Segunda-feira, 29 de Maio
Parece mais do mesmo, tem a ver com o mesmo, mas é outra coisa.
O centro. É verdade, sempre o centro. Alguém está admirado? Claro que não.
As palavras do senhor Osaka hoje incidiram sobre o centro, sobre o domínio do centro mas referiam-se a um hábito que, normalmente as pessoas "menos experientes", chamemos-lhe assim, têm. Trata-se do hábito de executar, muitas vezes até bem, uma técnica e confundir o "passar", depois de fazer a dita técnica, com o "contornar o adversário" como se fosse uma chicane de F1 e continuar a direito depois.
Perder o contacto visual com o nosso adversário é dar-lhe vantagem. Em ji-geiko, quando se diz "men a passar" deveria dizer-se "men a chocar". Vai-se contra o adversário. Tchi... isto traz tanta coisa atrás... vamos lá ver se não me esqueço de nada:
Uma coisa é fazer kihon: o meu colega de treino vem contra mim, eu devo desviar-me e deixo-o passar. Se não, ele deve esticar os braços com mais força ainda e "atropelar-me". Como o sensei diz: "Sempre a apontar com o polegar da mão direita contra o meu nariz". Mas como é kihon, eu deixo passar.
Outra coisa é ji-geiko (e shiai) e era o que o nosso sensei referia hoje: contornar o adversário não é bom. Senão vejamos, lembram-se da "Santissima Trindade" do kendo: ki-ken-tai?
Então, eu faço uma técnica boa. Podia ser ippon, mas não foi. Porquê? Acertei bem no alvo e com a parte boa do shinai (ken); o timing e a deslocação do meu corpo foi perfeita (tai)... porque raio não marcaram se eu até passei depois da técnica?
Poderá ter a ver com o facto de ter contornado o meu adversário e não ter apresentado zanshin após a técnica? Cadê o ki? O ki não é só o kiai (que eu até posso ter feito, admitamos que sim). Mas, ao mesmo tempo, que raio de ki foi esse? Como é que se demonstra ki se se está de costas para o opositor? Não era ki era gargalo.
Nunca me esqueci de uma coisa que Osaka san disse uma vez em Évora. Dizia ele que apesar de atacar com ki-ken-tai no ichi, está sempre à espera que o adversário defenda e contra-ataque. E mais, tanto que está sempre à espera desse contra-ataque, que elegeu o seu lado direito como o lado para onde se desloca para contra-atacar o contra-ataque do adversário.
Chama-se a isso kôbô-ichi.
Moral da história: se o sensei Osaka tem a modéstia suficiente para achar que eu, por exemplo, vou ter capacidade de contra-atacar um ataque dele, no qual ele investiu o seu ki-ken-tai, não vos parece um bocado... hum... como dizê-lo... presunçoso, dar-se ao luxo de passar pelo adversário como se tivéssemos a certeza que fizémos um acto genial e que os árbitros a essa hora já estão com a nossa bandeira no ar?
Vocês wakarimassen o que eu quero dizer?
29.5.06
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
LOLOL, nao sei se é do calor, do cansaço mas não percebi bem o kobo.ichi?
ver:
ACERCA DE TSUKI, MUKAE-TSUKI E KÔBÔ-ICHI
18 Nov 2005
"Kôbô-ichi é um conceito que define ataque e defesa como fazendo parte de um todo inseparável. Kôbô-ichi é estar sempre mental e fisicamente preparado para um eventual contra-ataque do adversário e/ou para contra-atacar durante o ataque dele." - (ACERCA DE TSUKI, MUKAE-TSUKI E KÔBÔ-ICHI
18 Nov 2005)
Aplicando isto ao que dizias sobre o sensei, queres então dizer que após o ataque o sensei desvia-se para o lado direito como que a antecipar um contra ataque do adversário? hmmm, isso não será o mesmo que duvidar da eficácia do nosso ataque mesmo antes de vermos se foi ao não ippon?
Corrige-me se estou a interpretar isto mal :P
Não, o que eu disse foi que ele está preparado para ir para o lado direito NO CASO DE HAVER CONTRA-ATAQUE. Não é duvidar, é ter capacidade reagir no caso de ser necessário. E ele, pelo que nos contou, treina-se em ir para a sua direita no caso de algo correr mal.
Enviar um comentário