6.4.06

3. COMO ENCARAR O JI-GEIKO EM CADA FASE DE DESENVOLVIMENTO II.

3-2. Entre 1º e 3º dan.
Do Kendoka destes níveis deseja-se que seja capaz de aprimorar Shikake-waza; é também importante que tente utilizar uma grande variedade de tércnicas, por sua própria iniciativa. Por outro lado, deve atacar não só avançando, mas também usar activamente Hiki-waza (recuando) e deve sempre lembrar-se que deve completar o seu ataque. Tal como mencionado anteriormente, ganhar ou perder não constitui uma prioridade no Ji-geiko. Não se deve preocupar apenas com as vezes que atingiu ou que foi atingido pelo seu adversário, mas reflectir no processo de “como e porquê” atingiu e/ou foi atingido.

Utte-hansei, utarete-kansya”, ou seja, pensar no nosso ataque depois de ter atingido o adversário com sucesso e agradecer-lhe quando ele nos atinge, é uma atitude esperada nos Kendokas deste nível.
Os praticantes nesta fase devem, além disso, começar a reflectir nas três maneiras de se impôr a um adversário (San-sappo) em Ji-geiko. Uma é matar o Ki (espírito) do adversário. Trata-se de abater o Ki do oponente demonstrando o poder total do nosso. Outra é matar o Ken (espada) do opositor. Isso significa controlar a ponta da espada contrária restringindo os seus movimentos ou anulando-os. A terceira, e última maneira, é matar a Waza (técnica) do adversário. Por outras palavras, antecipar o seu ataque, não lhe dando qualquer oportunidade de o executar (All Japan Kendo Federation, 2000, pp. 79-80).
Nesta fase, ainda é certa uma maior utilização de Ken e Waza do que de Ki para se sobrepôr ao adversário e antecipar o seu ataque. Kendokas neste nível tem ainda Waza(s) para aperfeiçoar (nesta altura é ainda demasiado cedo para começar a fazer Kendo que ponha um maior enfâse em derrotar o adversário através da força da personalidade ou presença (Ki), tal como os kendokas de nível 6º ou 7º dan conseguem fazer.). Encoraja-se o uso de uma maior variedade de Waza em Ji-geiko, através de um uso mais activo do shinai, de deslocações e de esquivas mas também são encorajados para usar Oji-waza (bloqueios) numa proporção de 2 para 8 em relação a Shikake-waza (técnicas de ataque simples). O importante aqui é compreender o conceito fundamental de Oji-waza. Não se deve esperar que o opositor ataque e responder ao seu ataque. Deve-se atraí-lo para uma situação que nos seja vantajosa assim que ele executa o seu ataque. Nunca seremos capazes de executar Oji-waza com sucesso se apenas ficarmos à espera que o adversário tome a iniciativa. Deve-se tentar mostrar espírito atacante sem bater com os pés no chão ou fazer movimentos com o shinai e colocá-lo numa posição em que o seu ataque até é benvindo (Nota Trad.: Porque já o esperamos e podemos assim controlá-lo).
Há certas pessoas que pensam que a razão pela qual não conseguem fazer Oji-waza se deve à sua (falta de) habilidade técnica, aos seus movimentos e à forma como os executam. O que devem pensar, em vez disso, é se estão ou não a tentar atrair o adversário para que ele inicie o ataque.
Neste nível, não é pedido que se seja capaz de executar Oji-waza sem pensar, mas apenas se encoraja o seu uso no Ji-geiko, desde que mantendo sempre em mente o conceito fundamental atrás referido.

Este texto é parte de “Atitudes para com o Ji-geiko”. Um artigo da autoria de Sotaro Honda, 6º dan Renshi e Treinador da Equipa Britãnica, gentilmente cedido pela BKA - British Kendo Association.

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