29.10.05

A ESCOLHA 3

Eu sabia o que era o kendo quando comecei a praticar. Quer dizer, tinha uma ideia, em termos (muito) gerais do que era a via da espada. Tendo começado a praticar artes marciais aos treze anos (faço parte do tal Grupo 1) também eu acabei por me cruzar com o kendo. E confesso que não estava à espera de encontrar algo de muito diferente do que na verdade encontrei. Em termos técnicos, pelo menos.
Mas o mais interessante de tudo é que também eu passei, à medida que o treino continuou, a encarar de uma maneira diferente o kendo e os seus objectivos.
(Façamos aqui um pequeno parenteses. Os livros, todos os possíveis, foram durante algum tempo o suporte da minha busca. E, já o disse antes, se os livros podem ser um precioso auxiliar também podem ser uma fonte de erros e frustações. Não tenho menor pudor em repetir o que já disse mais do que uma vez: talvez 85% da literatura que existe no nosso meio (das artes marciais) é o mais completo lixo. Uns 14% serão bons/úteis tecnicamente; o restante 1% é excepcional e ajuda (mesmo) a compreender melhor o âmago das artes marciais modernas, que o mesmo é dizer, do budo.)
Mas adiante, hoje porém, estou convencido que os objectivos do kendo são muito mais simples do que alguma vez eu o poderia imaginar.
Para mim, o objectivo do kendo... é o kendo. Só isso.
É como se diz: “the media is the message”. O objectivo do kendo é o keiko. É ele próprio. Por isso, eu sou da opinião que são as pessoas que escolhem ficar no kendo. Que investem no kendo. Porque, é mais do que claro, tem de haver um investimento pessoal. As pessoas que desistiram, na maior parte das vezes, estou convencido que viram apenas o esforço dispendido em tentar acompanhar uma ou duas aulas. Não conseguiram ver o gozo que daí pode advir. Estavam à espera de algo imediato.
Fizeram a escolha certa. O kendo é para eles. Faltou foi paciência.

Sem comentários: