Ontem começou a semana das artes marciais do National Geographic Channel.
O trabalho de abertura dedicado à katana foi, acho que lhe podemos chamar assim, sofrível.
Quando é que alguém se irá decidir a fazer um documentário DECENTE sobre a espada japonesa? Que raio, nem a National Geographic?
É que, por um lado, a reportagem até se debruça de uma maneira competente e extremamente interessante sobre a concepção e criação da espada por parte de um dos actuais ferreiros ainda em actividade.
Mas por outro, tudo o resto, o envolvimento e suposta explicação das origens e da mística da katana, descambou irremediavelmente (?) numa imitação pobrezinha (e em “câmara-lenta”) das séries de TV japonesas de chambara*.
Se tirarmos as encenações historico-irrealistico-foleiras, alguns tame-shigiri bastante merdosos e o número de circo em que a filha atira setas contra o pai, o qual se defende usando apenas a espada, pouco tivemos que valha a pena.
Mas felizmente ainda tivemos.
Um dos segmentos do documentário apresentava um excerto minúsculo de um keiko de iai bastante interessante.
Foi pena, porque a parte da feitura da espada até foi gira e merecia um bocadinho mais de “trabalho” à sua volta.
De resto, mal posso esperar pelo monge do kung fu em Nova Iorque e pelo especial sobre Armas Chinesas do kung fu que dão continuidade a esta “semana” das artes marciais.
Estou aqui que não me aguento.
P.S.: Não existe nenhuma, como os comentadores portugueses no programa frequentemente referem, “espada samurai”. Provavelmente, é só mais uma das excelentes traduções com que somos diariamente brindados nos canais-cabo. “The samurai sword”, em inglês, significa “a espada DO samurai”.
Porque como o possessivo “apóstrofo+s” não se aplica se a palavra seguinte começar, também ela, por “s”, quando os comentadores americanos convidados dizem “the samurai sword” (e não, claro, “the samurai’s sword”), o que querem dizer é “a espada DO samurai”.
Samurai, que eu saiba, não é nenhuma marca ou tipo de espada. Cretinos.
*Aventuras de samurais.
24.10.06
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1 comentário:
Infelizmente, o Último Samurai é o exemplo perfeito do cinema a que costumo chamar "Lixo de Luxo".
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