As artes marciais japonesas estão estreitamente ligadas às tradições e à história dos guerreiros (bushi ou samurai) e foram durante muito tempo um privilégio dos mesmos. Distinguem-se por isso das artes marciais praticadas nos outros países da Ásia, como a China, onde se desenvolveram muitas vezes no seio de clans de aldeãos, em templos, entre comerciantes e numa infinidade de sociedades secretas. A concepção e os objectivos dessas artes marciais são, por isso, muito mais divergentes do que os das artes marciais do Japão, as quais tendem a convergir.
É no século VIII que a palavra samurai aparece para designar os homens de armas. Na altura pronunciada saburai, tem origem no verbo saburau, que significa “servir o seu mestre”. O poder desses guerreiros começa a emergir no século IX, quando se começam a organizar em grupos. O nome dado às artes que praticam, no entanto, muda por diversas vezes. No século IX denominam-se tsuwamono no michi (literalmente: a “via das armas”), mas como a palavra tsuwamono surge por vezes usado para designar um homem de armas ou um guerreiro, podemos também traduzir essa expressão como a “via do guerreiro”. Um século mais tarde, as palavras musha e mononofu são, por sua vez, frequentemente utilizadas para designar os guerreiros, e as suas artes marciais passam a ser conhecidas umas vezes por musha no michi, outras por mononofu no mishi. Como os cavaleiros armados com um arco tinham um papel decisivo durante as batalhas, surgem também referências à kyuba no michi (a “via do arqueiro a cavalo”).
De notar que a utilização do termo michi (“via, caminho”) testemunha, desde logo, algumas preocupações éticas.
A partir da era Edo (1603-1868) uma hierarquia social muito bem delimitada impõe-se e divide a sociedade em quatro estratos: os guerreiros, os camponeses, os artesãos e os comerciantes. Os três últimos estratos devem respeito ao primeiro, o qual denominam utilizando o termo samurai. É ao longo desse periodo de paz que as artes marciais se refinam e se aperfeiçoam. Os nomes com que são conhecidas são, nessa altura, os mais variados: hyoho, heiho, bugei, bujutsu, geijutsu, gei, etc. Todos os guerreiros de então são forçados a estudar obrigatoriamente sete artes, a saber: o sabre (kenjutsu), a lança (sojutsu), o arco (kyujutsu), a equitação (bajutsu), o combate de mãos nuas (jujutsu), o canhão (hojutsu) e a estratégia (hyoho). A arte dominante, no entanto, continua a ser o sabre, que é também conhecida como tojutsu, toho, kenpo ou gekken. A essas sete artes juntam-se ainda outras disciplinas, prefazendo um total de dezoito artes marciais: a natação, a arte de desembainhar o sabre, o manejamento da faca, do bastão, de uma lança longa munida de de uma grande lâmina curva (naginata), de uma arma de dez ganchos (jittejutsu), de uma foice ligada a uma corrente (kusarigama), também a arte de lançar uma faca (shurikenjutsu), de lançar/soprar(?) dardos (fukumibari), de capturar adversários com ajuda de uma corda (toritejutsu) ou de uma vara longa terminada com pontas separadas (mojirijutsu) e, finalmente, as diversas técnicas de espionagem e assassinato clandestino (ninjutsu).
The japanese martial arts
The japanese martial arts are strictly connected to the traditions and history of the warriors (bushi or samurai) and were, for a long time, a privilege of their own. That’s what separates it from the martial arts practiced in other countries of Asia, like China for instance, where many times, it developed amidst the clans in small villages, in temples, by traders and inside an infinity of secret societies. The conception and objectives of those martial arts are, because of that variety of environments, much more divergent than those of the martial arts of Japan, wich tend to convert more.
It is during the VIII century that the word samurai appears to designate the warriors. Pronounced saburai, in those days, it’s origin is the verb saburau, that translates like “to serve one’s master”. The power of those warriors starts to emerge during the IX century, once they start to organize themselves in groups. The name given to the arts they practice, however, changes several times. In the IX century it’s called tsuwamono no michi (literaly: the “way of the weapons”), but because the word tsuwamono also appears sometimes to designate a warrior or a soldier, one can also translate that expression as the “way of the warrior”.
One century later, the words musha and mononofu are the ones most frequently used to characterize a warrior, and so their martial arts are sometimes called musha no michi, sometimes mononofu no michi. On the other hand, because horsemen with bows had a decisive role in the battlefields, one can also find references to a kyuba no michi (the “way of the horse and the bow”).
It’s interesting to remark, how the use of the word michi (“way, path”) witnesses some ethical worries.
From the Edo period (1603-1868) on a very well defined social hierarchy imposes itself dividing society in four layers: the warriors, the peasants, the craftsmen and the merchants. The former three layers owed respect to first, wich they designate using the term samurai. During this long period of peace martial arts refine and perfect itselfs. Back then, various names are used to recognize those martial arts: hyoho, heiho, bugei, bujutsu, geijutsu, gei, etc. All warriors were forced to study seven arts, wich were: the sword (kenjutsu), the spear (sojutsu), the bow (kyujutsu), horseback riding (bajutsu), unarmed combat (jujutsu), artillery (hojutsu) and strategy (hyoho). The dominant art, however, is still the sword, also known as tojutsu, toho, kenpo or gekken. To those seven arts, some more were added, in a total of eighteen: swimming, the art of drawing th sword, handling a knife, a staff, a halberd (naginata), a ten hook weapon (jittejutsu), a scikle linked to a chain (kusarigama), also, the art of throwing a knife (shurikenjutsu), of throwing darts (fukumibari), of restraining opponents with the help of a rope (toritejutsu) or with a long stick ending in two separated parts (mojirijutsu) and, finally, the various spying and silent killing technics (ninjutsu).
3.12.04
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1 comentário:
Excelente artigo. simples mas que transmite a verdade dos fatos. Na Bushikai ( http://www.bushikai.eu ) treinamos um Koryu e o que nos é transmitido tambem está de acordo com este artigo.
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