A noção de maai é frequentemente traduzida pelos praticantes de artes marciais japonesas como distância.
Mas o facto é que a palavra maai é composta por duas outras palavras. E se a segunda, o verbo “ai”, se aplica para definir o encontro entre duas ou mais pessoas (ou objectos), já a primeira, “ma”, exprime não apenas distância, ou seja, um intervalo espacial entre sujeitos, mas também um intervalo temporal (podendo até ser utilizada para definir um momento de mudança de ritmo, por exemplo, numa música).
Ora bom, sendo assim e segundo este prisma, maai seria definido através de uma expressão semelhante a: “maai é o intervalo de espaço e de tempo, mas também o movimento de aproximação e/ou afastamento, existente entre dois opositores”.
Para entender melhor a importãncia de maai na prática diária, basta pensar em certo tipo adversários que aparecem de tempos a tempos e com os quais nenhuma técnica parece funcionar seja a que distância fôr.
De facto, o que se passa é que somos muitas vezes levados a pensar que, uma vez atingida a “distância” denominada como issoku-itto no ma (fig. 1), nos encontramos numa situação, tal como a expressão se auto-define de “um passo de distãncia” do adversário. E se eu estou a um passo de distãncia, nada mais natural que ele, o meu adversário, também esteja.
Fig. 1
Por outras palavras, estamos numa situação de “igualdade”, certo? Errado! Nada mais errado.
Issoku-itto no ma (aliás, tal e qual como chika-ma ou to-ma) deve ser uma distãncia subjectiva e individual. A denominação clássica tem muito mais a ver com a posição dos shinais do que com a efectividade técnica ou facilidade de execução que daí possa resultar.
Issoku-itto no ma, tal como nos é ensinada no kendo, é uma referência, mais que isso, diria que é uma convenção.
Não se “deixem levar” pela definição que remete para a posição das pontas cruzadas dos shinais. Esqueçam por uns instantes a imagem acima e imaginem um kendoka de um metro e noventa e oito de altura, enfrentando um outro com um metro e cinquenta e cinco.
É fácil perceber que “um passo de distância”, e mesmo com as pontas dos shinais na sua posição convencional, possa ser uma expressão que, nessa situação, resuma realidades extremamente diferentes para essas duas pessoas.
A ideia de maai está estreitamente ligada, diria até que é inútil, sem a compreensão dos conceitos de hyoshi e de yomi.
Por isso mesmo, no próximo post vamos falar de hyoshi que, em linguagem de kendo, remete para o ritmo e a movimentação, tanto do shinai como do corpo.
Abayo.
1 comentário:
Que regresso em grande Usagi-san. Muito bom!! ADOREI este post.Bom trabalho.
He he...vou esperar pela continuação antes colocar as minhas questões :D~
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