14.12.04

A IMAGEM E A CONSCIÊNCIA DO BUDO JAPONÊS (CONCLUSÃO)

O ideal do karaté nos anos 1920-1930
O exemplo anterior ilustra bem o que é a consciência do budo e a sua profundidade. Eram, com certeza, exemplos assim que estavam bem presentes nas mentes dos mestres de karaté dos anos de 1920 a 1930 quando, ao elevar a sua qualidade, se esforçaram por aproximá-lo da imagem do budo japonês.
Mas seguir o exemplo do kendo não era assim tão fácil. No kendo é mais fácil praticar, de modo intenso e relativamente seguro, o combate a dois do que no karaté, visto que o shinai e a armadura se interpõem entre os corpos dos combatentes. A preocupação principal dos mestres de karaté dessa altura era encontrar uma maneira de poder treinar o combate que lhes permitisse aproximar-se do nível atingido pelo kendo. Tratava-se não apenas de poder combater sem perigo, mas também de encontrar um aprofundamento da via, onde o exercício de combate levasse a uma formação em profundidade da personalidade, que não é nem uma ilusão, nem uma forma de misticísmo, visto que pode ser reconhecida sem hesitação, pelo modo como se executa o combate.
No espírito dos budokas da época, o aprofundar da sua arte confundia-se com o aperfeiçoamento das qualidades humanas. Esta identificação, que é o fundamento do budo, só muito dificilmente passa hoje através da competição das artes marciais, graças à qual o karaté conhece uma larga expansão. É quando voltamos às tentativas dos mestres de outrora, que descobrimos uma outra dimensão do karaté, para a qual os nossos predecessores procuravam encaminhar-se.
No próximo artigo, enquanto reflectimos no exemplo do combate entre S. Takano e K. Naïto, aparentemente simples, mas complexo de interpretar, examinaremos o que então se procurava concretamente no kendo e, por consequência, qual a imagem do budo para onde se inclinava o karaté.

THE IMAGE AND CONSCIENCE OF JAPANESE BUDO (CONCLUSION)
Karaté’s ideal during the years 1920-1930
The previous example ilustrates rather well what is the conscience of budo and it’s depth. Examples like that one were, for sure, present in the minds of the karaté masters during the years 1920 until 1930, when, by raising the quality of their martial art, they made the effort to approach it, as much as possible, to that image of japanese budo.
But following kendo’s example wasn’t that easy. The practise of combat one-on-one, in an intense and relatively safe way, it’s easier to practise in kendo than in karaté, since the shinai and the protective gear interposes itself between the body of both fighters. The main concern of the karaté masters from those days, was to find a way to practise combat that allowed them to get closer to the level reached by the kendo experts. It was, not only about being able to fight without danger, but also to find a way of going deeper in the path (do), where the fighting exercise could lead to a greater personal improvement, wich is nor an illusion, nor a form of mysticism, since it can be easily recognized by the way one practises one-on-one combat.
In those days, in the budokas spirits, the deepening of their art didn’t distinguished itself from perfectioning the human qualities. This identification, the foundation of budo, it’s hardly present in today's martial arts competions, the main reason why karaté knows a very large expansion. It’s when we go back to the early attempts made, long ago, by those masters, that we discover the different dimension of karaté our prededessors were inclined to tend to.
In the next article, while reflecting on the fight that opposed S. Takano to K. Naïto, apparently simple, yet complex to interpret, we’ll also examine what was kendo’s real goal, and as a consequence, wich budo’s image karaté was leaning towards.

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