11.3.05

O SIGNIFICADO DO COMBATE NO BUDO

Bom, este foi do pior. Mais, este foi o pior de todos. Custou muito a traduzir. Muuuito. Qualquer coisa que não percebam, e deve haver algumas partes nessa situação, podem sempre ir até http://www.tokitsu.com e verificar o texto original francês.
E boa sorte, já agora.

Ao seguir o itinerário de dois peritos de kendo que influenciaram directamente o kendo moderno e a consciência do budo no Japão, pretendi mostrar como é complexa a apreciação de um combate de kendo. As questões que se me levantaram a propósito desses artigos podem resumir-se assim: “Compreendi que existe um outro horizonte no combate do budo. Mas, na verdade, para onde nos leva a prática do budo?”
Vou suspender por um instante a história da vida de S. Takano para tentar, no limite das minhas capacidades, dar uma resposta a essa questão tão difícil e que é, justamente, o tema central desta série de artigos.

A consciência do ser no budo
Porque é que, em certas situações de combate, os mestres decidem ao contrário dos espectadores vulgares, afirmando que aquele que recebeu um golpe é que é o melhor? Já analisei essa questão apoiando-me nas opiniões dos mestres que assim decidiram. Para dissipar quaisquer ambiguidades, vamos tentar compreender o que se passa na consciência dos combatentes.
Acontece por vezes durante um treino de kendo que, face a um adepto de alto nível, executar-se um ataque, aparentemente correcto, e, no entanto, não se ficar com a sensação de ter dominado o adversário, mas muito pelo contrário, de ter sido dominado por aquele a quem se desferiu o golpe. Segundo Madame Keiko Deguitre, perita de kendo, graças à qual pude obter documentos preciosos sobre o kendo, esse tipo de experiência é uma preocupação maior entre os kendokas de alto nível. Sente-se que é o adversário nos conduz à acção de atacar e não que fomos nós a criar as condições que permitem que o ataque exista. Durante o combate existe um mal-estar enquanto não se ataca. Há uma sensação de incómodo que quase obriga a fazer o gesto de atacar. Ataca-se então com um golpe que efectivamente atinge o adversário, mas nesse caso, não se sente a satisfação de ter conseguido uma vitória, mas sente-se claramente que foi o adversário que nos “obrigou” ao gesto de ataque. Devemos inclinar-nos perante ele e agradecer-lhe por ter sido “atingido” dessa maneira.
Visto do exterior, foi você que o atingiu, logo foi você o vencedor do combate. Mas, dentro da realidade do combate, o adversário penetrou num vazio da sua percepção, sem aproveitar para atacar, e pressionou esse ponto fraco com a sua vontade e a sua energia (ki). Por outro lado, ele apresentou-lhe um ponto fraco na sua (dele) guarda enquanto mantinha a pressão sobre a sua atitude. Tudo isso criou-lhe o tal mal-estar que você não conseguiu “sacudir” senão através de um gesto de ataque. A insatisfação com o ataque deve-se ao facto de o adversário ter conseguido quebrar a intimidade do seu gesto técnico, ou seja, ter perturbado o seu "ki-ken-taï", a unidade entre o ki (vontade e energia), o ken (movimento do sabre) e o tai (centro do seu corpo). Essa desunião é causada porque você agiu sob o domínio do adversário, e assim ressente-se da falta de plenitude do acto de atacar.
Mas a superioridade de um dos adversários nem sempre é tão clara. Se um adversário, durante o combate, apenas conseguir ter uma iniciativa de avanço (sobre o outro) no domínio da percepção, não é certo que ele consiga executar um golpe magnífico. Mas, nessa situação de interferência de vontades e energias (ki), enquanto não conseguir sobrepôr-se ao oponente, ele abrirá uma falha na sua percepção e você não poderá vencê-lo. Mesmo que o seu ataque o atinja, ele não se sentirá dominado e você não se sentirá que o venceu. O que se procura é um golpe convincente para ambos os adversários, que também são árbitros. E, se um deles tenta atacar, mas sente imediatamente que o seu ataque será rechaçado logo à partida, então ele tentará atacar de outra maneira, ataque esse que será também “defendido” logo de início. Desse modo, sempre que tenta começar um ataque, a sua vontade de atacar é abafada pela do outro e não pode senão recuar no caso de o adversário decidir avançar na sua direcção. Assim ele é dominado sem sequer ser atingido. Essa é a forma ideal de dominar o adversário num combate de budo. Essa forma de domínio tornou-se ideal a partir do momento em que a arte do sabre se constituiu no kendo com o surgimento da noção de budo. O kendo sucede assim ao sabre dos samurais para quem: “O sabre, uma vez desembainhado, deve matar.”

THE MEANING OF THE COMBAT IN BUDO

Hell... this one was difficult! Hard to translate. Haaard. If there’s anything you don’t understand, and I’m sure there’ll be, you can always go to http://www.tokitsu.com and check it out in the original french text.
Oh… and, by the way, good luck with that.

While following the itinerary of two kendo experts who had direct influence upon modern kendo and the conscience of budo in Japan, was my idea to show how complex the appreciation of kendo combat is. The questions that arose related to the past articles, can be summarized as follows: “I understood there’s a different level in budo combat. But, in reality, where does budo practice leads us?”
I’ll suspend for a while the tale of S. Takano’s life, to try to find the answer, the best one I can come up with, to that very difficult question, which is, by the way, the central theme of this series of articles.

The conscience of being in budo
Why is it that, in certain fighting situations, the masters decide against the average spectators, saying that the one who received the blow is the better fighter? I’ve already analyzed that question using the opinion of the masters who decided so. In order to dissipate any ambiguities, we’ll now try to understand what’s happening inside the fighters heads. Sometimes it happens to kendokas during practice, while facing an high level expert, to execute an attack, apparently correct, and, after all, to don’t have that sensation of having dominated the adversary, but, on the contrary, of having been dominated by that same one they just stroke. According to Madame Keiko Deguitre, a kendo expert, thanks to whom I had access to precious documents about kendo, that kind of experience is a major concern among high level kendokas. You feel like it is the adversary that’s leading you to the action of attacking and that it was not you the one who created the conditions which allowed that same attack to exist. During the fight, there’s this malaise when one doesn’t attack. So, you’ll attack with a blow that effectively strikes your adversary, but even then, you don’t feel the satisfaction of having acchieved a vitory, rather you can clearly feel that it was him, your opponent that “forced” you to engage in the attack. We should then bow before him and thank him for “hitting” us that way.
When seen from the outside, you’re the one that stroke, hence you are the winner. But, seen from the inside, from the real combat, the adversary penetrated a void within your perception, without profiting to attack, and applied pressure in that weak point with both his will and energy (ki). On the other hand, he showed you a soft spot in his kamae while keeping the pressure over your attitude. All that created that malaise that you couldn’t “shake” other then through an attack gesture. The unsatisfaction with the attack is due to the fact that your adversary managed to break the interior of your technical gesture, in other words, he interfered with your "ki-ken-taï", the unity between ki (will and energy), ken (the sword) and tai (the center of your body). That separation was caused because you acted under the adversary will, and because of that you feel the lack of plenitude during the attacking act.
But the superiority of one of the fighters isn’t always so clear. If one of the adversaries, during the combat, only manages to achieve the initiative ahead (of the other) in the perception’s field, it’s not certain that he will be abble to execute a magnificent blow. But while in that situation of interferences of both will and energy (ki), as long as you didn’t manage to overcome the opponent, he will open a void inside your percetion and you will not be abble to beat him. Even if you hit, he will not feel like he’s been dominated by you and you will not fell like you’ve beated him. What we search is a convincing strike for both the fighters, who are also referees. And, if one of them tries to attack, but imediately feels his attack will be annulled right at the beginning, then he’ll try to do a different strike, which will also be “parried” right from the start. That way, everytime he tries to start an attack, his attacking will is suffocated be the opponent’s will and all he can do is to withdraw, in case the adversary decides to advance against him. So he’s dominated even without being hit. That’s the ideal way of dominating the adversary in budo combat. That way of dominating became ideal from the moment the art of the sword established itself as kendo, with the appearance of the notion of budo. So, kendo succeeds to the swords of the samurais, to whom: “The sword, once drawn, must kill.”

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