Bom, é óbvio que por esta altura não se fala noutra coisa, mas é sempre bom lembrar que nos próximos dias 19 e 20 de Março se realiza o 1º Estágio Internacional de Kendo no Porto, que conta com a presença do sensei Taro Ariga e do "nosso" sensei Masakyio Osaka.
Todas as informações adicionais sobre preço, calendário de aulas e tudo o resto, estão disponíveis na página da APK (http://www.kendo.pt), que inclui ainda um resumo do curriculum vitae do senhor Ariga.
REMINDER
Well, it's more than obvious that, here, everybody is talking about it, but it's always good to remember that on March the 19th and 20th the 1st International Kendo Seminar takes place in Oporto, with the presence of Taro Ariga sensei and "our" Masakyio Osaka sensei.
All additional informations about price, calendar of classes and so on, are available at the APK website (http://www.kendo.pt), which also includes parts of mister Ariga's curriculum vitae.
24.2.05
23.2.05
O RIVAL.
Depois de termos falado sobre Sazaburo Takano, vamos agora conhecer só um episódio da vida do homem que seria o seu rival de uma vida inteira: Takaharu Naîto.
É nessa época que aquele que será toda a vida o seu rival na via do sabre passa a ocupar um lugar no espírito de S. Takano.
O dojo Takano faz parte da corrente Nakanishi da escola Itto-ryu e tem por “concorrente” o dojo Henmi, situado a 12 km de Chichibu. Esse dojo é o centro da escola Kôgen-itto-ryu que, com os seus 8 outros dojos, conta cerca de 3000 alunos. Numerosos adeptos, alguns provenientes de outras províncias, frequentam-no atraídos pela sua reputação. O mestre principal é o sexto sucessor, Aîsaku Henmi. S. Takano ouve contar um acontecimento que acaba de produzir no dojo Henmi. Alguns dias antes, A. Henmi recebera um jovem adepto “musha-shugyo” que solicitara um treino. Foi recebido segundo os costumes do dojo. Ainda mal acabara de saudar o mestre, vestiu a sua armadura e colocou-se no centro do dojo. Todos os alunos do dojo lhe fizeram face, sucessivamente, em conbate livre (ji-geiko). A boa educação para com um praticante “musha-shugyo” é de o confrontar com um treino de tal forma vigoroso que só consiga sair “de gatas” do dojo. Assim, a honra do dojo é defendida e o adepto pode beneficiar do contributo do dojo que visita (N.Tr.: a palavra ideal seria “desafia”). Eis porque as viagens em “musha-shugyo” requerem uma grande capacidade física e grande determinação.
Geralmente, ao fim de 3 ou 4 horas o adepto, recebido de semelhante maneira, anuncia que atingiu o seu limite e cai por terra. Esse jovem perito, no entanto, continuara durante 7 horas, sem retirar a armadura. Todos os praticantes do dojo Henmi estavam convencidos que o fariam sucumbir como era hábito e a sua atitude transforma-se em respeito para com aquele excepcional jovem adepto.
Depois de sete horas de desempenho incrível, esse jovem come com apetite a refeição oferecida pelo dojo. Antes de partir, ajuda nos trabalhos da casa como forma de agradecimento pelo acolhimento. A sua força não se tinha esgotado depois da proeza.
Esse homem estava modestamente vestido, dormia sob as estrelas, ou abrigado sob o tecto de um templo, e muitas vezes não comia mais do que os legumes crus que os camponeses lhe ofereciam. Ele aprofundava-se a via do sabre visitando dojos célebres. Era isso o “musha-shugyo”.
S. Takano pergunta o nome dele. Respondem-lhe: “Ele chama-se Takaharu Naîto.”
Esse nome fica-lhe gravado na memória e a imagem desse homem surge-lhe, de tempos a tempos, como uma crítica em relação à sua vida de mestre de sabre de província. “Enquanto eu vivo e progrido no sabre em condições tranquilas e confortáveis, “ele” caminha sozinho e dorme no meio da natureza para aperfeiçoar o seu sabre. Onde estará neste momento?”
THE RIVAL.
After talking so much about Sazaburo Takano, we’re now going to speak a little bit, just a small episode, about the man who would be Takano’s lifetime great rival: Takaharu Naîto.
It’s around those days that the man who will be S. Takano’s rival in the way of the sword, started occupying a place inside his mind.
The Takano dojo is part of the Nakanishi Itto-ryu school dojos and it faces the “competion” of the Henmi dojo, situated some 12 km from Chichibu. That dojo is the center of the Kôgen-itto-ryu school that, along with 8 other dojos, has around 3000 students. Lots of experts, some from other provinces, attend classes there, attracted by its reputation. The main master and sixth successor is Aîsaku Henmi. S. Takano listens to an event that just took place in the Henmi dojo. Just a few days earlier, A. Henmi received a young expert doing “musha-shugyo”, who asked for a training. He was received according to the dojo’s usual way in such cases. As soon as he finished saluting the master, he put on the protective gear and gain the center of the dojo. The dojo’s students, all of them, formed a line and, one after another, fought him in a free fight (ji-geiko). The good education towards a “musha-shugyo” adept is to confront him with a training so vigorous, that the only way he can be able to leave the dojo is by crawling. That way the dojo’s honor is defended and the expert can benefit the contribution of the dojo he is visiting (Tr.N.: “challenging” is more like it). That is why the “musha-shugyo” travellers needed great physical capacities, but also great determination.
Generaly, after 3 or 4 hours the expert, received in such a manner, announces he has reach his limits and falls down. That young expert, however, fought for 7 hours without taking off his armour. All the students of the Henmi dojo were convinced that he would succumb just like everybody else, but their attitude transforms itself into respect towards that exceptional young expert.
After seven hours of incredible performance, the young man eats with appetite the meal offered by the dojo. Before leaving, he still helps in the daily tasks of the house as a way of thanking for being received. His strenght wasn’t over after his feat.
That man, who dressed in a very modest way, used to sleep under the stars, or under the roof of a temple, and many times didn’t ate more than the raw vegetables the farmers offered him. He was deepening himself in the way of the sword by visiting famous dojos. That was “musha-shugyo”.
S. Takano wants to know his name. Someone says: “His name is Takaharu Naîto.”
That name will be engraved in his memory and the image of that man will appear, from time to time, as a critical thought related to his own life as a province sword master. “While I live and progress in the sword in calm and confortable conditions, “he” walks alone and sleeps in the middle of mothernature in order to perfet his sword. I wonder where he is right now?”
É nessa época que aquele que será toda a vida o seu rival na via do sabre passa a ocupar um lugar no espírito de S. Takano.
O dojo Takano faz parte da corrente Nakanishi da escola Itto-ryu e tem por “concorrente” o dojo Henmi, situado a 12 km de Chichibu. Esse dojo é o centro da escola Kôgen-itto-ryu que, com os seus 8 outros dojos, conta cerca de 3000 alunos. Numerosos adeptos, alguns provenientes de outras províncias, frequentam-no atraídos pela sua reputação. O mestre principal é o sexto sucessor, Aîsaku Henmi. S. Takano ouve contar um acontecimento que acaba de produzir no dojo Henmi. Alguns dias antes, A. Henmi recebera um jovem adepto “musha-shugyo” que solicitara um treino. Foi recebido segundo os costumes do dojo. Ainda mal acabara de saudar o mestre, vestiu a sua armadura e colocou-se no centro do dojo. Todos os alunos do dojo lhe fizeram face, sucessivamente, em conbate livre (ji-geiko). A boa educação para com um praticante “musha-shugyo” é de o confrontar com um treino de tal forma vigoroso que só consiga sair “de gatas” do dojo. Assim, a honra do dojo é defendida e o adepto pode beneficiar do contributo do dojo que visita (N.Tr.: a palavra ideal seria “desafia”). Eis porque as viagens em “musha-shugyo” requerem uma grande capacidade física e grande determinação.
Geralmente, ao fim de 3 ou 4 horas o adepto, recebido de semelhante maneira, anuncia que atingiu o seu limite e cai por terra. Esse jovem perito, no entanto, continuara durante 7 horas, sem retirar a armadura. Todos os praticantes do dojo Henmi estavam convencidos que o fariam sucumbir como era hábito e a sua atitude transforma-se em respeito para com aquele excepcional jovem adepto.
Depois de sete horas de desempenho incrível, esse jovem come com apetite a refeição oferecida pelo dojo. Antes de partir, ajuda nos trabalhos da casa como forma de agradecimento pelo acolhimento. A sua força não se tinha esgotado depois da proeza.
Esse homem estava modestamente vestido, dormia sob as estrelas, ou abrigado sob o tecto de um templo, e muitas vezes não comia mais do que os legumes crus que os camponeses lhe ofereciam. Ele aprofundava-se a via do sabre visitando dojos célebres. Era isso o “musha-shugyo”.
S. Takano pergunta o nome dele. Respondem-lhe: “Ele chama-se Takaharu Naîto.”
Esse nome fica-lhe gravado na memória e a imagem desse homem surge-lhe, de tempos a tempos, como uma crítica em relação à sua vida de mestre de sabre de província. “Enquanto eu vivo e progrido no sabre em condições tranquilas e confortáveis, “ele” caminha sozinho e dorme no meio da natureza para aperfeiçoar o seu sabre. Onde estará neste momento?”
THE RIVAL.
After talking so much about Sazaburo Takano, we’re now going to speak a little bit, just a small episode, about the man who would be Takano’s lifetime great rival: Takaharu Naîto.
It’s around those days that the man who will be S. Takano’s rival in the way of the sword, started occupying a place inside his mind.
The Takano dojo is part of the Nakanishi Itto-ryu school dojos and it faces the “competion” of the Henmi dojo, situated some 12 km from Chichibu. That dojo is the center of the Kôgen-itto-ryu school that, along with 8 other dojos, has around 3000 students. Lots of experts, some from other provinces, attend classes there, attracted by its reputation. The main master and sixth successor is Aîsaku Henmi. S. Takano listens to an event that just took place in the Henmi dojo. Just a few days earlier, A. Henmi received a young expert doing “musha-shugyo”, who asked for a training. He was received according to the dojo’s usual way in such cases. As soon as he finished saluting the master, he put on the protective gear and gain the center of the dojo. The dojo’s students, all of them, formed a line and, one after another, fought him in a free fight (ji-geiko). The good education towards a “musha-shugyo” adept is to confront him with a training so vigorous, that the only way he can be able to leave the dojo is by crawling. That way the dojo’s honor is defended and the expert can benefit the contribution of the dojo he is visiting (Tr.N.: “challenging” is more like it). That is why the “musha-shugyo” travellers needed great physical capacities, but also great determination.
Generaly, after 3 or 4 hours the expert, received in such a manner, announces he has reach his limits and falls down. That young expert, however, fought for 7 hours without taking off his armour. All the students of the Henmi dojo were convinced that he would succumb just like everybody else, but their attitude transforms itself into respect towards that exceptional young expert.
After seven hours of incredible performance, the young man eats with appetite the meal offered by the dojo. Before leaving, he still helps in the daily tasks of the house as a way of thanking for being received. His strenght wasn’t over after his feat.
That man, who dressed in a very modest way, used to sleep under the stars, or under the roof of a temple, and many times didn’t ate more than the raw vegetables the farmers offered him. He was deepening himself in the way of the sword by visiting famous dojos. That was “musha-shugyo”.
S. Takano wants to know his name. Someone says: “His name is Takaharu Naîto.”
That name will be engraved in his memory and the image of that man will appear, from time to time, as a critical thought related to his own life as a province sword master. “While I live and progress in the sword in calm and confortable conditions, “he” walks alone and sleeps in the middle of mothernature in order to perfet his sword. I wonder where he is right now?”
22.2.05
A FORMAÇÃO DO KENDO: A JUVENTUDE DE SAZABURO TAKANO (VI)
Chegamos (finalmente?) ao último dos artigos dedicados à infância e juventude de Sazaburo Takano. Demorou um bocadinho, mas está feito. Para saber o que se segue, podem:
a - treinar o vosso francês e ir até http://www.tokitsu.com;
b - esperar que eu traduza e publique aqui o próximo post;
A invenção dos métodos de treino
O primeiro treino do dia é o das 4 às 6 da manhã, seja Inverno ou Verão. É depois desse treino que Mitsumasa engole o sol que começa a nascer. E tal como esse, inventa outros métodos de treino particulares para o seu neto. No chão do dojo de 5,40 m por 9, Mitsumasa despeja uma medida de 36 litros de feijões duros. Sazaburo calça um par de sandálias de palha e deve treinar em cima dos feijões espalhados. Se toma balanço, escorrega e cai; se não toma balanço, o seu shinai não consegue atingir o avô. Sempre que hesita, o shinai do avô atinge-o sem piedade. Atinge-o, fá-lo tombar, projecta-o... é a prova do seu amor pelo neto.
S. Takano dirá, muito mais tarde:
“Esse treino ajudou-me a desenvolver o sentido de equilíbrio. Graças a esse treino nunca caio, mesmo que esteja calçado com gheta (chinelas de madeira) a caminhar sobre gelo.” Com efeito, S. Takano era célebre pelo seu equilíbrio e pelas suas deslocações, que se mantiveram incríveis, mesmo depois de ter atingido os 80 anos.
Em Dezembro de 1988, tive a ocasião de encontrar o mestre Saburo Imaï, 8º dan de kendo e então com 64 anos. Ele tinha recebido os ensinamentos de S. Takano quando este estava já próximo dos 80 anos. Retive (desse encontro) esta frase em particular: “Para nos explicar as deslocações, mestre Takano dizia-nos para pousarmos os pés a cada passo como se estivéssemos a pousá-los sobre um balão. Se nos apoiamos sobre um pé mais do que sobre o outro, não nos podemos equilibrar sobre um balão, não é verdade?” disse-me ele, evocando o treino sobre os feijões com que S. Takano se tinha exercitado na sua juventude.
Um dia, na altura do treino, Mitsumasa lança um bocado de tecido negro ao seu neto e diz-lhe: “Tapa os olhos.”
Sazaburo cobre os olhos com o tecido e coloca a máscara de protecção. Não consegue ver nada. O seu avõ diz-lhe então: “Gira, dá umas voltas.”
Ele obedece e perde o sentido de orientação. É nesse momento que ouve uma voz: “Vem. Anda.”
Ele assume a guarda na direcção da voz, mas é impossível saber a situação do adversário. Sazaburo tenta captar a mínima perturbação no ar como sendo um sinal da presença e fecha os olhos sob o tecido, dizendo-se: “De qualquer maneira, não vejo nada.” É então que Mitsumasa toca a ponta do shinai de Sazaburo com o seu shinai. Este lança-se e ataca, mas o seu shiani apenas atinge o ar. Mitsumasa gira em torno de Sazaburo sem ruído e bate com o shinai no chão. Sazaburo vira-se e ataca mas mais uma vez só atinge o vazio. Esta forma de treino aguça a sua percepção. Com tempo, apesar de nunca conseguir acertar uma única vez, ele consegue dirigir-se na direcção do adversário, distinguindo os menores sinais, como ruídos no chão e respiração, movimento do ar e outros.
Um dia, Mitsumasa coloca, também ele, uma venda sobre os olhos para combater com o neto. Procuram ambos o menor sinal da presença do adversário. Sazaburo recua e posiciona-se de costas para uma parede do dojo. Mitsumasa segue o ligeiro ruído da sua deslocação e assume gedan-kamae, enquanto que o seu neto se coloca em chudan-kamae e espera o movimento do seu oponente. Por um momento ficam os dois imóveis. Quando Matsumasa termina um primeiro movimento para diante, Sazaburo avança e com um kiai, atinge o men (cabeça) do avô. Nesse dia, o jovem tinha 15 anos.
Mitsumasa inventa ainda outros métodos de treino para Sazaburo. Leva-o até à borda de um rio, ata-lhe as pernas com um cordão e fá-lo combater assim. Uma outra vez, no Inverno, conduz Sazaburo e mais alguns uchideshi até ao mesmo rio. Diz-lhes que mergulhem, vestidos, na água gelada e depois obriga-os a treinar até que o calor que emana dos seus corpos seque as roupas que trazem vestidas.
Um rapaz de 17 anos, formado desse modo, não pode senão ter confiança em si próprio e, ao mesmo tempo, também um certo orgulho. É tudo isso que desaba quando é derrotado de uma maneira desonrosa por Okada. Já sabemos o que se seguiu. Voltemos então à vida de S. Takano depois do seu regresso ao dojo, onde sucedeu ao seu falecido avô.
THE ESTABLISHMENT OF KENDO: SAZABURO TAKANO’S YOUTH (VI)
We reach (at last?) the last article dedicated to the childhood and youth of Sazaburo Takano. It took a little more then I expected, but it’s done.
In order to know what’s next, here’s what you can do:
a – go to http://www.tokitsu.com and practice your french;
b – wait for my next translation and post;
The invention of the training methods
Winter or summer, the first pratice of the day takes place from 4 to 6 A.M. It is after this practice that Mitsumasa swallows the raising sun. And just like that one, he invents other particular training methods for his grandson. On the floor of the 5,40 for 9 metters dojo, he pours some 36 liters of hard beans. Sazaburo puts on a pair of straw sandals and must train there. If he tries to move and attack his grandfather, he slips and falls, if he doesn’t move his shinai does not reach the opponent. Everytime he hesitates the grandfather’s shinai hits him without mercy. He hits him, makes him fall, throws him… it’s his way of showing how he loves his grandson.
S. Takano will say, much later:
“That kind of training helped me to develop my sense of balance. Thanks to that I never fall down, even if I’m wearing gheta (wood sandals) while walking over ice.” As a matter of fact, S. Takano was famous for his balance and his way of moving, and kept on doing it in an amazing way, even when he was over 80 years old.
In december 1988, I had the chance to meet Saburo Imaï sensei, kendo 8th dan, aged 64. He had been a student of Takano when he was almost 80. (From that meeting) I recall this phrase in particular: “In order to explain us how to move, Takano sensei used to tell us to do each step like if we were stepping on a baloon. If you apply to much weight only on one foot you can not walk over a baloon, right?” he said, evoking young Takano’s training with the beans.
One day, during practice, Mitsumasa gives his grandson a piece of black cloth and tells him: “Cover your eyes.”
Sazaburo obeys and after that puts on his protective mask. He can’t see a thing. The grandfather then says: “Spin around for a while.” He carries out the order and stops disoriented. In that moment he listens to a voice: “Come here. Come on.”
He assumes his kamae towards the voice, but it’s impossible to know where his adversary is. Sazaburo then tries to capture the smallest disturbance in the air as a sign of presence and closes his eyes under the black cloth, saying: “Anyway, he don’t see a thing, so…” That’s when Mitsumasa’s shinai touches the tip of his shinai. He attacks imediately but the shinai finds only the air in it’s path. Mitsumasa moves around Sazaburo without making a sound and suddenly hits the floor with the shinai. Sazaburo turns and attacks, but once again, hits nothing. This kind of training sharpens his perception. With time, although he never makes a hit, he manages to step into the direction of the opponent, distinguishing the small signs, like floor sounds and breathing, the movements in the air and so on.
One day, Mitsumasa also covers his eyes, and fights his grandson. Both search for the minimum sign of the other one’s presence. Sazaburo places himself back to the wall of the dojo. Mitsumasa follows the sound of his breathing and takes gedan-kamae, while the boy waits in chudan-kamae. During a brief instant they don’t move. When Mitsumasa finishes moving ahead, just barely, Sazaburo attacks and with a strong kiai hits his grandfather’s men (head). That day the young man was 15 years old.
Mitsumasa invents also other methods of training. He takes him to a river, ties his legs with a rope and forces him to fight that way. Another time, during winter, he takes Sazaburo and some uchideshi more to the river. There, he orders them to dive in the cold water with their clothes on and after that makes them practice until the warmth of the bodies dries the clothes they’re wearing.
A 17 years old boy, educated like that, can only have trust in himself and at the same time, a certain pride. That’s what crumbles down when he is defeated by Okada in such a disonorable way. We all know what happened after the fight. So lets go back to S. Takano’s life after his return to the dojo, once his grandfather die.
a - treinar o vosso francês e ir até http://www.tokitsu.com;
b - esperar que eu traduza e publique aqui o próximo post;
A invenção dos métodos de treino
O primeiro treino do dia é o das 4 às 6 da manhã, seja Inverno ou Verão. É depois desse treino que Mitsumasa engole o sol que começa a nascer. E tal como esse, inventa outros métodos de treino particulares para o seu neto. No chão do dojo de 5,40 m por 9, Mitsumasa despeja uma medida de 36 litros de feijões duros. Sazaburo calça um par de sandálias de palha e deve treinar em cima dos feijões espalhados. Se toma balanço, escorrega e cai; se não toma balanço, o seu shinai não consegue atingir o avô. Sempre que hesita, o shinai do avô atinge-o sem piedade. Atinge-o, fá-lo tombar, projecta-o... é a prova do seu amor pelo neto.
S. Takano dirá, muito mais tarde:
“Esse treino ajudou-me a desenvolver o sentido de equilíbrio. Graças a esse treino nunca caio, mesmo que esteja calçado com gheta (chinelas de madeira) a caminhar sobre gelo.” Com efeito, S. Takano era célebre pelo seu equilíbrio e pelas suas deslocações, que se mantiveram incríveis, mesmo depois de ter atingido os 80 anos.
Em Dezembro de 1988, tive a ocasião de encontrar o mestre Saburo Imaï, 8º dan de kendo e então com 64 anos. Ele tinha recebido os ensinamentos de S. Takano quando este estava já próximo dos 80 anos. Retive (desse encontro) esta frase em particular: “Para nos explicar as deslocações, mestre Takano dizia-nos para pousarmos os pés a cada passo como se estivéssemos a pousá-los sobre um balão. Se nos apoiamos sobre um pé mais do que sobre o outro, não nos podemos equilibrar sobre um balão, não é verdade?” disse-me ele, evocando o treino sobre os feijões com que S. Takano se tinha exercitado na sua juventude.
Um dia, na altura do treino, Mitsumasa lança um bocado de tecido negro ao seu neto e diz-lhe: “Tapa os olhos.”
Sazaburo cobre os olhos com o tecido e coloca a máscara de protecção. Não consegue ver nada. O seu avõ diz-lhe então: “Gira, dá umas voltas.”
Ele obedece e perde o sentido de orientação. É nesse momento que ouve uma voz: “Vem. Anda.”
Ele assume a guarda na direcção da voz, mas é impossível saber a situação do adversário. Sazaburo tenta captar a mínima perturbação no ar como sendo um sinal da presença e fecha os olhos sob o tecido, dizendo-se: “De qualquer maneira, não vejo nada.” É então que Mitsumasa toca a ponta do shinai de Sazaburo com o seu shinai. Este lança-se e ataca, mas o seu shiani apenas atinge o ar. Mitsumasa gira em torno de Sazaburo sem ruído e bate com o shinai no chão. Sazaburo vira-se e ataca mas mais uma vez só atinge o vazio. Esta forma de treino aguça a sua percepção. Com tempo, apesar de nunca conseguir acertar uma única vez, ele consegue dirigir-se na direcção do adversário, distinguindo os menores sinais, como ruídos no chão e respiração, movimento do ar e outros.
Um dia, Mitsumasa coloca, também ele, uma venda sobre os olhos para combater com o neto. Procuram ambos o menor sinal da presença do adversário. Sazaburo recua e posiciona-se de costas para uma parede do dojo. Mitsumasa segue o ligeiro ruído da sua deslocação e assume gedan-kamae, enquanto que o seu neto se coloca em chudan-kamae e espera o movimento do seu oponente. Por um momento ficam os dois imóveis. Quando Matsumasa termina um primeiro movimento para diante, Sazaburo avança e com um kiai, atinge o men (cabeça) do avô. Nesse dia, o jovem tinha 15 anos.
Mitsumasa inventa ainda outros métodos de treino para Sazaburo. Leva-o até à borda de um rio, ata-lhe as pernas com um cordão e fá-lo combater assim. Uma outra vez, no Inverno, conduz Sazaburo e mais alguns uchideshi até ao mesmo rio. Diz-lhes que mergulhem, vestidos, na água gelada e depois obriga-os a treinar até que o calor que emana dos seus corpos seque as roupas que trazem vestidas.
Um rapaz de 17 anos, formado desse modo, não pode senão ter confiança em si próprio e, ao mesmo tempo, também um certo orgulho. É tudo isso que desaba quando é derrotado de uma maneira desonrosa por Okada. Já sabemos o que se seguiu. Voltemos então à vida de S. Takano depois do seu regresso ao dojo, onde sucedeu ao seu falecido avô.
THE ESTABLISHMENT OF KENDO: SAZABURO TAKANO’S YOUTH (VI)
We reach (at last?) the last article dedicated to the childhood and youth of Sazaburo Takano. It took a little more then I expected, but it’s done.
In order to know what’s next, here’s what you can do:
a – go to http://www.tokitsu.com and practice your french;
b – wait for my next translation and post;
The invention of the training methods
Winter or summer, the first pratice of the day takes place from 4 to 6 A.M. It is after this practice that Mitsumasa swallows the raising sun. And just like that one, he invents other particular training methods for his grandson. On the floor of the 5,40 for 9 metters dojo, he pours some 36 liters of hard beans. Sazaburo puts on a pair of straw sandals and must train there. If he tries to move and attack his grandfather, he slips and falls, if he doesn’t move his shinai does not reach the opponent. Everytime he hesitates the grandfather’s shinai hits him without mercy. He hits him, makes him fall, throws him… it’s his way of showing how he loves his grandson.
S. Takano will say, much later:
“That kind of training helped me to develop my sense of balance. Thanks to that I never fall down, even if I’m wearing gheta (wood sandals) while walking over ice.” As a matter of fact, S. Takano was famous for his balance and his way of moving, and kept on doing it in an amazing way, even when he was over 80 years old.
In december 1988, I had the chance to meet Saburo Imaï sensei, kendo 8th dan, aged 64. He had been a student of Takano when he was almost 80. (From that meeting) I recall this phrase in particular: “In order to explain us how to move, Takano sensei used to tell us to do each step like if we were stepping on a baloon. If you apply to much weight only on one foot you can not walk over a baloon, right?” he said, evoking young Takano’s training with the beans.
One day, during practice, Mitsumasa gives his grandson a piece of black cloth and tells him: “Cover your eyes.”
Sazaburo obeys and after that puts on his protective mask. He can’t see a thing. The grandfather then says: “Spin around for a while.” He carries out the order and stops disoriented. In that moment he listens to a voice: “Come here. Come on.”
He assumes his kamae towards the voice, but it’s impossible to know where his adversary is. Sazaburo then tries to capture the smallest disturbance in the air as a sign of presence and closes his eyes under the black cloth, saying: “Anyway, he don’t see a thing, so…” That’s when Mitsumasa’s shinai touches the tip of his shinai. He attacks imediately but the shinai finds only the air in it’s path. Mitsumasa moves around Sazaburo without making a sound and suddenly hits the floor with the shinai. Sazaburo turns and attacks, but once again, hits nothing. This kind of training sharpens his perception. With time, although he never makes a hit, he manages to step into the direction of the opponent, distinguishing the small signs, like floor sounds and breathing, the movements in the air and so on.
One day, Mitsumasa also covers his eyes, and fights his grandson. Both search for the minimum sign of the other one’s presence. Sazaburo places himself back to the wall of the dojo. Mitsumasa follows the sound of his breathing and takes gedan-kamae, while the boy waits in chudan-kamae. During a brief instant they don’t move. When Mitsumasa finishes moving ahead, just barely, Sazaburo attacks and with a strong kiai hits his grandfather’s men (head). That day the young man was 15 years old.
Mitsumasa invents also other methods of training. He takes him to a river, ties his legs with a rope and forces him to fight that way. Another time, during winter, he takes Sazaburo and some uchideshi more to the river. There, he orders them to dive in the cold water with their clothes on and after that makes them practice until the warmth of the bodies dries the clothes they’re wearing.
A 17 years old boy, educated like that, can only have trust in himself and at the same time, a certain pride. That’s what crumbles down when he is defeated by Okada in such a disonorable way. We all know what happened after the fight. So lets go back to S. Takano’s life after his return to the dojo, once his grandfather die.
18.2.05
PREMIR RECOMEÇAR
Conforme vos disse antes, o meu computador estava um bocadinho marado.
Agora que tudo está resolvido, vou retomar a tradução e publicação dos textos sobre Sazaburo Takano.
Amanhã, ou talvez ainda hoje à noite depois do treino de kendo, já devo ter acabado mais um post.
Espero (vai esperando) os vossos comentários e/ou sugestões e/ou críticas. Para tal basta premir o texto onde diz "comments" e escrever. Fácil, hein? Ah, e não me digam que têm de se registar. Se, uma vez aberta a janela dos comentários, clicarem onde diz "anonymous" podem escrever sem necessitar de registo... por isso, não há desculpas.
PRESS RESTART
As I told you before, my computer was a little screwed up.
Now that everything is OK, I'm going to restart translating and publishing the articles about Sazaburo Takano.
Tomorrow, or even tonight after kento practice, I should have another one ready to post.
I hope (yeah, dream on...) I'll see your comments and/or sugestions and/or critiques. All you have to do is hit "comments" and write. Easy or what? Oh, and don't tell me you'll have to register and so on. Once the comments window is open, just hit where it says "anonymous" and you can leave a comment without the need of registration... so, no excuses.
Agora que tudo está resolvido, vou retomar a tradução e publicação dos textos sobre Sazaburo Takano.
Amanhã, ou talvez ainda hoje à noite depois do treino de kendo, já devo ter acabado mais um post.
Espero (vai esperando) os vossos comentários e/ou sugestões e/ou críticas. Para tal basta premir o texto onde diz "comments" e escrever. Fácil, hein? Ah, e não me digam que têm de se registar. Se, uma vez aberta a janela dos comentários, clicarem onde diz "anonymous" podem escrever sem necessitar de registo... por isso, não há desculpas.
PRESS RESTART
As I told you before, my computer was a little screwed up.
Now that everything is OK, I'm going to restart translating and publishing the articles about Sazaburo Takano.
Tomorrow, or even tonight after kento practice, I should have another one ready to post.
I hope (yeah, dream on...) I'll see your comments and/or sugestions and/or critiques. All you have to do is hit "comments" and write. Easy or what? Oh, and don't tell me you'll have to register and so on. Once the comments window is open, just hit where it says "anonymous" and you can leave a comment without the need of registration... so, no excuses.
15.2.05
PROBLEMAS COM O COMPUTADOR
Este blog vai ter de ser temporariamente interrompido devido ao lastimável estado de saúde do meu PC. E, como isto é um blog de kendo:
Possa o extremo rectal do Sr. Bill Gates ser penetrado por um shinai tamanho 39 (sem tsuba nem tsuba-dome) até que o mesmo lhe saia pela boca.
PROBLEMS WITH MY COMPUTER
This blog is going to suffer a temporary interruption due to my computer's disgracefull health conditions. And, since this a kendo blog:
May Mr. Bill Gates rectal extremity be penetrated by a 39 size shinai (without tsuba or tsuba-dome) until it comes out on the other side.
Possa o extremo rectal do Sr. Bill Gates ser penetrado por um shinai tamanho 39 (sem tsuba nem tsuba-dome) até que o mesmo lhe saia pela boca.
PROBLEMS WITH MY COMPUTER
This blog is going to suffer a temporary interruption due to my computer's disgracefull health conditions. And, since this a kendo blog:
May Mr. Bill Gates rectal extremity be penetrated by a 39 size shinai (without tsuba or tsuba-dome) until it comes out on the other side.
11.2.05
FELICIDADE É TER MAIS DE 500 HITS. OBRIGADO.
Faz hoje, dia 11 de Fevereiro, dois meses que instalei o contador de hits no meu modesto blog. E posso dizer que estou feliz. O meu "objectivo" era chegar a uns modestos 500 hits nos primeiros dois meses. Precisamente dois meses depois, fico muito contente por esse número ter sido ultrapassado.
Para muitos blogs e sites, 500 hits em dois meses é "peanuts", para mim, é uma grande alegria.
Obrigado.
HAPPINESS IS TO HAVE 500 HITS. THANKS.
It's been two months today, February the 11th, since I installed the hit counter in my modest blog. Well, I can't say that I'm not happy. My "goal" was to get some "modest" 500 hits in the two first months. Precisely two months later, I'm very glad that number has already been exceeded.
For many blogs and sites 500 hits in two months is "peanuts", for me, it's a great joy.
Thanks.
Para muitos blogs e sites, 500 hits em dois meses é "peanuts", para mim, é uma grande alegria.
Obrigado.
HAPPINESS IS TO HAVE 500 HITS. THANKS.
It's been two months today, February the 11th, since I installed the hit counter in my modest blog. Well, I can't say that I'm not happy. My "goal" was to get some "modest" 500 hits in the two first months. Precisely two months later, I'm very glad that number has already been exceeded.
For many blogs and sites 500 hits in two months is "peanuts", for me, it's a great joy.
Thanks.
9.2.05
A FORMAÇÃO DO KENDO: A JUVENTUDE DE SAZABURO TAKANO (V)
Todos estes artigos estão disponíveis (maioritariamente em francês) em http://www.tokitsu.com.
O neto, discípulo do seu avô.
Ainda bebé, Kei leva o seu filho para o dojo e, tal como fazia antes de dar à luz, passa horas a assistir aos treinos, afim de impregnar a criança com a atmosfera dos treinos e do o habituar ao ruído dos shinais. Assim que começa a andar, o seu avõ fabrica-lhe um bokkuto feito de madeira leve. Com uma enorme paciência tenta ensinar ao neto os katas da escola Onoha-Itto-ryu. Quando cresceu um bocadinho mais, o avô conseguiu condicioná-lo com bolos. Se o neto lhe pede: “Avô, dá-me um bolo.” O avô responde: “Então, faz um treino de kata.” A criança acaba por compreender que, se disser ao seu avõ: “Dê-me uma lição de kata”, ganhará um bolo. Assim, ele começa a pedir lições de kata várias vezes no mesmo dia.
Em 1886, quando S. Takano tem quatro anos, o Senhor Matsudaîra Tadanobu chega a Chichibu para uma inspecção. Nessa ocasião, um torneio de kenjutsu é organizado no templo de Chichibu. Diante do Senhor, Mitsumasa executa com o seu neto o kata da escola Onoha-Itto-ryu, composto por 56 técnicas diferentes. O pequeno Sazaburo desempenha bem a sua missão de parceiro e recebe um prémio e um elogio do Senhor. Excusado será dizer que a alegria de do seu avô é imensa. Mas Matsumasa não se limita a mimar o seu neto, para fazer dele o seu sucessor, impõe-lhe um treino excepcional. Na tradição do sabre diz-se que: “Aquele que se treina no dojo e habita na casa (do dojo) poderá dificilmente atingir o nível de morukoru.” O nível de morukoru é o que precede o nível de menkyo, no qual o perito está habilitado a transmitir os conhecimentos da escola no seu conjunto. Essa frase significa que se não se entra numa escola como aluno interno, não se poderá avançar muito na via. Com efeito, nas artes tradicionais japonesas existe uma distinção entre “uchideshi” (aluno residente) e “sotodeshi” (aluno externo). Um aluno residente deve viver na família do mestre e trabalhar como um empregado. Ele deve captar o conjunto da arte do mestre fora do treino habitual do dojo. O essencial do conhecimento de cada escola é comunicado como um líquido que se recebe gota a gota, de maneira contínua, em vez de beber de tempos a tempos grandes copos cheios. Considerava-se a experiência de uchideshi indispensável a essa infiltração de um saber que é, ao mesmo tempo, uma arte de viver. É assim que, na casa de Mitsumasa Takano vivem vários uchideshi que sofrem provas e treinos muito mais duros do que os alunos externos, que vivem com as suas famílias.
Mitsumasa impõe ao seu neto provas ainda mais duras.
THE ESTABLISHMENT OF KENDO: SAZABURO TAKANO’S YOUTH (V)
All these articles are available (mostly in french) in http://www.tokitsu.com.
The grandson, a disciple of his grandfather.
While he was still a baby, Kei used to take her son to the dojo and, just like she did before when she was pregnant, spent hours watching the training, so that the child felt integrated in the atmosphere and used to the noise of the shinai. As soon as he starts walking, his grand father makes him a bokkuto out of light wood. With great patience, he tries to teach his grandson the katas from the Onoha-Itto-ryu school. A few years later, the grandfather managed to control him with cakes. If the child asks him: “Grandfather, give a cake.” The grandfather answers: “Only if you do one kata training for me.” The child finally realizes that, if he asks his grandfather: “Give one kata lesson.”, we would get a cake. So, he starts to ask kata lessons several times in the same day.
In 1886, S. Takano was four. Lord Matsudaîra Tadanobu arrives at Chichibu for an inspection. For the occasion, a kenjutsu tournament is organized in Chichibu’s temple. In front of the Lord, Mitsumasa executes along with grandson the Onoha-Itto-ryu school kata, composed by 56 different techniques. Young Sazaburo plays his role as partner so well that he receives an award and a compliment from the Lord. Needless to say, the joy of his grandfather is immense. But Matsumasa doesn’t spoil his grandson, on the contrary, in order to make him his successor, he imposes him an exceptional amount of training. In the sword tradition there’s a saying: “It will be very difficult for the one who trains in the dojo and lives in the house to achieve the morukoru level.” The morukoru level is the one that precedes menkyo, with which the expert is abble to transmit the school’s knowledge in it’s whole. That phrase means that if one does not enter a sword school as a resident student, there’s not a lot one can do to improve in the Way. As a matter of fact, in the japanese traditional arts there’s this distinction between “uchideshi” (resident student) and “sotodeshi” (nonresident student). A resident student must live within the master’s family and work there as an employee. He must be abble to grab the whole of his master’s art outside of the usual dojo training. The essential knowledge of each school his passed like a liquid one receives drop by drop, in a continuous way, instead of drinking big glasses of it once every other time. The experience of uchideshi was, therefore considered as indispensable to that infiltration of knowledge, which is, at the same time, an art of living. That’s why various uchideshi lived in Matsumasa’s house, and they had to face harder tasks and training then the order students, those who lived in their family’s houses.
Mitsumasa imposes his grandson even harder tasks.
O neto, discípulo do seu avô.
Ainda bebé, Kei leva o seu filho para o dojo e, tal como fazia antes de dar à luz, passa horas a assistir aos treinos, afim de impregnar a criança com a atmosfera dos treinos e do o habituar ao ruído dos shinais. Assim que começa a andar, o seu avõ fabrica-lhe um bokkuto feito de madeira leve. Com uma enorme paciência tenta ensinar ao neto os katas da escola Onoha-Itto-ryu. Quando cresceu um bocadinho mais, o avô conseguiu condicioná-lo com bolos. Se o neto lhe pede: “Avô, dá-me um bolo.” O avô responde: “Então, faz um treino de kata.” A criança acaba por compreender que, se disser ao seu avõ: “Dê-me uma lição de kata”, ganhará um bolo. Assim, ele começa a pedir lições de kata várias vezes no mesmo dia.
Em 1886, quando S. Takano tem quatro anos, o Senhor Matsudaîra Tadanobu chega a Chichibu para uma inspecção. Nessa ocasião, um torneio de kenjutsu é organizado no templo de Chichibu. Diante do Senhor, Mitsumasa executa com o seu neto o kata da escola Onoha-Itto-ryu, composto por 56 técnicas diferentes. O pequeno Sazaburo desempenha bem a sua missão de parceiro e recebe um prémio e um elogio do Senhor. Excusado será dizer que a alegria de do seu avô é imensa. Mas Matsumasa não se limita a mimar o seu neto, para fazer dele o seu sucessor, impõe-lhe um treino excepcional. Na tradição do sabre diz-se que: “Aquele que se treina no dojo e habita na casa (do dojo) poderá dificilmente atingir o nível de morukoru.” O nível de morukoru é o que precede o nível de menkyo, no qual o perito está habilitado a transmitir os conhecimentos da escola no seu conjunto. Essa frase significa que se não se entra numa escola como aluno interno, não se poderá avançar muito na via. Com efeito, nas artes tradicionais japonesas existe uma distinção entre “uchideshi” (aluno residente) e “sotodeshi” (aluno externo). Um aluno residente deve viver na família do mestre e trabalhar como um empregado. Ele deve captar o conjunto da arte do mestre fora do treino habitual do dojo. O essencial do conhecimento de cada escola é comunicado como um líquido que se recebe gota a gota, de maneira contínua, em vez de beber de tempos a tempos grandes copos cheios. Considerava-se a experiência de uchideshi indispensável a essa infiltração de um saber que é, ao mesmo tempo, uma arte de viver. É assim que, na casa de Mitsumasa Takano vivem vários uchideshi que sofrem provas e treinos muito mais duros do que os alunos externos, que vivem com as suas famílias.
Mitsumasa impõe ao seu neto provas ainda mais duras.
THE ESTABLISHMENT OF KENDO: SAZABURO TAKANO’S YOUTH (V)
All these articles are available (mostly in french) in http://www.tokitsu.com.
The grandson, a disciple of his grandfather.
While he was still a baby, Kei used to take her son to the dojo and, just like she did before when she was pregnant, spent hours watching the training, so that the child felt integrated in the atmosphere and used to the noise of the shinai. As soon as he starts walking, his grand father makes him a bokkuto out of light wood. With great patience, he tries to teach his grandson the katas from the Onoha-Itto-ryu school. A few years later, the grandfather managed to control him with cakes. If the child asks him: “Grandfather, give a cake.” The grandfather answers: “Only if you do one kata training for me.” The child finally realizes that, if he asks his grandfather: “Give one kata lesson.”, we would get a cake. So, he starts to ask kata lessons several times in the same day.
In 1886, S. Takano was four. Lord Matsudaîra Tadanobu arrives at Chichibu for an inspection. For the occasion, a kenjutsu tournament is organized in Chichibu’s temple. In front of the Lord, Mitsumasa executes along with grandson the Onoha-Itto-ryu school kata, composed by 56 different techniques. Young Sazaburo plays his role as partner so well that he receives an award and a compliment from the Lord. Needless to say, the joy of his grandfather is immense. But Matsumasa doesn’t spoil his grandson, on the contrary, in order to make him his successor, he imposes him an exceptional amount of training. In the sword tradition there’s a saying: “It will be very difficult for the one who trains in the dojo and lives in the house to achieve the morukoru level.” The morukoru level is the one that precedes menkyo, with which the expert is abble to transmit the school’s knowledge in it’s whole. That phrase means that if one does not enter a sword school as a resident student, there’s not a lot one can do to improve in the Way. As a matter of fact, in the japanese traditional arts there’s this distinction between “uchideshi” (resident student) and “sotodeshi” (nonresident student). A resident student must live within the master’s family and work there as an employee. He must be abble to grab the whole of his master’s art outside of the usual dojo training. The essential knowledge of each school his passed like a liquid one receives drop by drop, in a continuous way, instead of drinking big glasses of it once every other time. The experience of uchideshi was, therefore considered as indispensable to that infiltration of knowledge, which is, at the same time, an art of living. That’s why various uchideshi lived in Matsumasa’s house, and they had to face harder tasks and training then the order students, those who lived in their family’s houses.
Mitsumasa imposes his grandson even harder tasks.
8.2.05
ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE KENDO - APK
É sempre bom lembrar os leitores mais distraídos, ou mais recentes, que o endereço da APK é http://www.kendo.pt. Lá poderão encontrar os horários dos treinos, os locais onde se treina, para além de uma série de informações interessantes sobre kendo e sobre os eventos nacionais e internacionais mais próximos.
PORTUGUESE KENDO ASSOCIATION - APK
It's always nice to remember our more distracted, or newer, readers that the APK internet adress is http://www.kendo.pt. That's where you'll find the training schedules and places, a series of interesting informations about kendo, but also news about the next national and international events.
PORTUGUESE KENDO ASSOCIATION - APK
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5.2.05
A FORMAÇÃO DO KENDO: A JUVENTUDE DE SAZABURO TAKANO (IV)
Mais informações sobre a vida de S. Takano. Desta vez, sempre graças ao mestre Kenji Tokitsu (http://www.tokitsu.com), vamos saber um pouco sobre a sua família e a sua infância.
Sazaburo Takano, uma infância dedicada à arte do sabre.
Sazaburo Takano, que estudava a arte do sabre junto de Tesshu Yamaoka, em Tóquio, foi forçado a voltar à província de Chichibu para dirigir o dojo da família após a morte do seu avô. Pouco após o seu regresso, em Janeiro de 1885, Takano casa-se. Tem na altura 28 anos e, com esse jovem mestre que também ensina noutros dojos da região, o Takano Dojo ganha uma nova vitalidade.
S. Takano, seguindo o hábito do seu avô, dirige o treino todas as manhãs das 4 às 6 horas. Depois do treino, seca-se próximo de um poço do templo e molha a boca. A luz da manhã começa a romper entre as grandes árvores e assim que o sol passa acima do horizonte, ele abre a boca o mais possível e tenta “engolir” o sol. Desde os três anos de idade que o seu avô o ensinara a engolir “o Deus sol”. Tratava-se respirar profundamente com a sensação de engolir, de uma vez só, toda a luz circundante irradiada pelo sol da manhã. S. Takano permaneceu fiel aos ensinamentos do seu avô no que constituia (N.T.: provavelmente) um excelente exercício de respiração.
O nascimento do herdeiro de um dojo de kenjutsu.
Sakichiro-Mitsumasa Takano, adepto da escola Ono-ha Itto-ryu, tinha, dizia-se,
um carácter “inflamado”. O seu filho Yoshisaburo estuda o sabre sob a sua direcção e atinge uma capacidade técnica de um mestre de sabre “correcto”. No entanto, ao contrário do seu pai e professor, falta-lhe a força de carácter, é um bushi mais inclinado para a reflexão do que para o combate.
Mitsumasa diz-lhe um dia: “Até à pouco tempo, preocupava-me quando te treinavas com o sabre e perguntava-me se serias capaz de me suceder, se serias capaz de assumir as minhas funções junto de Sua Senhoria. Mas o meu espírito está tranquilo, sei que poderás assumir o teu papel de Vassalo.”
Yoshisaburo dá mostras de talento nos assuntos económicos da Casa Senhorial e durante o período problemático do fim da era Edo (Bakumatsu), consegue assegurar a segurança material da família.
Yoshisaburo casa-se com uma rapariga chamada Kei, a qual, enquanto adolescente, fora escolhida para servir no palácio do Shogun, onde recebera uma educação muito esmerada que a preparara para se tornar na esposa perfeita de um bushi. E não se trata aqui somente da maneira de se comportar e de falar, mas também, mais profundamente, de uma atitude face à vida e à morte. Por exemplo, a esposa de um bushi deve guardar, prontos a usar, no fundo seu armário, roupas brancas para si e para o seu marido. Essas são as roupas da morte, pois um bushi deve estar sempre pronto para morrer dignamente, de acordo com o seu nível hierárquico.
Quando soube que a sua nora Kei estava grávida, Mitsumasa rejubilou. Todos os dias, durante o seu treino de kenjutsu, ele fá-la sentar-se no seu lugar, numa zona mais elevada, para que ela possa assistir ao desenrolar do treino dos seus alunos. Nessa época, os adeptos de diferentes escolas, atraídos pela reputação do dojo de Takano Mitsumasa, vinham treinar e residir no dojo por algumas semanas. M. Takano pensava que, se a sua nora se familiarizasse com o kenjutsu durante a gravidez, isso teria influência sobre a arte da espada do seu futuro neto, pois ele estava certo que seria um homem. Mas para Kei, educada com a moral e o sentido de pudor duma esposa de bushi, numa época em que uma mulher grávida não se mostrava em público, era uma tarefa difícil expôr-se diante de homens com o seu ventre cada vez mais maior. Ela diria mais tarde: “Nunca senti um sentimento de vergonha tão grande, como nesses dias.” E quando a noite chegava, Kei tinha de escutar os relatos de Mitsumasa acerca dos heróis e dos grandes praticantes do sabre. Ele dizia que se tratava da educação do feto.
A criança tão esperada nasce a 13 de Junho 1862. É um rapaz e é-lhe dado o nome de Sazaburo. Para celebrar o nascimento do seu neto, no qual ele espera formar um sucessor, Mitsumasa faz vir um mestre ferreiro perito na fabricação de sabres e manda construir uma oficina e um forno para forjar um par de sabres. Mais tarde, quando S. Takano já se transformara num dos maiores peritos de kendo, alguém lhe perguntou com que idade tinha começado a praticar o sabre, ele respondeu: “Comecei na barriga da minha mãe.” A resposta era fundamentada.
THE ESTABLISHMENT OF KENDO: SAZABURO TAKANO’S YOUTH (IV)
More informations about S. Takano’s life. This time, always thanks to Kenji Tokitsu sensei (http://www.tokitsu.com), we are now about to know a little bit more about his family and his childhood.
Sazaburo Takano, a childhood dedicated to the art of the sword.
While studying the art of the sword with Tesshu Yamaoka, in Tokyo, Sazaburo Takano was forced to return to Chichibu’s province to run the family’s dojo after his grandfather’s death. Not long after his return, in January 1885, Takano gets married. He is then 28 and, with that young master who also teaches in other dojos of the region, the Takano Dojo gains a new vitality.
Following his grandfather’s habit, S. Takano supervises the morning practise everyday from 4 to 6 AM. After trainning, he dries himself near the temple’s well and washes his mouth. The morning light starts to breach between the big trees and as soon as it passes over the horizon, he opens his mouth as much as possible, and tries to “swallow” the sun. His grandfather taught him how to swallow “the sun God” since the age of three. It was about breathing deeply while having the sensation of swallowing all the surrounding light, at once. S. Takano stood by his grandfather’s teachings in what was (T.N.: suppose to be) an excellent breathing exercise.
The birth of a kenjutsu dojo’s heir.
Sakichiro-Mitsumasa Takano, an expert of the Ono-ha Itto-ryu school, was, they say, a “hot-head”. His son Yoshisaburo studied the art of the sword under his supervision and reached the technical capacity of a “correct” sword master. But, unlike his father, he lacks in character, he is a bushi inclined rather towards reflection than fighting.
Mitsumasa tells him one day: “Until a short time ago, I was worried while you practised with the sword, and I wondered if you could be able to succeed me, if you were capable of assuming my functions with His Lordship. But my spirit is reassured now, I know you will assume your role as a Vassal.”
Yoshisaburo proves himself talented in the Seigneury’s economic matters and by the end of the problematic period of the Edo era (Bakumatsu), he manages to ensure the economical safety of his family.
Yoshisaburo marries a girl called Kei, whom, while a teenager, was chosen to serve inside the Shogun’s palace, where she received a sofisticated education, that prepared her to became the bushi’s perfect wife. And it was not only about how to behave and talk, but also, to have a more deep attitude towards life and death. For instance, a bushi’s wife must have, ready to use, somewhere in her closet, white garments for herself and her husband. Those are death garments, for a bushi must be always ready to die with dignity and according to his rank.
When he knew his daughter-in-law Kei was pregnant, Mitsumasa rejoiced. Every day, during his kenjutsu practise, he makes her seat in his place, in an upper platform, so that she can assist the developpment of his pupils trainning. In those days, the experts of different schools, attracted by Takano Mitsumasa’s dojo reputation, would train and reside in the dojo for several weeks in a row. M. Takano thought that, if kenjutsu became familiar to his daughter-in-law during pregnancy, that would be a good influence on his future grandson’s sword art, because he was convinced that the baby would be a boy. But for Kei, elevated with the morals and the sense of righteousness of a bushi’s spouse, and in the days when a pregnant woman would not show herself in public, it was a hard task to expose herself in front of all those men, with her belly getting bigger and bigger. She would say later: “Never have I felt such shame as in those days.” And when night came, Kei would listen to all the tales Matsumasa told about the heros and the great experts of the sword. He used to say it was the education of the foetus.
The desired child is born in 1862, July the 13th. It’s a boy and he’s called Sazaburo. To celebrate the birth of his grandson, and hopefully his successor, Mitsumasa asks a master blacksmith, expert in swordmaking, to join in and orders an owen and a workshop to be built. He then asks him to forge a pair of swords. Later, after becoming one of the greatest kendo experts ever, someone asked him when did he started practicing with the sword, he answered: “I started inside my mother’s womb.” His answer was true.
Sazaburo Takano, uma infância dedicada à arte do sabre.
Sazaburo Takano, que estudava a arte do sabre junto de Tesshu Yamaoka, em Tóquio, foi forçado a voltar à província de Chichibu para dirigir o dojo da família após a morte do seu avô. Pouco após o seu regresso, em Janeiro de 1885, Takano casa-se. Tem na altura 28 anos e, com esse jovem mestre que também ensina noutros dojos da região, o Takano Dojo ganha uma nova vitalidade.
S. Takano, seguindo o hábito do seu avô, dirige o treino todas as manhãs das 4 às 6 horas. Depois do treino, seca-se próximo de um poço do templo e molha a boca. A luz da manhã começa a romper entre as grandes árvores e assim que o sol passa acima do horizonte, ele abre a boca o mais possível e tenta “engolir” o sol. Desde os três anos de idade que o seu avô o ensinara a engolir “o Deus sol”. Tratava-se respirar profundamente com a sensação de engolir, de uma vez só, toda a luz circundante irradiada pelo sol da manhã. S. Takano permaneceu fiel aos ensinamentos do seu avô no que constituia (N.T.: provavelmente) um excelente exercício de respiração.
O nascimento do herdeiro de um dojo de kenjutsu.
Sakichiro-Mitsumasa Takano, adepto da escola Ono-ha Itto-ryu, tinha, dizia-se,
um carácter “inflamado”. O seu filho Yoshisaburo estuda o sabre sob a sua direcção e atinge uma capacidade técnica de um mestre de sabre “correcto”. No entanto, ao contrário do seu pai e professor, falta-lhe a força de carácter, é um bushi mais inclinado para a reflexão do que para o combate.
Mitsumasa diz-lhe um dia: “Até à pouco tempo, preocupava-me quando te treinavas com o sabre e perguntava-me se serias capaz de me suceder, se serias capaz de assumir as minhas funções junto de Sua Senhoria. Mas o meu espírito está tranquilo, sei que poderás assumir o teu papel de Vassalo.”
Yoshisaburo dá mostras de talento nos assuntos económicos da Casa Senhorial e durante o período problemático do fim da era Edo (Bakumatsu), consegue assegurar a segurança material da família.
Yoshisaburo casa-se com uma rapariga chamada Kei, a qual, enquanto adolescente, fora escolhida para servir no palácio do Shogun, onde recebera uma educação muito esmerada que a preparara para se tornar na esposa perfeita de um bushi. E não se trata aqui somente da maneira de se comportar e de falar, mas também, mais profundamente, de uma atitude face à vida e à morte. Por exemplo, a esposa de um bushi deve guardar, prontos a usar, no fundo seu armário, roupas brancas para si e para o seu marido. Essas são as roupas da morte, pois um bushi deve estar sempre pronto para morrer dignamente, de acordo com o seu nível hierárquico.
Quando soube que a sua nora Kei estava grávida, Mitsumasa rejubilou. Todos os dias, durante o seu treino de kenjutsu, ele fá-la sentar-se no seu lugar, numa zona mais elevada, para que ela possa assistir ao desenrolar do treino dos seus alunos. Nessa época, os adeptos de diferentes escolas, atraídos pela reputação do dojo de Takano Mitsumasa, vinham treinar e residir no dojo por algumas semanas. M. Takano pensava que, se a sua nora se familiarizasse com o kenjutsu durante a gravidez, isso teria influência sobre a arte da espada do seu futuro neto, pois ele estava certo que seria um homem. Mas para Kei, educada com a moral e o sentido de pudor duma esposa de bushi, numa época em que uma mulher grávida não se mostrava em público, era uma tarefa difícil expôr-se diante de homens com o seu ventre cada vez mais maior. Ela diria mais tarde: “Nunca senti um sentimento de vergonha tão grande, como nesses dias.” E quando a noite chegava, Kei tinha de escutar os relatos de Mitsumasa acerca dos heróis e dos grandes praticantes do sabre. Ele dizia que se tratava da educação do feto.
A criança tão esperada nasce a 13 de Junho 1862. É um rapaz e é-lhe dado o nome de Sazaburo. Para celebrar o nascimento do seu neto, no qual ele espera formar um sucessor, Mitsumasa faz vir um mestre ferreiro perito na fabricação de sabres e manda construir uma oficina e um forno para forjar um par de sabres. Mais tarde, quando S. Takano já se transformara num dos maiores peritos de kendo, alguém lhe perguntou com que idade tinha começado a praticar o sabre, ele respondeu: “Comecei na barriga da minha mãe.” A resposta era fundamentada.
THE ESTABLISHMENT OF KENDO: SAZABURO TAKANO’S YOUTH (IV)
More informations about S. Takano’s life. This time, always thanks to Kenji Tokitsu sensei (http://www.tokitsu.com), we are now about to know a little bit more about his family and his childhood.
Sazaburo Takano, a childhood dedicated to the art of the sword.
While studying the art of the sword with Tesshu Yamaoka, in Tokyo, Sazaburo Takano was forced to return to Chichibu’s province to run the family’s dojo after his grandfather’s death. Not long after his return, in January 1885, Takano gets married. He is then 28 and, with that young master who also teaches in other dojos of the region, the Takano Dojo gains a new vitality.
Following his grandfather’s habit, S. Takano supervises the morning practise everyday from 4 to 6 AM. After trainning, he dries himself near the temple’s well and washes his mouth. The morning light starts to breach between the big trees and as soon as it passes over the horizon, he opens his mouth as much as possible, and tries to “swallow” the sun. His grandfather taught him how to swallow “the sun God” since the age of three. It was about breathing deeply while having the sensation of swallowing all the surrounding light, at once. S. Takano stood by his grandfather’s teachings in what was (T.N.: suppose to be) an excellent breathing exercise.
The birth of a kenjutsu dojo’s heir.
Sakichiro-Mitsumasa Takano, an expert of the Ono-ha Itto-ryu school, was, they say, a “hot-head”. His son Yoshisaburo studied the art of the sword under his supervision and reached the technical capacity of a “correct” sword master. But, unlike his father, he lacks in character, he is a bushi inclined rather towards reflection than fighting.
Mitsumasa tells him one day: “Until a short time ago, I was worried while you practised with the sword, and I wondered if you could be able to succeed me, if you were capable of assuming my functions with His Lordship. But my spirit is reassured now, I know you will assume your role as a Vassal.”
Yoshisaburo proves himself talented in the Seigneury’s economic matters and by the end of the problematic period of the Edo era (Bakumatsu), he manages to ensure the economical safety of his family.
Yoshisaburo marries a girl called Kei, whom, while a teenager, was chosen to serve inside the Shogun’s palace, where she received a sofisticated education, that prepared her to became the bushi’s perfect wife. And it was not only about how to behave and talk, but also, to have a more deep attitude towards life and death. For instance, a bushi’s wife must have, ready to use, somewhere in her closet, white garments for herself and her husband. Those are death garments, for a bushi must be always ready to die with dignity and according to his rank.
When he knew his daughter-in-law Kei was pregnant, Mitsumasa rejoiced. Every day, during his kenjutsu practise, he makes her seat in his place, in an upper platform, so that she can assist the developpment of his pupils trainning. In those days, the experts of different schools, attracted by Takano Mitsumasa’s dojo reputation, would train and reside in the dojo for several weeks in a row. M. Takano thought that, if kenjutsu became familiar to his daughter-in-law during pregnancy, that would be a good influence on his future grandson’s sword art, because he was convinced that the baby would be a boy. But for Kei, elevated with the morals and the sense of righteousness of a bushi’s spouse, and in the days when a pregnant woman would not show herself in public, it was a hard task to expose herself in front of all those men, with her belly getting bigger and bigger. She would say later: “Never have I felt such shame as in those days.” And when night came, Kei would listen to all the tales Matsumasa told about the heros and the great experts of the sword. He used to say it was the education of the foetus.
The desired child is born in 1862, July the 13th. It’s a boy and he’s called Sazaburo. To celebrate the birth of his grandson, and hopefully his successor, Mitsumasa asks a master blacksmith, expert in swordmaking, to join in and orders an owen and a workshop to be built. He then asks him to forge a pair of swords. Later, after becoming one of the greatest kendo experts ever, someone asked him when did he started practicing with the sword, he answered: “I started inside my mother’s womb.” His answer was true.
2.2.05
A FORMAÇÃO DO KENDO: A JUVENTUDE DE SAZABURO TAKANO (III)
Continuamos hoje a tentar aprender com quantos paus se faz o shinai de um dos últimos grandes mestres de kendo. E a história de S. Takano está longe de terminar. Como sempre agradecimentos ao mestre Tokitsu por ter disponibilizado os seus textos e artigos sobre este assunto. Como sempre, sabe pode encontrá-los, em francês, aqui: http://www.tokitsu.com.
O Dojo Shumpukan
Tesshu vivia na antiga casa do vassalo principal da senhoria de Kyushu (Wakayama). Eis como um dos discípulos que aí habitava também, Kogura Tetsuju (que na altura se chamava Watanabé Isaburô) descreve a vida quotidiana na “Yamaoka Sensei Shôden-Oré no Shishô”:
“Como o mestre se dedicava ao gekiken, dois ou três alunos compareciam diariamente e treinavam, sangrando abundantemente, sobre a terra batida frente ao vestíbulo. O seu número aumentava de dia para dia e em breve seriam entre quarenta e cinquenta. Então o mestre mandou derrubar as paredes de um edifício comprido (nagaya) e mandou que se colocasse um pavimento de madeira para aí fazer um dojo.”
Nessa época o termo kendo ainda não era usado, dizia-se gekiken ou kenjutsu. Kogura Tetsuju foi aceite como aluno residente (uchideshi) em 31 de Dezembro de 1881:
“Nessa altura, no Shumpukan (ele confunde porque o Shumpukan ainda não tinha sido construído), para além de uma dezena de alunos residentes, treinavam diariamente 70 a 80 alunos.
A vida dos alunos residentes era muito diferente da dos outros alunos.
Levantávamos-nos todos os dias às 4 da manhã. Lavávamos rapidamente a cara, pois era preciso varrer o jardim e, em seguida, preparar o dojo grande. O treino matinal começava antes do pequeno-almoço.
Ao primeiro som de shinais, o mestre levantava-se e, depois de refrescar a cara, ia até dojo para treinar cada um dos seus alunos internos. Em seguida tomávamos o pequeno-almoço. Como eu era o aluno mais recente, devia terminar o treino mais cedo para preparar a refeição de todos os alunos e servir apenas o mestre. Cada um dos outros servia-se a si próprio. A preparação não era assim muito difícil, uma vez que comíamos, com o arroz, uma sopa à base de feijóes de soja e uma salada de nabo.
Depois da refeição, deviamos treinar com os alunos externos e eu tinha de arranjar tempo para fazer as compras para o almoço, limpar as ervas do jardim, preparar o banho, etc, etc.”
Assim deve ter sido a vida de S. Takano enquanto aluno de Tesshu. Tesshu, que mandou construir no jardim, por detrás da sua casa, um dojo com 6,30 m de largura e 14,40 m de comprimento; inaugurado a 20 de Novembro de 1883, baptizou-o com o nome “Shumpukan” (casa do vento primaveril). Nessa altura, um dojo com essas dimensões era considerado muito grande. Comparando com as dimensões dos dojos de hoje, esse “grande dojo” parece pequeno e, no entanto, tinha capacidade para acolher bastantes alunos. Porquê? Porque os métodos de treino e de executação técnica eram, então, diferentes. Em vez de se treinar técnicas de longo alcance e baseadas na rapidez, tal como são privilegiadas pela tendência moderna do kendo, treinava-se principalmente com a ideia de preparar o combate com um sabre cortante; o shinai não era, aí, mais do que intermediário. O gesto de cortar é sensivelmente diferente do gesto de tocar com o shinai.
A vida de Sazaburo Takano durante essa época não é, no entanto, conhecida com muita precisão. Pensa-se que deverá ter permanecido no dojo de Tesshu de Abril de 1879 a Setembro de 1884, sendo que, assim, deverá ter chegado antes da construção do novo dojo. Segundo um documento publicado pela Comissão Cultural de Saitama, Takano deve ter-se tornado aluno oficial de Tesshu e terá conseguido triunfar no “tachigiri” de 7 dias, o qual já foi anteriormente descrito. Mas estas afirmações não estão provadas e não são confirmadas por outras fontes de informação.
Tesshu abriu as portas do seu dojo a todos aqueles que buscavam aprofundar a arte do sabre, sem limitações quanto à sua escola. Eis, acerca do assunto, as regras internas do Shumpukan:
- O combate de desafio com outras escolas (taryu-jiaî) far-se-à sem armadura de protecção e com sabre de madeira.
- Os adeptos vindos de outras escolas e que desejem treinar o combate com o objectivo de aprofundar a sua arte, praticarão com armadura e com um shinai (Setembro 1884).
Dizia-se que uma pessoa normal não aguentava o treino no dojo de Tesshu por mais do que uma semana. S. Takano dedica-se com tanto empenho que, ao fim de dois meses, os outros discípulos começam a desconfiar que ele prepara uma vingança em honra dos seus familiares.
A última vingança de que há registo no Japão teve lugar no ano seguinte, a 17 de Dezembro de 1880. Ocorreu com um homem chamado Rokuro Usui que, vindo de Fukuoka para Tóquio, se tornou aluno de Tesshu em 1876. Depois da vingança, Tesshu Yamaoka foi convocado pelo tribunal que desconfiava que ele tinha encorajado esse acto. Quando Takano entrou no dojo de Tesshu esses acontecimentos ainda não se tinham produzido.
É ele próprio que nos conta:
“Dois meses depois da minha chegada, o mestre Yamaoka diz-me: “Venha comigo, hoje convido-o para uma boa refeição.” E continua sorrindo: ”Tem-se empenhado bastante durante estes meses.” Eu respondo: “Agradeço-lhe. Começo a sentir que ganhei mais força.” Nisso, o mestre manda sair os outros alunos e ficamos a sós. E ele diz: “Já não está mais ninguém aqui. Diga-me o que vai pelo seu espírito sem me esconder nada. Sabendo, talvez eu lhe possa ser útil. Você tem muitas coisas curiosas.” Perante estas palavras simpáticas, acabei por lhe contar o meu segredo. O mestre disse-me: “Compreendi. Mas esse homem chamado Okada já não é adversário para si. Parta imediatamente para se vingar. Se por acaso perder, volte cá.”
Depois dessa conversa, parti imediatamente.”
A Comissão Cultural de Saitama, afasta-se do trestemunho de Takano e oferece uma versão moralista desse episódio: S. Takano torna-se aluno de Tesshu ao renunciar ao espírito de vingança. Mas, eis aqui o seguimento desse caso, segundo um artigo da revista Kendo-Nippon:
“S. Takano deixa Tóquio e desloca-se até Takasaki, onde se situa o dojo de Okada. Um dos discípulos de Okada recebe-o e diz-lhe:
“Gostaria de saber o motivo da sua visita.”
Takano responde: “Pode facilmente adivinhar o objectivo da visita que um adepto de kenjutsu faz a outro. Mas falarei mais quando estiver cara-a-cara com o seu mestre. Faça o favor de lhe anunciar a minha visita.”
Este visitante não era vulgar. O discípulo de Okada corre a anunciar a visita ao seu mestre. Jogoro Okada vem recebê-lo e diz:
“Estou desolado pelo mal que lhe causei da última vez. Arrependo-me profundamente. E o meu arrependimento é ainda maior desde que soube entrou para o dojo de mestre Yamaoka para aprofundar a sua arte.”
“Não necessito da sua gentileza.” Responde Takano, que continua: “Eu vim hoje aqui para lhe pedir que combata comigo.”
“Peço-lhe que me desculpe por lhe pedir que retire o seu desafio, pois penso que já não seria capaz de lhe fazer frente.”
O diálogo continuou neste mesmo tom e ao fim de uns momentos, a combatividade de S. Takano esmorece e ele retira-se sem combater contra Okada.”
Para Okada essa foi certamente a solução mais inteligente, uma vez que Takano estava disposto, segundo as suas palavras, a morrer se perdesse uma outra vez. Okada não podia deixar de compreender (N.T.: e temer?) a determinação desse jovem adepto.
A 27 de Setembro de 1884, o avô de S. Takano, Sakichiro-Mitsumasa Takano, morre com a idade de 82 anos. Com a autorização de Tesshu, S. Takano, com cerca de 22 anos, volta á sua terra natal para dirigir o dojo do seu defunto avô.
THE ESTABLISHMENT OF KENDO: SAZABURO TAKANO’S YOUTH (III)
We are still trying to understand how one of the greatest kendo masters, ever, was built. And S. Takano’s history is far from over. As always, thanks to Tokitsu sensei for his articles about the subject. And, as always, you know you can find it all, in french, right here: http://www.tokitsu.com.
The Shumpukan Dojo
Tesshu lived in the Ryukyu Seigneury main vassal’s former house (Wakiyama). Here is how one of his disciples, Kogura Tetsuju (called, in those days, Watanabé Isaburô), who also used to live there, describes the daily life inside “Yamaoka Sensei Shôden-Oré no Shishô”:
“Because the master dedicated himself to gekiken, two or three students will attend his classes on a daily basis, bleeding profusely, on the dusty ground right in front of the vestibule. That number rose day by day and soon they were between forty and fifty. Then the master ordered the walls of this long building (nagaya) to be knocked down and it to be paved with wood, in order to make it a dojo.”
In those days the word kendo was not in use, so one would say gekiken or kenjutsu. Kogura Tetsuju was accepted as a resident student (uchideshi) in December, the 31st, 1881.
“Back then, at the Shumpukan (he’s confused, the Shumpukan hadn’t been built yet), aside from the ten or so, resident students, some 70 to 80 sword adepts trained everyday.
The life of the resident student was very different from the other ones.
We’d get up everyday at 4 AM. Quickly washed our face, because the garden needed to be swept, and after that we’d prepare the main dojo. Morning practise would start before breakfast.
With the first sounds of the shinais, the master would got up and, after refreshing his face, he’d then go to the dojo and train with each of his resident students. After, we used to have breakfast. Has I was the most recent student, I had to finish practise earlier, in order to prepare the meal to all the students and to serve it to the master. Each one of the students should serve himself from the meal. The preparation wasn’t that difficult, since we ate rice, a soup made out of soy beans and a turnip salad.
After the meal, we had to train with the visiting students and I had to find the time to do the shopping for lunch, clean the weeds of the garden, prepare the bath and so on…”
S. Takano’s life must had been something like that while he was a student at Tesshu’s. Tesshu, who ordered a 6,30 meters large and14,40 meters long dojo to be built in the garden, behind his house; it opened in 1883, November the 20th and was baptized “Shumpukan” (house of the spring wind). Back then a dojo with such dimensions was considered a very big one. Comparing with today’s dojo, that “big dojo” certainly appears to be small, however, it was abble to receive a lot of students in it. Why? Because the trainning methods were very different. Instead long range techniques based upon speed, like the ones favoured today by the prevailing tendency of kendo, one would concentrate on how to prepare for a fight with a cutting sword; the shinai, then, was nothing more than an intermediary. The act of cutting is slightly different from touching with the shinai.
However, Takano’s life back then isn’t know with too much accuracy. Some think he must have remained at Tesshu’s home from April 1879 until September 1884, and so, must have arrived there before the opening of the new dojo. According to a document published by the Saitama’s Cultural Comission, S. Takano became an official student of Tesshu and overcame successfully the seven days “tachigiri”, which we already talked about in here. But these statements are neither proofed nor confirmed by other information sources.
Tesshu opened his dojo’s doors to all of those searching to improve their skills in the art of of the sword, without any limitations about their schools of origin. These were the internal rules of the Shumpukan:
- Challenge fights with other schools (taryu-jiaî) will take place without any protective gear and with (the use of) a wooden sword.
- The students of other schools who wish to train combat with the objective of improving their art, will use protective gear and a shinai (September 1884).
They used to say a regular person wouldn’t be capable of trainning in Tesshu’s dojo for more than a week. S. Takano dedicates himself to it with such persistence that, after two months, the other disciples began to wonder if he is not preparing a revenge to honor his parents with.
The last registered revenge to take place in Japan would take place the next year, in 1880, December the 17th. That revenge was executed by a man called
Rokuro Usui, who came from Fukuoka to Tokyo, and became a Tesshu student in 1876. After the revenge, Tesshu Yamaoka was called by the court; they suspected he had encouraged the act. When Takano entered Tesshu’s dojo those events were yet to happen.
Here’s what he tells us:
“Two months after my arrival, Yamaoka sensei told me: “Come with me, today I invite you to a good meal.” And he continues, while smilling: “You have been trainning really hard these last months.” I answered: “I thank you. I start to feel I gained power.” Suddenly, the master ordered everybody to leave and we are left alone. And he said: “There’s nobody else here. Tell me what’s on your mind without holding anything from me. If I know, I might be helpful. You are a very curious person.” After these nice words I told him my secret. The master then said: “I understand. But that man called Okada is no longer an adversary for you. Leave at once and take your revenge. If, by any chance, you loose, come back here.”
After that conversation, I left imediately.”
The Saitama’s Cultural Comission, aparts itself from Takano’s testemony and offers a rather moralistic version of the episode: S. Takano becomes Tesshu’s student by renouncing the spirit of revenge. But, according to an article in Kendo-Nippon magazine, things happened as follows:
“S. Takano leaves Tokyo and travels to Takasaki, where Okada’s dojo is situated. Oine of his disciples receives him and asks:
“I’d like to know the reason of your visit.”
Takano answers. “you can easily guess the reason why a kenjutsu student visits another. But I’ll say more once I’m face to face with your master. Please, let him know that I’m here.”
This visitor was no ordinary one. Okada’s disciple runs to announce him to his teacher. Jogoro Okada receives him and says:
“I’m very sad for all the harm I did to you last time we met. I’m very sorrow. And my remorse is even bigger since I knew you entered master Yamaoka’s dojo, in order to improve your art.”
“I don’t need your politeness.” Takano answers, and conitnues: “I’m here today to ask you to fight me.”
“I’m very sorry but I’l have to ask you to take back your challenge, because I don’t think I’d be capable to confront you.”
The dialoge continued for a bit more and after a few moments, Takano’s combativeness faded away and he left Okada’s dojo without fighting him.”
To Okada that was, for sure, the most inteligent solution, since, according to his own words, Takano was ready to die in case he’d loose again against him. Okada could not help to understand (T.N.: and fear?) the young man’s determination.
On the 27th of Sepetmber, 1884, Takano’s grandfather, Sakichiro-Mitsumasa Takano, passes away at the age of 82. With Tesshu’s permission, Sazaburo Takano, then aged 22, travels back to his hometown to run his late grandfather’s dojo.
O Dojo Shumpukan
Tesshu vivia na antiga casa do vassalo principal da senhoria de Kyushu (Wakayama). Eis como um dos discípulos que aí habitava também, Kogura Tetsuju (que na altura se chamava Watanabé Isaburô) descreve a vida quotidiana na “Yamaoka Sensei Shôden-Oré no Shishô”:
“Como o mestre se dedicava ao gekiken, dois ou três alunos compareciam diariamente e treinavam, sangrando abundantemente, sobre a terra batida frente ao vestíbulo. O seu número aumentava de dia para dia e em breve seriam entre quarenta e cinquenta. Então o mestre mandou derrubar as paredes de um edifício comprido (nagaya) e mandou que se colocasse um pavimento de madeira para aí fazer um dojo.”
Nessa época o termo kendo ainda não era usado, dizia-se gekiken ou kenjutsu. Kogura Tetsuju foi aceite como aluno residente (uchideshi) em 31 de Dezembro de 1881:
“Nessa altura, no Shumpukan (ele confunde porque o Shumpukan ainda não tinha sido construído), para além de uma dezena de alunos residentes, treinavam diariamente 70 a 80 alunos.
A vida dos alunos residentes era muito diferente da dos outros alunos.
Levantávamos-nos todos os dias às 4 da manhã. Lavávamos rapidamente a cara, pois era preciso varrer o jardim e, em seguida, preparar o dojo grande. O treino matinal começava antes do pequeno-almoço.
Ao primeiro som de shinais, o mestre levantava-se e, depois de refrescar a cara, ia até dojo para treinar cada um dos seus alunos internos. Em seguida tomávamos o pequeno-almoço. Como eu era o aluno mais recente, devia terminar o treino mais cedo para preparar a refeição de todos os alunos e servir apenas o mestre. Cada um dos outros servia-se a si próprio. A preparação não era assim muito difícil, uma vez que comíamos, com o arroz, uma sopa à base de feijóes de soja e uma salada de nabo.
Depois da refeição, deviamos treinar com os alunos externos e eu tinha de arranjar tempo para fazer as compras para o almoço, limpar as ervas do jardim, preparar o banho, etc, etc.”
Assim deve ter sido a vida de S. Takano enquanto aluno de Tesshu. Tesshu, que mandou construir no jardim, por detrás da sua casa, um dojo com 6,30 m de largura e 14,40 m de comprimento; inaugurado a 20 de Novembro de 1883, baptizou-o com o nome “Shumpukan” (casa do vento primaveril). Nessa altura, um dojo com essas dimensões era considerado muito grande. Comparando com as dimensões dos dojos de hoje, esse “grande dojo” parece pequeno e, no entanto, tinha capacidade para acolher bastantes alunos. Porquê? Porque os métodos de treino e de executação técnica eram, então, diferentes. Em vez de se treinar técnicas de longo alcance e baseadas na rapidez, tal como são privilegiadas pela tendência moderna do kendo, treinava-se principalmente com a ideia de preparar o combate com um sabre cortante; o shinai não era, aí, mais do que intermediário. O gesto de cortar é sensivelmente diferente do gesto de tocar com o shinai.
A vida de Sazaburo Takano durante essa época não é, no entanto, conhecida com muita precisão. Pensa-se que deverá ter permanecido no dojo de Tesshu de Abril de 1879 a Setembro de 1884, sendo que, assim, deverá ter chegado antes da construção do novo dojo. Segundo um documento publicado pela Comissão Cultural de Saitama, Takano deve ter-se tornado aluno oficial de Tesshu e terá conseguido triunfar no “tachigiri” de 7 dias, o qual já foi anteriormente descrito. Mas estas afirmações não estão provadas e não são confirmadas por outras fontes de informação.
Tesshu abriu as portas do seu dojo a todos aqueles que buscavam aprofundar a arte do sabre, sem limitações quanto à sua escola. Eis, acerca do assunto, as regras internas do Shumpukan:
- O combate de desafio com outras escolas (taryu-jiaî) far-se-à sem armadura de protecção e com sabre de madeira.
- Os adeptos vindos de outras escolas e que desejem treinar o combate com o objectivo de aprofundar a sua arte, praticarão com armadura e com um shinai (Setembro 1884).
Dizia-se que uma pessoa normal não aguentava o treino no dojo de Tesshu por mais do que uma semana. S. Takano dedica-se com tanto empenho que, ao fim de dois meses, os outros discípulos começam a desconfiar que ele prepara uma vingança em honra dos seus familiares.
A última vingança de que há registo no Japão teve lugar no ano seguinte, a 17 de Dezembro de 1880. Ocorreu com um homem chamado Rokuro Usui que, vindo de Fukuoka para Tóquio, se tornou aluno de Tesshu em 1876. Depois da vingança, Tesshu Yamaoka foi convocado pelo tribunal que desconfiava que ele tinha encorajado esse acto. Quando Takano entrou no dojo de Tesshu esses acontecimentos ainda não se tinham produzido.
É ele próprio que nos conta:
“Dois meses depois da minha chegada, o mestre Yamaoka diz-me: “Venha comigo, hoje convido-o para uma boa refeição.” E continua sorrindo: ”Tem-se empenhado bastante durante estes meses.” Eu respondo: “Agradeço-lhe. Começo a sentir que ganhei mais força.” Nisso, o mestre manda sair os outros alunos e ficamos a sós. E ele diz: “Já não está mais ninguém aqui. Diga-me o que vai pelo seu espírito sem me esconder nada. Sabendo, talvez eu lhe possa ser útil. Você tem muitas coisas curiosas.” Perante estas palavras simpáticas, acabei por lhe contar o meu segredo. O mestre disse-me: “Compreendi. Mas esse homem chamado Okada já não é adversário para si. Parta imediatamente para se vingar. Se por acaso perder, volte cá.”
Depois dessa conversa, parti imediatamente.”
A Comissão Cultural de Saitama, afasta-se do trestemunho de Takano e oferece uma versão moralista desse episódio: S. Takano torna-se aluno de Tesshu ao renunciar ao espírito de vingança. Mas, eis aqui o seguimento desse caso, segundo um artigo da revista Kendo-Nippon:
“S. Takano deixa Tóquio e desloca-se até Takasaki, onde se situa o dojo de Okada. Um dos discípulos de Okada recebe-o e diz-lhe:
“Gostaria de saber o motivo da sua visita.”
Takano responde: “Pode facilmente adivinhar o objectivo da visita que um adepto de kenjutsu faz a outro. Mas falarei mais quando estiver cara-a-cara com o seu mestre. Faça o favor de lhe anunciar a minha visita.”
Este visitante não era vulgar. O discípulo de Okada corre a anunciar a visita ao seu mestre. Jogoro Okada vem recebê-lo e diz:
“Estou desolado pelo mal que lhe causei da última vez. Arrependo-me profundamente. E o meu arrependimento é ainda maior desde que soube entrou para o dojo de mestre Yamaoka para aprofundar a sua arte.”
“Não necessito da sua gentileza.” Responde Takano, que continua: “Eu vim hoje aqui para lhe pedir que combata comigo.”
“Peço-lhe que me desculpe por lhe pedir que retire o seu desafio, pois penso que já não seria capaz de lhe fazer frente.”
O diálogo continuou neste mesmo tom e ao fim de uns momentos, a combatividade de S. Takano esmorece e ele retira-se sem combater contra Okada.”
Para Okada essa foi certamente a solução mais inteligente, uma vez que Takano estava disposto, segundo as suas palavras, a morrer se perdesse uma outra vez. Okada não podia deixar de compreender (N.T.: e temer?) a determinação desse jovem adepto.
A 27 de Setembro de 1884, o avô de S. Takano, Sakichiro-Mitsumasa Takano, morre com a idade de 82 anos. Com a autorização de Tesshu, S. Takano, com cerca de 22 anos, volta á sua terra natal para dirigir o dojo do seu defunto avô.
THE ESTABLISHMENT OF KENDO: SAZABURO TAKANO’S YOUTH (III)
We are still trying to understand how one of the greatest kendo masters, ever, was built. And S. Takano’s history is far from over. As always, thanks to Tokitsu sensei for his articles about the subject. And, as always, you know you can find it all, in french, right here: http://www.tokitsu.com.
The Shumpukan Dojo
Tesshu lived in the Ryukyu Seigneury main vassal’s former house (Wakiyama). Here is how one of his disciples, Kogura Tetsuju (called, in those days, Watanabé Isaburô), who also used to live there, describes the daily life inside “Yamaoka Sensei Shôden-Oré no Shishô”:
“Because the master dedicated himself to gekiken, two or three students will attend his classes on a daily basis, bleeding profusely, on the dusty ground right in front of the vestibule. That number rose day by day and soon they were between forty and fifty. Then the master ordered the walls of this long building (nagaya) to be knocked down and it to be paved with wood, in order to make it a dojo.”
In those days the word kendo was not in use, so one would say gekiken or kenjutsu. Kogura Tetsuju was accepted as a resident student (uchideshi) in December, the 31st, 1881.
“Back then, at the Shumpukan (he’s confused, the Shumpukan hadn’t been built yet), aside from the ten or so, resident students, some 70 to 80 sword adepts trained everyday.
The life of the resident student was very different from the other ones.
We’d get up everyday at 4 AM. Quickly washed our face, because the garden needed to be swept, and after that we’d prepare the main dojo. Morning practise would start before breakfast.
With the first sounds of the shinais, the master would got up and, after refreshing his face, he’d then go to the dojo and train with each of his resident students. After, we used to have breakfast. Has I was the most recent student, I had to finish practise earlier, in order to prepare the meal to all the students and to serve it to the master. Each one of the students should serve himself from the meal. The preparation wasn’t that difficult, since we ate rice, a soup made out of soy beans and a turnip salad.
After the meal, we had to train with the visiting students and I had to find the time to do the shopping for lunch, clean the weeds of the garden, prepare the bath and so on…”
S. Takano’s life must had been something like that while he was a student at Tesshu’s. Tesshu, who ordered a 6,30 meters large and14,40 meters long dojo to be built in the garden, behind his house; it opened in 1883, November the 20th and was baptized “Shumpukan” (house of the spring wind). Back then a dojo with such dimensions was considered a very big one. Comparing with today’s dojo, that “big dojo” certainly appears to be small, however, it was abble to receive a lot of students in it. Why? Because the trainning methods were very different. Instead long range techniques based upon speed, like the ones favoured today by the prevailing tendency of kendo, one would concentrate on how to prepare for a fight with a cutting sword; the shinai, then, was nothing more than an intermediary. The act of cutting is slightly different from touching with the shinai.
However, Takano’s life back then isn’t know with too much accuracy. Some think he must have remained at Tesshu’s home from April 1879 until September 1884, and so, must have arrived there before the opening of the new dojo. According to a document published by the Saitama’s Cultural Comission, S. Takano became an official student of Tesshu and overcame successfully the seven days “tachigiri”, which we already talked about in here. But these statements are neither proofed nor confirmed by other information sources.
Tesshu opened his dojo’s doors to all of those searching to improve their skills in the art of of the sword, without any limitations about their schools of origin. These were the internal rules of the Shumpukan:
- Challenge fights with other schools (taryu-jiaî) will take place without any protective gear and with (the use of) a wooden sword.
- The students of other schools who wish to train combat with the objective of improving their art, will use protective gear and a shinai (September 1884).
They used to say a regular person wouldn’t be capable of trainning in Tesshu’s dojo for more than a week. S. Takano dedicates himself to it with such persistence that, after two months, the other disciples began to wonder if he is not preparing a revenge to honor his parents with.
The last registered revenge to take place in Japan would take place the next year, in 1880, December the 17th. That revenge was executed by a man called
Rokuro Usui, who came from Fukuoka to Tokyo, and became a Tesshu student in 1876. After the revenge, Tesshu Yamaoka was called by the court; they suspected he had encouraged the act. When Takano entered Tesshu’s dojo those events were yet to happen.
Here’s what he tells us:
“Two months after my arrival, Yamaoka sensei told me: “Come with me, today I invite you to a good meal.” And he continues, while smilling: “You have been trainning really hard these last months.” I answered: “I thank you. I start to feel I gained power.” Suddenly, the master ordered everybody to leave and we are left alone. And he said: “There’s nobody else here. Tell me what’s on your mind without holding anything from me. If I know, I might be helpful. You are a very curious person.” After these nice words I told him my secret. The master then said: “I understand. But that man called Okada is no longer an adversary for you. Leave at once and take your revenge. If, by any chance, you loose, come back here.”
After that conversation, I left imediately.”
The Saitama’s Cultural Comission, aparts itself from Takano’s testemony and offers a rather moralistic version of the episode: S. Takano becomes Tesshu’s student by renouncing the spirit of revenge. But, according to an article in Kendo-Nippon magazine, things happened as follows:
“S. Takano leaves Tokyo and travels to Takasaki, where Okada’s dojo is situated. Oine of his disciples receives him and asks:
“I’d like to know the reason of your visit.”
Takano answers. “you can easily guess the reason why a kenjutsu student visits another. But I’ll say more once I’m face to face with your master. Please, let him know that I’m here.”
This visitor was no ordinary one. Okada’s disciple runs to announce him to his teacher. Jogoro Okada receives him and says:
“I’m very sad for all the harm I did to you last time we met. I’m very sorrow. And my remorse is even bigger since I knew you entered master Yamaoka’s dojo, in order to improve your art.”
“I don’t need your politeness.” Takano answers, and conitnues: “I’m here today to ask you to fight me.”
“I’m very sorry but I’l have to ask you to take back your challenge, because I don’t think I’d be capable to confront you.”
The dialoge continued for a bit more and after a few moments, Takano’s combativeness faded away and he left Okada’s dojo without fighting him.”
To Okada that was, for sure, the most inteligent solution, since, according to his own words, Takano was ready to die in case he’d loose again against him. Okada could not help to understand (T.N.: and fear?) the young man’s determination.
On the 27th of Sepetmber, 1884, Takano’s grandfather, Sakichiro-Mitsumasa Takano, passes away at the age of 82. With Tesshu’s permission, Sazaburo Takano, then aged 22, travels back to his hometown to run his late grandfather’s dojo.
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