi executa é, entre outros pormenores, descrito como um ataque que contenha, e demonstre, sutemi.
Para ser mais exacto, o ataque em causa designa-se: men sutemi-no-itto.

(Fazemos aqui um pequeno intróito para dar algumas pistas aos leitores menos atentos acerca do assunto deste post. Para tal recorremos ao nosso já indispensável Dicionário de Kendo Japonês-Inglês, publicado pela Zen Nippon Kendo Renmei, que define o conceito de sutemi nos seguintes termos:

Sute-mi (subs.) – O estado de se entregar completamente (para cumprir um objectivo) mesmo que isso ponha em risco a própria vida; (durante um campeonato) atacar e tentar marcar com um único golpe, sem se preocupar com a eventual (Nota Trad.: e natural) reacção do adversário.)

Assim, e para o comprovar, depois de uchi-dachi ver o seu corte evitado por shi-dachi, vê-se ele próprio numa situação bastante vulnerável, simbolizada pela inclinação acentuada em que o seu corpo se encontra quando termina o mencionado kata.

Aquilo que em princípio parecia ser um ataque bem executado, compenetrado, um ataque “com tudo”, chamemos-lhe assim, terminaria com um resultado, no mínimo, difícil de suportar para o atacante, caso o recontro se tratasse de mais do que um mero exercício de treino, ou seja, terminaria com a sua morte.

Claro que isto podia facilmente levar-nos a considerações filosóficas intermináveis acerca do enquadramento tradicional do suícidio ritual na sociedade japonesa, ao seppuku (erradamente também conhecido como hara-kiri), aos kami-kaze, etc, etc, etc.

Mas não vamos por aí. A pergunta que me atormenta a alma de kendoka neste instante é mais ou menos esta: o ataque executado por uchi-dachi, e o tal sutemi que lhe está associado, representam a última esperança do atacante ou são, pelo contrário, (já) um sinal de desespero?

Afinal, sutemi é suicídio ou esperança?

Vamos lá então tentar dissecar um bocadinho mais ippon-me e o seu men sutemi-no-itto. Para tal vamos ter de recuar uns anitos, mais de uma centena deles, até 1906, ano em que o primeiro comité encarregado de criar uma versão unificada dos kata praticados pelos diferentes ryu(s) de kenjutsu apresentou a sua proposta.
Dirigido por Watanabe Noboru, o referido grupo de peritos apresentou os resultados dos seus esforços na forma de (apenas) 3 kata.: Jodan (ten=céu), Chudan (chi=terra) e Gedan (jin=humano).

Por motivos que não interessam agora, essa primeira versão nunca foi divulgada e seria preciso esperar até 1912, altura em que o segundo comité, composto por cinco dos maiores mestres de kenjutsu da época Negishi Shingoro, Tsuji Shimpei, Naito Takaharu, Monna Tadashi e Takano Sasaburo apresentou os Dai Nippon Teikoku Kendo Kata (Kendo Kata do Grande Japão Imperial) que consistiam em 7 kata de tachi contra tachi e 3 kata de tachi contra kodachi, para que se começasse a praticar kata de uma forma unificada e bastante semelhante à que ainda se pratica hoje.
Mas desse primeiro comité, para além da flagrante falha em conseguir convencer os seus conterrãneos das vantagens do seu método, desse primeiro comité alguma coisa ficou.
Na verdade, duas coisas essenciais permaneceram na versão de 1912. As guardas dos 3 primeiros kata permaneceram as mesmas, Jodan, Chudan e Gedan, e por outro lado, o facto de esses 3 primeiros kata terem sido criados e dirigidos especialmente para a aprendizagem das crianças nas escolas públicas.

E isto diz-nos o quê acerca de ippon-me? Bom, Ippon-me é uma kata muito especial, não só por ser a primeira, mas também pelos ensinamentos que encerra. Senão vejamos, quais seriam os “resultados práticos” para o atacante, uchi-dachi, dos 3 primeiros kata?

Ippon-me – Uchi-dachi morre.
Nihon-me - Uchi-dachi fica sem a mão direita, mas sobrevive.
Sambon-me - Uchi-dachi não fica ferido sequer, mas recebe uma lição de humildade e termina contemplando a morte, representada pela lâmina de shi-dachi colocada bem no meio dos seus olhos.

Tudo estaria “muito bem”, não fosse o facto de, segundo os princípios budistas, tirar a vida a qualquer ser vivo, SER O PECADO MAIS HEDIONDO QUE SE PODE COMETER.

Ambos assumem jodan e encaminham-se um para o outro com auto-confiança...” assim diz a descrição original do kata. Ambos se apresentam em jodan-no-kamae. A kamae celeste, pontas dos sabres apontadas para o céu. Desta forma, ambos afirmam a justeza das suas convicções e a sua correcção. Este será um embate do certo contra o certo.

Como nenhum deles é movido pelo mal, em teoria, este combate será ganho pelo que apresentar, não só superioridade técnica, mas sim um melhor entendimento de shin-ki-ryoku-itchi (a união da mente, do espirito e da técnica).
Vista desta forma, Ippon-me é bem ilustrativa do primeiro estágio de aprendizagem da via da espada, pois representa o poder e a habilidade técnica necessárias à aplicação daquilo que se acredita ser certo.

Mas, e perguntarão, está certo matar? Mesmo na situação descrita, em que nos tentam matar a nós primeiro? A importância dos princípios do Budismo no Budo nunca deve ser minimizada. De acordo com os principios budistas, já o disse antes, não. Não está certo. E para o provar, na verdade, para se penitenciar do pecado que é tirar a vida a outro ser, a atitude de shi-dachi irá mudar nos dois katas seguintes.

E sutemi, no meio de isto tudo? Voltaremos a falar acerca do assunto no próximo post intitulado

NIHON-ME: A REDENÇÃO.

Até.

21.5.07

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA) 47

Segunda-feira, 21 de Maio 2007

Bokuto ni Yoru Kendo Kihon Waza Keiko Ho. Pela primeira vez, hoje, pratiquei-o dirigido pelo sensei Osaka.
Já tinha tido keiko de Bokuto Waza em Kitamoto, mas nunca com o senhor Osaka. Foi uma experiência enriquecedora.

É que, ao contrário de muita gente, que o considera como uma coisa ideal para crianças e jovens liceais, eu, desde o primeiro momento que tive contacto com ele, acho que Bokuto Waza é uma das melhores maneiras de ensinar (e compreender) as origens das técnicas que utilizamos todos os dias com o shinai. Um pouco como kendo kata, só que mais simples.

A utilização correcta do shinogi, a noção de ma-ai... hasuji... está lá tudo.

E sem nenhuma das preocupações estéticas e formais de kendo kata. Tão simples, na verdade.

No fim, depois de 100 kirikaeshi, o sensei disse-nos apenas que 100 (às vezes 200) era como se fazia no Japão antes de acabar um treino normal.
E voltou a insistir num sho-men uchi forte (como um ippon) sempre no final de cada série.

E pronto, quarta há mais.

19.5.07

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA) 46

Sexta-feira, 18 de Maio 2007.

"Mais calor, mais kiai."

Foram estas as únicas palavras do sensei Osaka no dia em que, 3 meses depois, voltei a fazer ji-geiko contra ele.

Está forte.

Nem me atrevi a fazer jodan. Usar a minha "arma secreta" contra ele? Só ia servir para ficar ainda mais deprimido em relação às minhas actuais (e muito pobres) capacidades de "gestão simbólica de conflitos".

Levei uma tareia em chudan e já foi muito bom.

Está muito forte.

Fui-me.

17.5.07

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA) 45

Quarta-feira, 16 de Maio 2007

A aula foi calma hoje.
Toda a gente achou isso.
Até EU achei isso, mesmo depois de quase 3 meses sem treinar.
Foi calma... kirikaeshi, kakari-geiko, ji-geiko... alto lá.
Uma aula assim tem todos os ingredientes para ser uma aula espectacular. Se calhar, e talvez devido à minha pequena constipação, não dei tudo o que tinha para dar... ?

Pois foi acerca disso mesmo, de dar tudo, que o sensei Osaka falou no fim do treino. Especificamente, acerca de dar tudo no sho-men que antecede, e que conclui, cada série de sayu-men de cada kirikaeshi.

Segundo ele, sho-men num kirikaeshi deve ser SEMPRE executado como se fosse para marcar ippon.

Por outras palavras, com todo o ki-ken-tai no itchi que se arranjar lá no fundo do... do... pulmão, ou de onde quer que seja que se vai buscar a força para fazer cada kirikaeshi nosso de cada dia... de keiko.

Pronto. Foi só... ah... também falou da distãncia ideal para se executar kirikaeshi, mas acho que isso ninguém ouviu.
Nunca ninguém ouve.

Até sexta.

15.5.07

FUDOSHIN

Fudoshin significa "mente imóvel" (ou amovível) e é um conceito comum a outras artes marciais para além do kendo.
Fudoshin é também o título de um documentário dedicado a Miyazaki Masahiro.
Olha o trailer aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=z9TKs0tzlLM

O homem é o maior.
O quê? Eiga?... Oh pá, não me façam rir que tenho cieiro nos lábios...

10.5.07

PORTUGAL VERSUS SUÉCIA ( 21º EKC, LISBOA)

Andava eu a dar um passeio pelos video-googles e youtubes da vida quando descobri isto:

http://video.google.com/videoplay?docid=6150096272023145695&q=kendo+portugal

Não sei a origem e, na verdade, nem me preocupo em saber.
Mas é interessante.

9.5.07

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA) 44

Quarta feira, 9 de Maio 2007

Dia fixe, calminho. Não "morri" pelo caminho.

Kirikaeshi (claro), shomen-uchi, uchikomi-geiko, kakari-geiko... o costume. e um bocadinho, uns 5 minutos ou 6, de ji-geikooooo. Ahahahah.

Há 3 meses que não fazia ji-geiko. Que gozo. Combati com o Jorge e depois com o Joni. Devo ter estado muito mal... mas soube muito bem. E quando já me sentia mais à-vontade e comecei a fazer jodan contra o "semi-japonês"... acabou-se o ji-geiko.

No fim, o sensei referiu que quando se faz treino com vários motodachi, como foi o caso de hoje, deve sempre procurar-se um motodachi que esteja livre e nunca empatar ou ficar a olhar sem treinar.

E disse outra coisa qualquer que agora não me lembro. Deve ter sido qualquer coisa relacionada com tentar fazer bem kirikaeshi, uchikomi-geiko e kakari-geiko. É que essa é a única forma de o kendo se tornar mais forte, mais definido... numa palavra: melhor.

É isso mesmo. Foi isso mesmo que ele disse.

E "magister dixit" está dixito.

7.5.07

A PALAVRA DO SENHOR (OSAKA) 43

Segunda-feira, 7 de Maio 2007.

Um dia sem treinar e o teu corpo nota.
Uma semana sem treinar e o teu adversário nota.
Um mês sem treinar e a assistência inteira nota.

Eu não treinava desde 14 de Fevereiro.

Tou quasequasequase, quase morto.

Tudo no treino de hoje me correu... esquisito. Isso, esquisito é uma palavra boa.

Adorei voltar a vestir o bogu andar à paulada, não haja ilusões acerca disso, mas não correu bem... não correu... a mão esquerda doía e não estava a funcionar correctamente, tanto que fiz uma bolha, no polegar claro; o ki-ken-tai não estava no-itchi; o meu kirikaeshi parecia as pás um helicóptero russo avariado, o uchikomi-geiko foi desastroso, o kakari-geiko um pesadelo.

Enfim, quem estava fresco que nem uma alface era o nosso incansável sensei Osaka (kendo nanadan, tirar chapéus por favor... ok, siga) que no final do treino se referiu às idiossincrasías de uchikomi-geiko e de kakari-geiko, dizendo que quando se faz uchikomi-geiko deve existir a preocupação de fazer movimentos maiores e mais bem feitos (donde o facto de motodachi, oferecer "os alvos" e facilitar a execução de kakarite); já quando se executa kakari-geiko, o importante é fazer rápido mesmo que durante pouco tempo. Manter um bom ritmo por pouco tempo (que seja) é o mais importante.
"Não pensar, fazer." dizia o senhor japonês. Cansado? Paciência.

Isso, paciência.

Quarta-feira será melhor...

... espero... digo eu.

CAMPEONATOS DA EUROPA DE KENDO 2007: CRÓNICA DA VITÓRIA DE PORTUGAL.

Este texto foi concluído na quarta-feira, 10 de Janeiro de 2007, às 16h:22m:23s.

Disseram-me: “Escreve um texto para a revista Kendo-World sobre o kendo em Portugal e os campeonatos da Europa de 2007... e despacha-te.”

E cá estou eu, enfrentando a tradicional folha em branco, cada vez com menos tempo para resolver a situação. A noite vai já avançada e a musa parece estar em vias de ser declarada como shiai-funo-sha (ausente, incapacitada para o combate).
Não fosse o facto de ser uma folha digital, e não de papel verdadeiro, e o cliché não poderia ser mais completo.

Para desanuviar atiro-me para cima do sofá e tento fazer divergir os meus pensamentos. Ligo a TV.
Num dos canais estatais, no telejornal da meia-noite, o pivot conversa com dois comentadores “especializados” em desporto sobre as possibilidades da selecção lusitana nos próximos campeonatos da Europa de kendo, os quais se realizarão em Abril de 2007 na capital portuguesa....

zap... salto para o outro canal estatal e um eminente historiador traça o percurso do kendo em Portugal, desde os primeiros tempos, no princípio dos anos oitenta. Sistemático o catedrático leva-nos ao tempo em que um pequeno núcleo de praticantes do então Budokan de Portugal, mais tarde liderados por Karan Tetsuo (7º Dan Kendo, 5º Dan Iaido) natural de Miyazaki, Kyushu, iniciaram uma prática regular da esgrima japonesa... “foi neste mesmo lugar, neste mesmo dojo, corria então o ano de 1986, que Karan Tetsuo...”

zap... primeiro canal privado... representantes das claques apoiantes das diferentes associações nacionais de kendo, discutem as ídiossincrasias dos kendokas do sul comparativamente com as do centro e norte do país... entra bloco comercial... “Agora em DVD, toda a emoção do último campeonato nacional de kendo. Duas horas com os melhores ippons, os momentos mais dramáticos e mais decisivos da temporada....e a alegria dos vencedores apurados para a selecção do Euro 2007. Tudo num fantástico DVD, por apenas...“

zap... segundo canal privado... uma entrevista, em repetição, de Masakiyo Osaka sensei: “Quais foram as suas primeiras impressões quando chegou a Portugal em 1989, e como via a prática do kendo nesses tempos, comparada com o sucesso que o mesmo tem hoje?”... já vi isto antes... ele era godan na altura, depois mostram-no, já rokudan, a receber uma medalha comemorativa dos seus quinze anos de prática em Portugal...

zap... Canal de História: numas imagens de arquivo referentes ao Campeonato da Europa De Kendo de Bern, 2005, o presidente da Associação Portuguesa de Kendo (APK), Dr. Nuno Serrano, recebe o estandarte da EKF, como prova de compromisso da APK para a realização, em Lisboa, dos 21ºs campeo...

zap... SportTv... você vai poder assistir em directo e na integra, só aqui na SportTv, ao acontecimento desportivo de 2007. Contacte já a CableTv e assine este Pay-Per-View Especial Kendo 2007...

zap... canal de vendas...
- ... mas não é só, Jim - que dobragem horrível - ao adquirir este fantástico bogu, made in Taiwan, sabes o que é que podes ganhar?” – mas Jim não sabe, Jim não faz a mínima ideia. - pois então, seis bio-shinais, seis...
- Seis Jack? Seis bio-shinais?
- Sim Jim, mas há mais:
- Que é que queres dizer com isso, Jack?
- Olha para ali. – Jim está espantado, custa-lhe a acreditar, mas Jack não pára - vês esta caixa de DVD’s? – Jim acena e agora até eu fico curioso - é o DVd triplo da autoria de Chiba sensei... - dou um salto, o comando cai ao chão e o aparelho de TV desliga-se repentinamente.

Agarro-o rapidamente e parto em busca do DVD triplo de Chiba sensei.
Ligo de novo no canal onde estava sintonizado, mas tudo o que se me depara é um debate sobre a presumivel (e ilícita?) apropriação e utilização por parte da comunidade gay da imagem de um conhecido jogador de futebol português ao serviço do Manchester United.
“Zapo” com toda a minha energia, mas em vão. O Canal de História fala agora das rivalidades entre o Real Madrid e o Barcelona, nos canais portugueses, em todos eles, discute-se o resumo e os golos da jornada do fim-de-semana...

A minha desilusão só tem comparação com a tristeza que sinto. Apercebo-me que tudo não passou de um sonho e volto com esforço para o computador.

A folha ainda lá está, na mesma.

O meu problema mantém-se: como explicar a toda uma comunidade internacional a importãncia que um evento como um campeonato da europa tem para os praticantes de um país como Portugal? Um país com uma comunidade japonesa residente que rondará, talvez, as trezentas pessoas e onde o kendo é praticado há pouco mais de vinte anos?
Começo a duvidar se tal explicação será possível ou se fará sequer sentido, mas há apenas uma coisa de que eu tenho a certeza. E isso é que a APK e todos os seus associados e voluntários vão fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que este campeonato seja inesquecível para todos os participantes.

As estações de TV não vão entrar em guerra pelos direitos de cobertura do campeonato? Provavelmente não. Os jornais desportivos, caso haja falta de escãndalos relacionados com a arbitragem de futebol, talvez dispensem um pequeno espaço para um notícia minúscula? Provavelmente sim.


Mas isso é o que menos importa, com maior ou menor cobertura mediática, melhores ou piores resultados desportivos, o 21º Campeonato da Europa da Kendo em Lisboa será um sucesso.
“Como pode ele afirmar semelhante coisa?” – perguntarão talvez os leitores mais incrédulos?
A verdade é que, para nós, kendokas de Portugal, só o facto de a European Kendo Federation ter confiado a uma pequena e recente associação nacional como a portuguesa, a tarefa de organizar os campeonatos, só isso já é uma vitória.
Se acrescentarmos a possibilidade aprender que tal evento representa, bem como a quantidade de informação e de experiências que serão trocadas ao longo dos 3 dias de provas e exames, então não tenho menor dúvida: Portugal (já) ganhou o Campeonato da Europa 2007.

Já ganhámos, digo-vos eu.

E isso é um sonho que, ainda os campeonatos não se realizaram e, esse sim, já é uma realidade.

2.5.07

PARABÉNS OSAKA SENSEI (KENDO NANADAN)

Muitos parabéns para o sensei Masakiyo Osaka pelo bem sucedido shinsa de domingo passado, no qual obteve o seu nanadan.
(Como, aliás, já era de esperar.)
Agora é só mais sete anitos e já poderá candidatar-se ao exame cuja taxa de sucesso é uma das mais baixas do mundo... o de oitavo dan de kendo.

Gambatte Osaka san.