Texto retirado e traduzido do francês de http://www.tokitsu.com com autorização do sensei Kenji Tokitsu.
Em 1879 a prática do sabre tornou-se disciplina obrigatória nas esquadras de polícia. Essa medida foi adoptada em 1877, depois da insurreição dos samurai, reunidos em torno de Saïgo, um dos heróis da restauração Meiji.
Esses samurai do sul tinham lutado, e vencido, para criar um novo regime onde esperavam ter um papel importante, mas a orientação para uma economia industrial e a formação de um exército de alistados, que os privava de sua função habitual, não lhes permitia encontrar o seu lugar. Essa insurreição foi como um fogo de artifício onde se consumia a energia feudal dos que não se podiam inserir nas cadências e nos formatos que a sociedade moderna oferecia. Nesses combates, as armas modernas foram utilizadas, mas também numerosos confrontos foram lutados corpo a corpo, com os sabres a desempenharem um papel importante. Os insurrectos formaram os " kirikomi-taï" (grupos de assalto com sabre) que atacavam principalmente durante a noite.
Esses samurai, originários de Satsuma, tinham sido educados na escola Jigen-ryu. A técnica principal dessa escola consistia em cortar obliquamente o adversário, com um grito estridente que devia ser dado como se se tratasse do último grito da vida. Esse grito de ataque tornou-se num pesadelo para os soldados do governo, pois os ataques eram aterradores e os cadáveres que ficavam estavam normalmente abertos do ombro até ao umbigo. Os ataques eram de tal forma potentes que, por vezes, a guarda do sabre (tsuba) que o soldado tentara usar para se defender, ficava enterrada no seu crânio com a violência do golpe. O treino da escola Jigen-ryu repousava sobre a repetição, batia-se 3000 vezes de manhã e 8000 vezes de tarde contra um poste, usando um bastão e ganhando balanço de uma distância de 5 metros. Relembremos que Sôkon Matsumura, que marcou a história do karaté, praticou o sabre na escola Jigen-ryu durante a sua juventude, nos anos da década de 1820. O seu aluno A. Asato, o mestre de G. Funakoshi, era, ele também, um adepto do sabre dessa escola. Em que medida é que o sabre dessa escola terá influenciado o karaté de Okinawa?
O estado japonês tinha necessidade de um grupo de peritos no sabre capazes de fazer frente aos revoltosos, e formou-o com polícias originários principalmente de famílias samurai. É desse modo que a prática do sabre é reintroduzida nas instituições japonesas, depois de vários anos de desagrado e rejeição. De 1879 a 1883 as esquadras de polícia constituiram um corpo de professores de kenjutsu do qual fizeram parte os grandes peritos do final da era Edo (Bakumatsu). Da lista fazem parte nomes como Umanosuké Ueda, Yoshimasa Kajikawa, Sôsuké Henmi, Shutaro Shimoé, Seikichi Kakimoto, Sekishiro Tokuno, Taîsaku Sakabé, Kanichiro Mihashi, Tadaatsu Shingaî e Naoaki Kanématsu. É nesse quadro que se desenvolveu uma nova fase na prática do sabre japonês que, diga-se, não era ainda designado como kendo. Continuava frequentemente a ser denominado como kenjutsu ou géki-ken.
Em 1885 o judo é integrado nas actividades das esquadras de polícia. Teriam ainda de passar 20 anos até o karaté entrar nas aulas de educação física das escolas de Okinawa e ainda mais 20 até ser apresentado na ilha principal do arquipélago japonês.
KENJUTSU AND THE POLICE
This article was found in http://www.tokitsu.com and translated from french with the authorization of Kenji Tokitsu sensei.
In 1879 sword practice became compulsory in the japanese police force. The measure was adopted in 1877, after the samurai insurrection led by Saïgo, one of the heroes of the Meiji restauration.
Those southern samurai had fought, and won, to create a new regime where they hoped to play an important role, but the orientation towards an industrial economy and the creation of an army of enlistee’s, which deprived them of their usual activity, did not allow them to find their place in society. That insurrection was like fireworks, where the feudal energy of those who did not fit inside the new cadences and formats of the new society was consumed. During those fights, modern weapons were used, but a lot of combats were also fought at close range, and the swords played a very important role. The insurrectionists formed the " kirikomi-taï" (sword assault groups) who usually attacked at night.
Now these samurai, mainly from Satsuma, had been formed in the Jigen-ryu school. The primaryl school’s technique consisted in cutting the adversary obliquely, accompanied by a loud scream, shouted like if it was the last thing you’ll ever do in your life. That fighting scream became a nightmare to the governnent soldiers, because the attacks were terrifying and the corpses left behind were generaly cut open from shoulder to navel. The attacks had such power that, sometimes, the tsuba (sword guard) of the sword that the soldier try to defend himself with, was buried in his skull due of the violence of the strike. Jigen-ryu school training was all about repetition, you’d strike a pole with a stick 3000 times in the morning and 8000 times in the afternoon, running from a distance of 5 meters. Let’s not forget that Sôkon Matsumura, who’s part of karaté history, practiced the Jigen-ryu sword style in his youth, in the years of the 1820’s decade. His student A. Asato, G. Funakoshi’s master, was also an expert of the Jigen-ryu school. How bigger influence had that sword style in the Okinawan karaté?
The japanese government needed a group of sword experts to face the rebels, and formed it with policemen primarily from samurai families. That’s how sword practice is reintroduced in japanese institutions, after a number of years of depreciation and rejection. From 1979 to 1883 the police headquarters established a permanent group of kenjutsu teachers which included some of the greatest experts of the end of the Edo period (Bakumatsu). The list includes names like Umanosuké Ueda, Yoshimasa Kajikawa, Sôsuké Henmi, Shutaro Shimoé, Seikichi Kakimoto, Sekishiro Tokuno, Taîsaku Sakabé, Kanichiro Mihashi, Tadaatsu Shingaî and Naoaki Kanématsu. Within that structure, a new phase of the japanese sword practice was developed, a sword practice that was not yet known as kendo. It was still frequently referred as kenjutsu or géki-ken.
In 1885 judo becomes part of the police headquarters activities. It would be 20 years before karaté entered the physical education classes in the Okinawan schools and another 20 until karaté is presented in the bigger island of the japanese archipelago
30.3.05
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