Outro dia estava a falar com o Jorge acerca de kendo e Jogos Olímpicos e a meio da conversa lembrei-me de tudo (?) o que é, ou deve ser, necessário para que um ataque seja bem sucedido e, portanto, marcado um ponto ao kendoka.
Pensei: “Não queria ser o locutor de serviço de um canal de televisão nesse dia”. Acham que exagero? Então vamos lá, isto é só que me lembrei agora.
Para um ponto ser marcado num combate de kendo ele deve ser mais ou menos assim:
Deve-se atingir um dos yuko-datotsu demonstando ki-ken-tai no itchi, a partir do ma-ai apropriado, executando ha-suji correctamente e batendo com a parte correcta do shinai (o datotsu), o impacto, esse, deve ter sae e o praticante deve manter zanshin mesmo depois do golpe.
Simples, não é? OK, é um bocadinho subjectivo...
Façam a experiência: tentem explicar (só) ki-ken-tai no itchi a alguém que nunca viu kendo na vida e digam-lhe que é um dos factores que determina se um ponto é atribuido ou não, e porquê.
Bom, podia-se sempre fazer como no judo. Criavam-se waza-ari(s), meios-pontos, koka(s) e yuko(s) quartos e oitavos de ponto. (Nota: pode ser ao contrário não sei; yuko é um quarto e koka um oitavo de ponto... sei lá.) Olha, teve ki-ken mas não teve tai, vale um koka. Bateu só de raspão? Não há problema: um yuko resolve isso já. Acertou no Do mas não demonstrou zanshin? Eh, até fez barulho, toma lá um waza-ari, prontes.
Ou, mais simplesmente ainda, fazia-se como os coreanos da World Kumdo Association querem fazer: “tipo” esgrima olímpica. Assim, uma espécie de sport chambara com marcadores electrónicos:
- Tocou?
- Acho que sim... pelo menos a luz acendeu...
- Então marcou.
- Ah... mas não teve ki-ken-tai no...
- Não teve o quê? Não me venha cá com essas paneleirices japonesas, amigo... bateu, bateu. Ah, campeão. Mais uma medalha, carago.
10.4.06
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